Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Paulo Saldanha

O Regionalismo na Literatura e a força da Amazônia


Os escritores guajaramirenses foram valorizados pela ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GUAJARÁ-MIRIM – AFAG, a partir de um START do Jornalista e Acadêmico Lucio Albuquerque, após o que um Sarau Literário foi produzido pelo Francisco Assumpção, Presidente da Entidade.

Da Casa de Cultura Ivan Marrocos, disponibilizada para aqueles instantes, numa deferência do Governo do Estado, através do Geraldo Cruz, um Sarau Literário, ali raiou intenso. A TV Rondônia fez-se presente valorizando o evento e o Programa Close, através do seu líder maior, o Alexandre Badra, divulgou a solenidade.

Estejam certos de que, ao nos prestigiar dessa maneira tão generosa, estaremos agindo, de mãos dados com outros e com tantos, para tornar perene a literatura e a cultura regionalista, enquanto durar a nossa eternidade, pois nos miramos nos exemplos da COPAÍBA, que fornece o bálsamo que vem do âmago da árvore, cujo óleo salva as vidas dos nossos caboclos, pois mitiga o seu sofrimento até porque é excelente antibiótico.

Um escritor regionalista ajuda, a partir da essência, do âmago de sua alma, a manter incólume uma cultura, esterilizando mensagens contaminadas de omissão, de inverdades, de histórias desprovidas de consistências e eivadas de deturpações.

Inspiramo-nos na seringueira, pois, através dos trabalhos literários nos tornamos perenes, como a floresta Amazônica, e nos cercamos das demais essências que emergem nos lugares inundáveis da mata virgem, nos barrancos de nossos sinuosos rios e na placidez de nossas baías, ou ainda no avanço das águas nos igapós, locais que servem de berço e sacrário onde a natureza acorda, para despertar a vida literária nos terrenos férteis das mentes sadias que vicejam no entorno.

Da Hevea Brasiliensis, a seringueira, também pinçamos o exemplo dadivoso da entrega, posto que, mesmo sendo ferida na casca protetora, sangra a cor branca da paz, e ela, através do seu seio vegetal, disponibiliza o leite que já vimos doar aos poucos, gota a gota, à economia local enaltecendo a autossustentação de uma atividade que alimentava famílias e famílias de ribeirinhos, vivência vívida que só pode dar importância o nativo desta hiléia ou aquelas almas sensíveis que se comovem com a rudeza da sobrevivência cabocla.

Estejam certos, Senhoras e Senhores, de que nos estimulamos nas lições de vida da ANDIROBA, utilizada como antisséptico, cicatrizante e antiinflamatório e nos transformamos em repelente contra as mazelas das injustiças sociais, contra as agressões às nossas raízes e cicatrizamos as feridas abertas pelo abandono e pela negação da verdade histórica quando violentada.

Mas, noutra vertente, somos e seremos como a cassiterita, mineral que incorpora a resistência contra a corrosão, no momento em que tem vigoroso uso como liga a outros metais.

Assim, através das nossas narrativas, agenciamos e agenciaremos a ligação com outras gerações, construindo um revestimento romântico com a historiografia regional, ao fazer uma imersão nos fatos acontecidos, enaltecendo as nossas lendas, fotografando os casos acontecidos, para conhecimento da juventude que haverá de nos substituir, pois o escritor é o elo de ligação com os pósteros, numa relação biunívoca, retroalimentadora.

Atuamos e atuaremos como a ITAÚBA, a “rainha das madeiras de construção”, a conhecida árvore de pedra, por ser tão resistente quanto ela, tanto que se confirma como imprescindível no uso como mourão, pois o arame que dela se serve, com o tempo se rompe e se esfacela, mas a ITAÚBA permanece íntegra e soberanamente firme.

Assim, os escritores, os narradores do seu tempo, através de seus escritos, vão fixando na memória da terra abençoada a verdade verdadeira, com o foco na esperança que se alimenta da fé inquebrantável como nós, descendentes de destemidos pioneiros enxergamos o futuro, com respaldo no fecundo legado transferido.

Afinal, um contador de casos e um historiador alicerçarão os seus depoimentos no horizonte de tempo que cobre a longa vida de uma castanheira -mais de 500 anos–  e distribuímos, como a nossa Bertholletia excelsa, no sentido figurado,  estratégicas filosofias recheadas de calorias e proteínas e, além disso, o selênioque combate os radicais livres, porque é antioxidante;

Assim, cronistas, prosadores, romancistas, ensaístas, poetas, historiadores, enfim, umidificando através das letras o cenário por onde transitam, vão nutrindo o organismo onde viceja uma sociedade, com tanta energia literária, valendo-se da retórica que escolher como instrumento de comunicação, exorcizando “os radicais livres ou aprisionados”, sejam quais sejam as suas tendências; assim fazemos e faremos visando à oxigenação do tecido social, com os nutrientes na dosagem certa, mantendo viva a chama do idealismo, marcando, quem sabe, com tintas bem fortes o amor a terra, “enquanto nos palpita o coração”.

Sim, o amor à terra desde que a chamaram de guaporense, desde que a denominaram de rondoniense, desde quando nos ensinaram que lhe devemos amor e respeito, trabalho e ação, reverência e gratidão...                                

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

Gente de OpiniãoSábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

Crônicas Guajaramirenses - O poder do m da palma da mão

O M que lembra a palavra Mãe é o mesmo M que, conforme o Cantador nos ensina: é onde na palma de nossa mão principia o nome Maria.M que se une a ou

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Crônicas Guajaramirenses - Olha pro céu, minha gente!

Azul, o nosso céu é sempre azul... Diz uma estrofe do Hino de Rondônia. Será?Bem antes do nosso “Sob Os Céus de Rondônia”, tentaram nos ensinar que:

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Crônicas guajaramirenses - Por quê?

Por quê os prédios públicos são tratados pelos homens e mulheres do meu tempo com tamanha indolência? Preguiça, ou será má vontade?Por quê o edifíc

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Crônicas Guajaramirenses - As águas negras e as águas barrentas

Sempre me comovo ao observar o encontro das águas, que, no caso rondoniense, são os beijos gelados entre os rios Guaporé e Mamoré e deste com o rio

Gente de Opinião Sábado, 28 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)