Domingo, 4 de setembro de 2016 - 08h50
O rio comanda a vida - Leandro Tocantins já disse -, e nesta Amazônia abençoada é verdade cristalina, insofismável e irretorquível.
O Brasil é bilionário na oferta da rede de hidrovias, mas precisaria de eclusas e mais barragens para favorecer a integração nos transportes por via da componente fluvial.
Sonho até com os sonhos de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, de Balbino Antunes Maciel e de meu pai, Paulo Saldanha Sobrinho, com a ligação das bacias do Prata com a Amazônica.
Eu sei que há estudos atualizados para que essa ligação ocorra através do rio Jauru (afluente do Paraguai) e do Alegre (afluente do Guaporé).
Para tanto, os países sulamericanos deveriam investir na utilização de terminais ferroviários interligados aos hidroviários, visando a reduzir custos com os fretes, ampliando a competitividade e assegurando a conquista de novas fatias de negócios multilaterais. Notadamente agora, que tanto se fala na atração do mercado asiático através da integração com o Pacífico. Antes, os países irmãos viam como única alternativa a saída pelo oceano Atlântico. A EFMM cumpriu esse papel, aqui no oeste sulamericano, entre 1912 e 1972.
As perspectivas contemporâneas mudam (e como mudaram!) o mundo econômico como viés da nova ciência, a GEOPOLÍTICA.
Mas, fatores econômicos à parte, desejo expressar a minha gratidão ao rio como elo entre os povos, ligação entre os homens, vilas, cidades e distritos, favorecendo o comércio, o agronegócio, etc., na incessante busca de afirmação humana, social e empresarial, favorecendo o ir e vir de cidadãos.
Esse rio por onde sobem e descem os batelões, barcos e balsas, apinhados de gente com sonhos e tantas expectativas em pontos geográficos nos quais se movem através de canoas e ubás, é o caminho mais fácil para o abraço e para as cartas que saem com notícias, “anexando” esperança e tantas saudades; é o instrumento, é o meio de transporte que leva as essências para as indústrias farmacêuticas e traz as mercadorias que alimentam, o agasalho que aquece, o tecido e as roupas que vestem, os remédios que salvam e, através da tripulação e dos passageiros, a palavra que afirma a nossa cidadania como brasileiros orgulhosos em que nos transformamos, apesar de tudo...
É o mesmo rio que desce silencioso, sereno e voluntarioso, até que a primeira corredeira ou a cachoeira enorme transformem as águas plácidas em bravias, desafiadoras, soberbas, aniquiladoras, cruéis e matadoras...
Dele se valeram os bandeirantes e os pioneiros para que o território pátrio se engrandecesse e se afirmasse com essa geografia continental que dá ao Brasil a condição de quinto maior país do planeta.
Nele, às suas margens plácidas ou não, as garças, biguás, os mergulhões, os socós, tucanos, ciganas e jaburus, entre outros, desfilam as suas plumagens, enquanto que, nos barrancos, pacas, cotias, capivaras, lontras e ariranhas se movimentam saciando suas sedes e fazendo um positivo “trottoir” buscando comida, ainda que se expondo à sanha e ferocidade das sucuris, onças e jacarés.
Esse rio, de inspiração e afirmação, na seca expõe as alvas praias, onde as tartarugas, capitaris e tracajás dão vivas às novas vidas após as trovoadas de agosto e setembro, constituindo essas areias o mesmo elemento físico que faz o encalhe dos barcos, batelões e balsas cujo timoneiro descuidou do seu leito, abandonou o canal e não imaginou que um baixio prenderia o equipamento por horas a fio, e cuja tripulação, gritando eufórica, auxilia o empurrador na hora do desencalhe.
Rios de águas negras ou barrentas correm indiferentes aos conflitos humanos que subsistem à sua volta, e serão sempre instrumentos abençoados, seja porque guardam em suas entranhas os peixes que saciam a fome, como por armazenar, até serem descobertos, os minerais que enriquecem o Homem - ainda que num tipo de relação em que o rico jamais fica pobre, porém o garimpeiro, às vezes tão carente com o seu trabalho arriscado e desumano, jamais fica rico...
Rio de todos os dias, meses e anos e não só “de janeiro”, equipamento legendário natural de progresso, integração e desenvolvimento. É o mesmo rio que durante toda uma vida passa calmo, mourejando ou não, nas vidas de muitos de nós. Assim são o Mamoré, o Madeira e o Guaporé. Estes sim, tão místicos e tão pródigos, são insubstituíveis e imprescindíveis... graças a Deus!
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