Terça-feira, 2 de julho de 2013 - 10h42
Olhei para a vida e ela, simpática, me sorriu, mas me deu um “tchauzinho”. Terá sido de despedida? Meio apressada, não desejava dialogar...
Olhei para o tempo e ele fechou a cara! Franziu o cenho, parecia de maus bofes, deixando suas marcas se refletirem qual espelho no meu rosto, mostrando-me algumas rugas, com as quais ousou me premiar, segundo dizem, em face das experiências acumuladas. Acreditei.
Com efeito, quanto mais o tempo inexorável transita na tábua do universo, nós envelhecemos, tornando tênue a nossa ligação com a vida, que se torna muitas vezes enfadonha, por causa das limitações que à nossa trajetória de viventes vão sendo impostas.
Alguém, já alertou “Ninguém escapa da ação do tempo, nem as celebridades”... nem os poderosos, nem aqueles da realeza, acrescento.
Olhei para o vento e ele virou-me às costas, não sem antes lançar sobre mim, um sopro tão forte que me branquearam as têmporas, e, passo a passo foi dificultando os meus avanços, impedindo-me de iniciar uma nova caminhada...
Já não há nem pernas, nem fôlego como aos 20 anos... tempo que também não volta mais!
Olhei para o horizonte e ele não desejou rever-me, estava cáustico, sem as cores vibrantes do ontem; parecia desanimado, sem forças suficientes para debruçar-se por sobre o parapeito do infinito, escondendo-se na escuridão...
Olhei para o céu e lhe pedi uma orientação; de lá apontaram com o dedo, dando-me um sinal para me dirigir através da prece para o Filho do Homem. Pelo menos lá não me abandonaram, deixando-me falando só.
Olhei, teimoso, para a chuva que iria cair e lhe pedi uma migalha de atenção; ela, olhando-me firmemente nos olhos, me perscrutou a alma, comovida, me segurou pela mão e caminhou em direção ao campo, molhando-me todo, água que se confundiu com as lágrimas que, emocionado, eu derramava. A chuva tem essa capacidade, renovar as esperanças e reciclar a vida!
Na volta já vinha carregado de energia, desejando desafiar no mundo, o tempo, o vento e o horizonte para uns duelos. Revigorado, queria brigar!
Ocorre que as conseqüências do tempo, que me trouxeram as rugas me indicavam que prudência e cautela deveriam ser exercitadas; assim como as lições do vento, que deram inicio à brancura na cabeça, sugeriam a necessidade de valer-me da tolerância para não devolver com a omissão, a negligência com que o tempo me favoreceu; o próprio horizonte, tão esmaecido, tão sem ânimo demonstrava que precisava da minha nova energia para também energizar-se. Acabei desculpando-o e o ajudei a refazer-se.
Novamente, olhando o céu acabei concluindo que eu deveria colocar na minha pauta e na minha agenda o ato de perdoar, afinal o perdão nasce dentro de nós, como se fosse uma defesa como a proteger o lado positivo dos nossos sentimentos, depois invade o nosso cérebro e se aninha na nossa alma, após uma gestação que culmina num processo como que a fazer cessar um castigo que desejaríamos impor a alguém, mas que reflete, em suma, uma punição a nós mesmos.
Perdoar será como dar liberdade àquele movimento amplo aos nossos próprios sentimentos que ficaram aprisionados. São Francisco cunhou a frase “perdoando é que se é perdoado”... Mahatma Gandhi, ele também nos ensinou que “O fraco jamais perdoa: o perdão é uma das características do forte”.
Vale o alerta de que o perdão primeiro dever-se-á pedir a nós mesmos, perdão pelos erros de avaliação, pelos equívocos, mal entendidos e enganos que, sem querer, nós mesmos deixamos triunfar, por inadvertência, na vida própria por um horizonte de tempo, absolvição que chegará assim que as soluções forem encontradas, bem antes da decisão divina, antes que Ele nossa vida retome...
Para tanto, deverão restar a fé em Deus e esperança no nosso entardecer, posto ser crucial nos fixar no pensamento forte de Georges Bernanos que poderia pontificar como máxima maior: “A verdadeira esperança é uma qualidade, uma determinação heróica da alma. E a mais elevada forma de esperança é o desespero superado”...
Só assim, quando o outono se chamar saudade veremos que o tempo físico acabou, transferiu-se para outra morada e novo ciclo, assim como se fosse uma mudança ou um horizonte diferente, espiritual, mais leve e solto, desembocando num legado da bem-aventurança, que seja iluminado, segundo as ações por nós praticadas neste plano criado por Deus.
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