OS GÊNIOS PARTEM MAIS CEDO

Os gênios morrem mais cedo? Há controvérsias, isso eu garanto. Roberto Carlos está ai, desafiando essa assertiva. Mas Steve Jobs se foi! E Stephen Hawking, célebre físico teórico e cosmólogo britânico, embora “incapacitado em razão de uma esclerose lateral amiotrófica”, está vivo, aos 70 anos.

Existem teorias espíritas dando conta de que cumprida a sua missão neste planeta secundário, algumas pessoas partem em direção à nova morada.

A exemplo de outros indivíduos eu também sempre questiono o porquê de alguns gênios, entre eles líderes, esportistas, poetas ou artistas (há exceções), após um legado de vida edificante na política, por exemplo, nas artes, na ciência e na religião, quando construindo rica trajetória, deixam este Vale de Lágrimas, ainda no alvorecer de suas existências.

Outros casos há em que um personagem sem vícios, sem máculas, com elevadas virtudes, sem apresentar desvios de conduta, mas, ao contrário, um modelo para servir como paradigma, na vertente do bem, após um sofrimento atroz, por doença, deixa o planeta, na flor da idade.

Eu sei que os professadores da doutrina espírita tentam explicar que a presença desses virtuosos seres, entre nós, decorre da necessária purgação de culpas contraídas em outra encarnação.

Porém, já somos 7 bilhões de indivíduos purgando nossas culpas aqui na Terra... Mas, convenhamos, nem todos somos gênios!

Existem situações em que a “pessoinha” nasce, viceja algum tempo e morre, para que outro ser possa viver, após recolher os órgãos vitais para a sobrevivência de outro, através da abençoada doação. Os teóricos espíritas também justificam o fato, como dívida cármica, que é “paga” dessa forma.

Não sei se existe correlação entre essas situações, pois conheço pouco o Espiritismo, que justifica a libertação do primeiro para que o segundo possa continuar a jornada prevista pelo mundo astral.

Será como um Réu que julgado é preso, punido, após cumprir a pena imposta, recebe a liberdade como recompensa. Assim, um espírito virá à Terra, “aprisionado a um corpo”, para purgar as suas culpas e obter o passaporte visando a desfrutar, depois, das benesses celestiais.

 Seria a conquista da liberdade, pela ruptura dos laços terrenos que prenderam sua alma, seu espírito, durante certo tempo, após o que desfrutará na eternidade do gôzo espiritual conquistado.

Mas, esses princípios neo-filosóficos não são a minha praia, até porque desejo me fixar nos homens e mulheres que, sendo astros na arte e na criação de músicas, esporte, poesias e de edificantes mensagens político-religiosas que, qual onda gera um sopro, num espaço de tempo, quando nascem, crescem e, depois viajam para outra dimensão, como disse, na primavera de suas vidas.

E a história está ai para nos lembrar que Mozart morreu aos 36 anos; Beethoven, aos 59. Ambos gênios da música clássica. No ambiente musical tupiniquim temos Noel Rosa, aos 27; Cazuza, aos 32 anos; Paulo Sérgio, 36; Elis Regina, 37; Jessé, 41; Clara Nunes, 41; Gonzaguinha, 46; Antônio Marcos, 47.

Após explodir no cenário cantante, os Mamonas Assassinas, que, ante sua irreverência, conquistaram o País, com uma idade média de 24 anos, e foram levados para outra esfera.

No esporte, um acidente –como todos, trágico– ceifou a vida do ídolo Airton Senna, aos 34 anos de idade.

Na literatura Fernando Pessoa e Castro Alves, entre outros, foram levados, respectivamente aos 47 e 24 anos.

Na política, ocorre-me citar John Kennedy (46) e Martin Luther King (39). Mahatma Gandhi, um jovem ativista, permaneceu 79 anos entre nós, mas, sendo um moderno revolucionário pela mudança sem violência, permito-me citá-lo.

Na história das religiões nos deparamos com Jesus Cristo, o maior mensageiro, o transformador, o Ser Divino, inteligente e sábio que nos deixou parábolas e lições edificantes, mas foi devolvido ao Pai, com apenas 33 anos.

Ninguém mudou tanto a humanidade quanto Ele, um dos integrantes da Santíssima Trindade... O que aconteceria, a mais, se Jesus nos deixasse, após os 100 anos do seu nascimento?...

Importa dizer que assim –até porque jamais serei um– não desejaria ser gênio, não porque tenha medo da morte, logo eu, tão valente (?)... o  que tenho é  verdadeiro pavor dela.

Permito-me, por ora, ir vivendo entre os bons, tentando fazer o bem, aqui e acolá, sem exibição, para não aparecer como celebridade ou gênio, objetivando não ser observado pela mídia celestial, clicado pelas câmeras espaciais, chamando, dessa forma, a atenção daquele espectro magro e feio, que vaga por ai, de quarteirão em quarteirão, com uma foice na mão...