Quarta-feira, 23 de março de 2016 - 08h30
As normas secretas, as instruções confidenciais da instituição
Durante a minha trajetória como profissional de banco, convivi com excelentes mestres e briosos companheiros. Recolhi ensinamentos, lições de vida e experiências que se transformaram em vitórias.
Poucas derrotas me surpreenderam até aqui. Mas, as tenho enfrentado com denodo, sem fugir dos seus desdobramentos.
Bem mais velho que eu, conheci o Brayner no alvorecer de 1970. Já em vias de se aposentar tinha a jovialidade de um menino interiorano, gozador dos melhores que conheci, auto estima elevada e, na ponta da língua, um chiste como resposta a um interlocutor mais lento.
Diferentemente de mim, que, desde cedo, aplaudia a generosidade, o companheirismo e a solidariedade como exercício da minha formação cristã ele decretava:
–Colega, você é muito ingênuo ainda! “quem dá ao pobre e empresta... adeus!” Você há de perder esse dinheiro emprestado, ai!
Quando, aos 23 anos eu assumi pela primeira vez uma gerência e, ele, me secundando na função de sub-gerente, dele pude ouvir lançar sobre o subordinado faltoso uma reprimenda assim:
–Por esta você passa (disse segurando as partes íntimas), mas no C... meta outra! Melhorando o português ele desejaria expressar-se – Por essa falha você é perdoado, mas não a repita, pois será enquadrado.
Outra figura que sempre me visita recorrentemente, nas recordações que transpõem os 48 anos, é aquela terna personagem do Austregésilo Bezerra Falcão, paraense da boa gema, bem humorado e virtuoso colega de trabalho.
Era o contínuo, chefe dos serviços de limpeza e copa da filial aonde eu servia. Sempre estávamos juntos, sorvendo uma gelada, após o expediente, ou, aos sábados, no seu sítio, saboreando uns camarões cozidos ou assados, graúdos que ele mandava vir lá de Belém, preparados no fogo improvisado às margens plácidas de seu exuberante igarapé, com volumoso nível de água que não ultrapassava, na cheia, os 30 centímetros.
Esse córrego era o seu orgulho e a sua veneração. Lembro dele como carinho enorme, haja vista a maneira como fui recebido no regaço da sua amizade, apesar da diferença de idade que nos abençoava.
Cedo, bem cedo, ainda sem que as portas da sucursal estivessem abertas para o público, ele vinha servindo o cafezinho e, ao lado das xícaras e dos pires, para agredir, provocando risos nos circunstantes, colocava a sua desengonçada dentadura ao lado, causando náuseas principalmente nas meninas, nossas colegas autorizadas a ingressar na carreira bancária, a partir de 1966.
Um dia, lá pelas as tantas, mantido o cerco ao derredor do Falcão, 8 homens, seus companheiros de trabalho, o viam repassar folha à folha, uma revista de desenho pornográfico, enchendo os olhos admirados daquela trupe de marmanjos. Nisso chega a Aparecida, já advogada e dispara:
—Também quero ver, ora!
–Você não acha que é muito nova ainda para conhecer as normas secretas, as instruções confidenciais de nossa instituição? E fechou a revista, representando uma carranca que estava longe de ser verdadeira.
E a Aparecida, beicinho trêmulo, sentindo-se ofendida, foi chorar no banheiro feminino, até que, já refeita, o Alberto lhe explicou o motivo da negativa, compreendendo a “violenta” reação do Austregésilo Bezerra Falcão.
Nem por isso ficou de mal com o “seu” Falcão, homem bom, danado de bom, que alegrava a vidinha de nossa agência bancária.
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