Quinta-feira, 10 de outubro de 2013 - 08h10
Aprendi com os meus pais a respeitar os mais velhos, honrá-los e reverenciar os sábios.
Enquanto minha estrutura óssea se avantajava e meus músculos esticavam, fui levado, entre outros fundamentos, a conhecer a disciplina, a hierarquia, a ordem, a pontualidade e a organização.
Um dia, por conta dos exemplos que fui recolhendo, captei a essência da voz de comando e da liderança, valendo-me desse poder para gerenciar instituições e pessoas, sobretudo mantendo a sobriedade e a humildade e sem utilizar-me da arrogância, pecado que jamais perdoei nos soberbos de plantão.
Lá pelas tantas transferi ensinamentos para os filhos, desejando que fossem organizados, disciplinados, estudiosos, respeitadores e voluntariosos como estudantes, e que focassem, preferentemente, nas melhores notas.
Mas, confesso: na condição de avô não valem lições aprendidas, mas a improvisação, a ausência de previsão e de planejamento. Uma grande banana deve-se dar à organização; e Henri Fayol que me perdoe, porém convém fazer um protesto e valorizar o abandono aos controles, com um enorme NÃO ao comando e à coordenação.
Em Cuiabá, ao visitar um amigo e irmão, antes tão trabalhado na teoria geral da administração, já relativamente ultrapassada pelos gestores mais modernos, vi a sala da sua casa – antigo símbolo maior da coerência edificada na arte de arquitetar ambientes bem decorados e inteligentemente plotados - transformada no caos adrede preparado pelos netos Matheus, Gabriela, Marina, Pedro e Daniel, tão inteligentes, simpáticos, bonitos, charmosos e audaciosamente bagunceiros, principalmente os três mais novos.
Era brinquedo pra cá, carros pra lá e jogos ao léu. A poltrona, como essa aqui em casa, não serve mais para os convidados, mas para depósito de coisas.
Uma querida amiga, paraense das melhores, moradora no Rio de Janeiro, não titubeou: “Avós têm papel definido_deseducar, encher de manha e por aí vai”...
Aqui no nosso lar não é diferente: fomos, eu e minha mulher, cooptados pelos anarquistas João Paulo, Raphaela e Ana Clara, que inventam mil maneiras para desmoralizar "a gestão administrativa" que um dia fecundou na nossa moradia.
Afinal, é uma parafernália de lápis, brinquedos, lousas, imitação de celulares, jogos, mochilas, quebra-cabeças, plásticos, espalhados pelo chão.
E olha que tentamos contribuir para que a eficaz orientação dos pais dos nossos netos frutificasse. Mas, confesso, hoje adoro ver essa bagunça toda dispersada pelos cantos, em cima das mesas e das cadeiras.
É sinal que tenho netos! É um indicador de que virei avô! Bagunceiro, mas avô!
Adoro ser chamado não pelo pomposo e conservador nome de avô, mas pela alcunha de Paulinho, como se estivessem me desafiando, como revolucionários se contrapondo ao poder dominante, mas que, na verdade, essa autoridade emana forte e intensa a partir deles.
É evidente que, na hora de falar sério, estamos bem atentos, com vistas aos limites que precisam ser impostos, objetivando a boa educação e a necessária socialização das excelentes "ferinhas" que carregam o nosso DNA.
E, assim, rindo das improvisações e estripulias desses três personagens plantonistas da bagunça, arautos do novo tempo, vamos nos reciclando e, quem sabe, nos remoçando, posto que, invertendo as situações, muitas vezes nós é que viramos os netos que todos netos gostariam de ter como avós.
Quem me viu, não me vê... e não me reconhece... Virei anarquista!
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