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Paulo Saldanha

Sagrado e Profano



Paulo Cordeiro Saldanha*

Sem desejar ser ortodoxo, na crença que  me foi legada, vez que jamais seria um ateu, embora acredite que a perfeição no ser humano será sempre uma utopia; não obstante, reconhecer que, ao homem ainda em constante busca de aperfeiçoamento, será impossível amar indistintamente todo mundo e, ainda, sem desejar, de forma alguma, produzir um choque mental em quem quer que seja, até porque tenho meus defeitos, que tento eliminá-los, ouso transitar pelo que considero Sagrado —na vertente do espiritualismo que me impulsiona– e, como contraponto, o que repudio por interpretar como ato profano.

 

Sagrado 1 para mim é o culto a Deus e a reverência ao Criador de todas as coisas e das criaturas colocadas neste Planeta;

Profanoé o materialista que não enxerga, não deseja perceber a presença de Deus nas mínimas demonstrações do próprio dia-a-dia;

Sagrado 2 para mim é a consideração aos mais velhos e às mulheres, estas as principais responsáveis pela renovação da vida;

Profano é o embrutecido que rejeita a bênção maternal e não valoriza a companheira leal que, qual anjo, o protege e orienta, abrindo-lhe os olhos para a realidade da vida, não percebida, em face da negligência como a conduz;

Sagrado 3 para mim é o respeito à natureza, na sua plenitude, em que fique consagrada a proteção às florestas, aos mananciais e aos seres que nela habitam;

Profano é o homem, imediatista e pusilânime, que negligencia o planeta em cima de suas mesquinhas e sempre temerárias perspectivas empresariais;

Sagrado 4 para mim é o espírito de solidariedade que deve sempre nortear a ação do homem perante o seu semelhante;

Profanoé o egoísta que não se comove com o sofrimento alheio, nem com a dor que, muitas vezes, mora ao lado da sua própria casa;

Sagrado 5 para mim é a necessidade do encontro diariamente obrigatório com Ele, por meio da prece, através da qual se busca proteção e esperança;

Profanoé o insensível que não agradece pela vida, pela família abençoada que o energiza, nem pelas conquistas obtidas;

Sagrado 6 para mim é o ato de renovação do nascimento de Jesus, nas festas de Natal, jamais pela troca dos presentes, mas como forma de reflexão a que esse fato nos induz;

Profanoé o ser individualista que se vale do Natal, dia das Mães, dos Pais apenas com o foco no lado material do evento;

Sagrado 7 para mim é reverenciar a saudade que sentimos dos nossos Entes queridos, já na eternidade, nossas grandes referências, primeiros exemplos, perenizados como nossos paradigmas;

Profano e profanar é a negligência que sujeita ao esquecimento Pai e Mãe, Avô e Avó, mesmo em vida, relegando-os ao desamparo e ao abandono;

Sagrado 8 para mim é a concentração no sublime instante em que o Hino Nacional é interpretado, seja numa solenidade, seja no momento que antecede o jogo da seleção brasileira;

Profano é o ato de indiferença aos nossos valores cívicos, nossos maiores símbolos: Bandeira, Selo, Hinos Oficiais e Armas, expressão maior de cidadania e nacionalidade;

Sagrado 9 para mim é o momento da execução da música que mais nos emociona, seja erudita, seja popular, mas que mexe com os nossos sentidos e com as nossas mais íntimas lembranças;

Profano é o gesto de escárnio, de deboche, aos nossos artistas e às manifestações culturais mais legítimas, quando se premia, numa inversão de valores, a ausência de talento, a vulgarização das pessoas pela negação da ética e dos usos e costumes brasileiros;

Sagrado 10 para mim é o carinho filial que observo no meigo olhar do netinho em busca de afeto e proteção;

Profanoé o individuo que se torna violento e rude com as crianças, aquelas bem-aventuradas criaturas que Cristo enalteceu, em Lucas 18,15-17;

Sagrado 11 para mim é o aplauso que devemos dar ao administrador público íntegro, idealista e visionário que atua para melhorar as condições do pobre e dos despossuídos, que almejam novos tempos;

Profano é o Gestor público que rouba, vilipendia, se omite, negligencia e se torna imperito no gerenciamento da coisa pública;

Sagrado 12 para mim é o aperto de mão e o abraço mais apertado que se dá no amigo que chega, depois de anos de ausência física e geográfica, mas que permanecera colado nos nossos pensamentos;

Profano, enfim, é o traidor, o desleal, o falso e o infiel que viola a amizade sincera e o amor fraternal;

Embora mais difícil, realizemos o certo, posto que será milhões de vezes mais inteligente e sábio fazer a consagração da vida pelas veredas da correção; com isso não iremos profanizar nossa existência, nem macular nossos atos, nem nossas ações e muito menos nossos costumes.

*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.

 

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Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
*Membro Fundador da Academia Guajaramirense de Letras-AGL e Membro Efetivo da Academia de Letras de Rondônia-ACLER.
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