Quarta-feira, 23 de setembro de 2009 - 06h05
“Um dia sonhei um porvir risonho e coloquei o meu sonho num pedestal bem alto”, diz a letra da música Deusa do Asfalto, do Adelino Moreira, eternizada na voz do Nelson Gonçalves.
“I have a dream”, “eu tenho um sonho”... é uma das frases mais citadas, concebidas por Martin Luther King, assassinado nos Estados Unidos, considerado um dos países mais democráticos do mundo, onde ali alguém tão reacionário, que não suportava a democracia, em tese buscada pela maioria, calou a voz desse grande homem, o líder negro.
Eu, bem mais simples, aqui no meu canto, ouso também ter os meus sonhos, que passam, por exemplo, pela oferta de melhores serviços básicos (água tratada, esgoto, tratamento de lixo, luz de fato para todos); saúde efetiva e preventiva para a população, educação (com transporte escolar e merenda), com qualidade e valorização aos mestres, bem como, segurança eficaz e duradoura. Isto numa das vertentes que nutrem a vida de um cidadão.
Na outra ponta, vou sonhando com a melhora do astral espiritual que deveria achar-se à frente das nossas aspirações. Alguém já andou falando na baixa estima de nossa população. Mas será que todos nós nos achamos para baixo?
É preciso abrir as janelas de nossas almas e olharmos em derredor. A cidade está descuidada? é evidente que está! Teremos ou não Maternidade para o nascimento de outros guajaramirenses? apenas, uma dúvida atroz! Temos onde sepultar os nossos mortos? é claro que não! O transporte escolar traz os nossos alunos a partir das estradas vicinais? não! A saúde do município caminha trôpega? evidentemente que sim! Nossas praças tem, pelo menos, o mesmo aspecto de cuidado que as praças de GuayaraMerin e Riberalta possuem? efetivamente, não! Os buracos nas ruas asfaltadas nos envergonham? não há dúvida, que sim!
Na realidade, no campo humano estamos proibidos de nascer e de morrer. Desde há muito não há disponibilidade de vagas no Cemitério e corremos o risco de não ter mais uma maternidade! é o cúmulo!
Mas o que fazer, então? __reivindicar, pedir, gritar, apoiar e reconhecer, depois, se os nossos pedidos forem acatados.
Creio que não é chegada a hora de se criar Comitês Cívicos (a exemplo do que alguns Departamentos de países vizinhos já praticam) e assumir, de mãos dadas com poder dominante, funções que nos cabem enquanto cidadãos, visando a busca das soluções que nos atormentam e afligem.
Bonito, por exemplo, uma cidade sul matogrossense, mudou e agenciou as mudanças de que precisava, a partir da ação voluntariosa de sua população. Lá a educação ambiental tornou-se matéria obrigatória nos colégios e nas escolas. Lá nenhum morador joga latas, garrafas PET, papéis e outras sujeiras nas ruas, nas estradas, nem nos igarapés, nem nos rios. Lá cada turista é uma visita bem acolhida por crianças, jovens e adultos.
Gramado, no Rio Grande do Sul, é outro exemplo e outro paradigma. Lá os seus habitantes, sempre tão obstinados, se valeram do civismo e se autorevolucionaram, a partir do sonho que se espraiou, visando a transformação urbanística que eles mesmos produziram. Em cada casa um jardim recheado de gramas especiais, flores e arranjos florais.
O amor próprio e a cidadania operam milagres!
Se a Prefeitura Municipal enfrenta problemas das mais variadas ordens, deficiência que vem de bem longe, pelo menos de uns 20 anos para cá, é o momento de se pensar no mutirão, técnica de que se valeu o hoje (de novo) Prefeito Iris Rezende, de Goiânia, quando ainda em 1967 e 1968, com a ajuda do povo, de mãos dados com ele, transformou o perfil urbano daquela Capital Goiana.
Há aquela história do pequeno Beija-Flor, que, ao ver a sua floresta ardendo em fogo, foi ao riacho e trouxe no bico uma pequeníssima quantidade de água e a deixou cair no fogaréu. O gavião vaidoso indagou:
- Por que Beija Flor se em nada modificas essa situação com tão pouca água?
- Mas, eu estou fazendo a minha parte, lhe respondeu a pequena ave.
Sejamos o Beija-Flor dessa história e nos arvoremos a artífices das transformações que possam auxiliar o poder público tão carente, que necessita da “água”, que contém o oxigênio do nosso idealismo para reerguer-se e conseguir, dessa forma, apagar os incêndios que eclodiram na administração pública local.
Dificuldades aparecem para ser ultrapassadas com raça, denodo e entusiasmo. Imaginemos a superação que nossos antepassados tiveram que adotar, com vistas a obter as conquistas que se faziam imprescindíveis, com as quais iam obtendo os meios para poder morar e viver num lugar ermo e carente de tudo. Porém sobravam vontade cívica, perseverança, idealismo, audácia e enorme dose de criatividade, sem as quais a nossa geração, e aqueles que chegaram depois, não teriam recebido uma cidade já com as conquistas sociais que nos abraçam e nos abençoam.
Lembro-me, a propósito, da sabedoria que alguém já receitou: - estamos em crise? Tiremos o “S” dessa palavra. E ela se transforma em Crie. Crie do verbo criar que poderemos transportar para Criatividade...
O telégrafo chegou bem antes, depois o telex, este depois desmoralizado tecnologicamente pelo FAX. A televisão, a ligação com o mundo, através dos telefones fixos e agora com os celulares. O trem foi embora, mas chegaram os aviões DC 3 e os Catalinas, os YS11, os Samurais, que, um dia já não pousaram mais... A rodovia 425 a nos unir, através de ônibus, automóveis e caminhões, com o Centro Oeste, Sul e Sudeste leva pessoas, a produção local e nos traz gente, os gêneros e demais mercadorias de que precisamos. Isso e muito mais representam conquistas que nos valorizam como povo. É pouco? Então, arregacemos as mangas e lutemos. Evoluir faz bem!
Paulo Cordeiro Saldanha
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