Terça-feira, 13 de junho de 2017 - 18h12
Como todos os meninos de qualquer época, eu tive oito anos e não me preocupava com o futuro! Ante essa despreocupação, ainda sonolento, todas as manhãs de 1954 eu ia ao Colégio Nossa Senhora do Calvário e dele voltava; e na visão da criança que existia em mim, cursando o primário, durante o período escolar era como se eu passasse 30 anos naquele vai-e-vem.
É que o tempo se passava na dimensão e no compasso da queda da chuva fina e fria...
Como todos os adolescentes, por sinal, já um tanto ansioso aos 15 anos (fase do meu amadurecimento mais intenso, pela perda da minha mãe), eu já me preocupava com o futuro, porém ainda não tinha a noção exata de todas as responsabilidades que chegariam, até porque o tempo demorava a passar e os dias substituíam as minhas quase bem dormidas noites, numa lentidão que me enervava.
Como todos os jovens, caminhando para a maturidade, conseqüência natural na trajetória dos humanos, eis que passei a me descobrir mais questionador; porém o tempo inabalável continuava marchando num ritmo lento, a despeito do meu interesse pessoal em desejar acelerá-lo.
E como todos os adultos em busca do equilíbrio e sensatez, já com 33 anos, fui desejando dar corda no relógio do tempo, o qual insistia em caminhar devagar; e, de soslaio, sentia que a torcida constituída pelos homens e mulheres da minha geração também desejava apressar os passos desse “sujeito com tantos predicados”.
Aos poucos fui assimilando através dos meus sentidos que o tempo parecia querer enganar-me... Péssimo aluno de física e de matemática que fui, um dia li que o tempo é, na visão do Albert Einstein, “...uma ilusão. A distinção entre o passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão...”
Será?
E os cinquenta anos me surpreenderam “tão distraído que, assustado, eu disse não!” Pois me vi envelhecendo, saudoso dos meus tempos de criança.
E a maturidade dos sessenta chegou de mansinho e “me pegou tão desarmado, arranhando o meu coração”, mas me tocou profundamente, posto ter começado, então, a rever alguns conceitos; e pude ver a única vantagem palpável que eu recebia ao ingressar na terceira idade: passei a ter prioridade nas filas das lotéricas e dos bancos, assim como nos assentos destinados àqueles da minha faixa etária nos ônibus... Embora enganado pelo INSS e pela previdência privada, aos quais, ao longo de mais de 30 anos, paguei contribuições elevadas sob o argumento de que me aposentariam com condições de ter uma velhice digna. Ledo engano!
E os setenta chegaram sem pedir licença, como quem chega do nada; e de forma contundente me colheram com a passagem de um filho muito querido, modificando o meu pensar de antanho (palavra antiga), pois passei a solicitar encarecidamente ao tempo para que ele não corresse tanto, pois adoro a vida e quero curtir mais meus amigos, a família, meus filhos e netos.
E concluí que preciso de tempo! Assim, dando novo sentido à minha existência, optei por pedir calma ao tempo, haja vista a constatação pela vertente da sabedoria de que correr muito pode resultar em imprudência, ensejando anotações na carteira, multas e outras penalidades...
Deus pede estrita conta de meu tempo.
E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta,
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
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