Quinta-feira, 20 de agosto de 2009 - 09h07
De uma forma irônica Alexandre Dumas (pai), nascido em 1802 e morto em 1870, um dia nos legou, que “há serviços tão grandes que só podem ser pagos pela ingratidão”.
Ora, meus senhores, até parece que Dumas preconizava há mais de um século, o que aconteceria por aqui.
Com efeito, nós guajaramirenses temos, com raríssimas e honrosas exceções, o dom para o esquecimento e até para a ingratidão. Exemplo.
No ínício dos anos 50 a cidade foi premiada com a chegada do doutor José de Mello e Silva, nosso ínclito Juiz de Direito, que além de distribuir, com a sabedoria dos bem aventurados, com competência e lucidez, a almejada justiça dos homens, concorreu para diversas transformações que a cidade experimentava, naquele tempo. Foi um Magistrado na plena acepção da palavra.
E ainda, como homem adiante do seu tempo, fez da sua presença nesta terra, mais do que mereceríamos, posto que além de magistrado, contribuiu de forma efetiva para melhorar o astral da cultura regional, ao criar a primeira banda de música da cidade, formando músicos e agenciando mudanças.
Com a sua vinda, Guajará-Mirim pôde ainda merecer a presença de sua abnegada filha Zuíla Covas, casada com o Engenheiro Harry Covas, casal que se notabilizou pela participação inteligente e integradora como interagiram com a sociedade local, seja fomentando uma ligação tão forte com as demais famílias aqui radicadas, tanto que as festas juninas, os carnavais, peças teatrais e até jogos esportivos, passaram a acontecer neste nosso pedacinho de chão, gerados a partir do seu envolvimento com homens e mulheres, que ansiavam por melhores perspectivas sociais por estas paragens.
Lembro-me da prática do volley-ball feminino, finalmente introduzido por tia Zuila e que era exercitada na quadra esportiva ali na Praça Barão do Rio Branco, na época, ao contrário de agora, logradouro de que se valiam os moradores locais para se irmanarem e se integrarem com os demais.
A participação do casal Harry Guimarães Covas era estimulada pelo Juiz José de Mello e Silva, sogro do primeiro, um homem carismático e entusiasmado com o desenvolvimento social de nosso município.
Nessa época ele pôde compor para a posteridade a música “Sob os Céus de Rondônia”, que, já no Governo Jorge Teixeira, fora transformado no Hino Oficial do Estado de Rondônia. A letra é do ex-governador Joaquim de Araújo Lima, este, enfim, homenageado na capital com o nome de uma de suas ruas.
E nós, não devemos uma homenagem ao doutor Mello e Silva? Ou será que nos falta capacidade para agradecer?
Afinal, o doutor Mello e Silva também se socorreu de sua sensibilidade para apoiar e incentivar o grupo de visionários que se formou para a implantação do curso ginasial nesta “Pérola do Mamoré”, cujos desdobramentos positivos sob todas as formas, esta geração e a anterior pôde sentir e recolher.
Cervantes (1547-1616) já nos advertia que “é de gente bem-nascida agradecer os benefícios recebidos e um dos pecados que mais ofendem a Deus é a ingratidão...”
Ou será que tinha razão Benjamin Constant (1767-1830) assinalando que “a gratidão tem memória curta”?
Com a palavra pelo menos um dos nossos edis...
Fonte: Paulo Cordeiro Saldanha
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