Segunda-feira, 28 de dezembro de 2009 - 06h43
Por Paulo Cordeiro Saldanha
Quando foi transferido para Guajará-Mirim, o fiscal do Banco de Crédito da Borracha, Amadeu Lopes, vestiu a camisa da terrinha e trouxe toda a sua abençoada família, construída junto com dona Esther Cohen Lopes.
Passaram a morar na última casa, na Vila Bancária, na Avenida Costa Marques, onde além de outras, uma das verdades que ali imperava era a alegria.
Seus filhos, seis moças e 2 rapazes, não eram só a alegria da casa, mas de toda uma cidade. Os eventos esportivos (volley-ball feminino), as danças nas festas, os carnavais, enfim, aonde chegavam vinham de mãos dadas com o bom astral, influenciando assim, tão positivamente os ambientes que freqüentavam.
Na realidade, a primeira “Voz da cidade” foi pelo Amadeu Nylander Lopes, implantada. Lembro-me que o local em que funcionou, hoje está instalada a Sorveteria Yuki, onde, ao lado, foi construído o Hotel Fênix, do líder Almir Candury. Aos domingos havia gincana, crianças cantavam, declamavam poesias ou manejavam um instrumento musical, com direito a prêmios. A Elza e a Elizabete, a doce Belita, suas filhas, eram as locutoras e animavam aqueles acontecimentos. Nessa época, já se enviava mensagem, ouviam-se músicas e o entretenimento era a marca das ações daquele veículo de comunicação.
Já em outubro de 1952, coincidindo com as festividades do Círio de Nazaré, a família Nylander Lopes, passou a liderar um movimento para levantar fundos com vistas o lançamento da pedra fundamental objetivando a construção da Catedral. Assim, em todos os finais de semana a população pelo serviço de rádio era convidada para o evento. O fim tão nobre, engrandecia o líder daquela família. A primeira noite foi atribuída a ação dos paraenses aqui radicados; na segunda, a responsabilidade coube aos seringalistas e seringueiros, depois aos bancários e, depois, os comerciantes.
A apuração financeira era entregue a Dom Xavier Rey que a aplicava nas obras.
Entrementes, as duas filhas do Amadeu Nylander iam animando o evento, visando ampliar as ofertas nos leilões, ofereciam músicas e liam as mensagens que um dedicava alguém, sempre no mais elevado respeito e consideração.
Merece o destaque para o fato de que a montagem dos equipamentos radiofônicos era cumprida com competência pelo Mendonça, o eletricista e fotógrafo, pai do Jesus, também profissional competente e ex-vereador pela terrinha.
Foi de Amadeu Lopes a iniciativa, por exemplo, das gestões que permitiram a cidade e ao distrito do Iata ganharem as primeiras máquinas que descascavam o arroz de produção dos agricultores regionais.
O “seu” Amadeu, além de zeloso funcionário do Banco da Borracha, função que cumpria com proficiência e com profissionalismo, atuava como jornalista, repórter e editor de “O TOMATE”, pequeno jornal no tamanho, porém enorme no conteúdo e nas mensagens escritas, sob a forma de artigos, que deliciavam a cidade toda, posto que bem humorado e criativo.
Esportista, não perdia uma partida de futebol, ali no campo, onde hoje reina soberana e bela a nossa catedral.
Decifrando o termo PAULIFICAÇÃO, numa das edições de “O TOMATE”, o Amadeu Lopes, de forma muito criativa e bem humorada, dava a pronta “definição” nos seguintes termos:
- O Paulo adoeceu. Quando o Paulo fica são?
- O PAULIFICAÇÃO dentro de uma semana...
Tempos depois o Aurélio nos trazia a noticia de que PAULIFICAÇÃO é ”maçada”, “caceteação”, “maçante”, “deixar aborrecido”, enfim.
E assim, de retalho em retalho, ia construindo a sua ação como jornalista, incrivelmente satírica nas brincadeiras e filosófica quando a conotação transitava por um viés sério.
“O TOMATE” passava a ser o hebdomadário que a cidade esperava, para instruir-se e divertir-se com as tiradas do seu criador.
Naquele tempo, o Humberto Cohen Lopes, o irmão mais velho daquela dinastia, iniciava o namoro com a dona Gisela Sarde, que se traduziu num amor tão grande, que gerou a família Sarde Lopes, uma vez que o líder do clã, ao ser transferido para Belém, capital paraense, o Humberto aqui ficou radicado, após casar-se, enriquecendo a família com o Antônio, a Esther, o Francisco e o Paulinho Sarde Lopes, que, assim, ampliaram a descendência do Amadeu Nylander Lopes nestas paragens.
Se alguém me perguntar qual o ponto que poderia ser a grande referência do “seu” Amadeu eu diria que diversos itens pontificariam como exemplo deixado: a sua vontade de participar do processo cultural da cidade, criando a primeira “A Voz da Cidade” e o jornal “O Tomate”, a sua fulgurante inteligência, que se desdobrava num reflexo extraordinário, cuja capacidade para a improvisação demonstrava o gênio que o adornava, como ser de Deus, a sua imagem e semelhança. Mas, no entorno dessa pessoa exemplar e dentro dela, havia um ser apaixonado pela vida, um homem de bem, bem humorado e vibrante.
No seu estilo, os netos do lado de cá e de Belém saíram ao avô. São, assim como ele, comprometidos com a alegria de viver, inteligentes, saudáveis e os brasileiros que o Brasil precisa para garantir o seu futuro, ao lado dos outros seus concidadãos de bem.
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