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Paulo Saldanha

Zuñiga, o exemplo delinquente de Cesare Lombroso


Quando acadêmico de Direito, em 1977 fui apresentado a Cesare Lombroso (1835-1909), ideólogo da fisiognomonia, em que reconhecia características de criminosos e loucos a partir dos atributos físicos, segundo o seu olhar em cima dos seres, inclusive e principalmente humanos.

Lombroso me foi conhecido como um “renomado médico e diretor de um manicômio, um dos pioneiros na catalogação dos delitos e delinqüentes com base na medicina legal e psicologia”. Sua obra “O Homem Delinqüente” foi publicada em 1876.Zuñiga, o exemplo delinquente de Cesare Lombroso - Gente de Opinião

É evidente que, quando lançou sua teoria, a qual o transformou no pai da criminologia moderna, o mundo nadava de braçada na segunda metade dos idos de 1800. Hoje suas conclusões são olhadas com desdém, já que possuem diversas raízes fincadas no preconceito – logo, poderão ser tidas como tendenciosas.

Mas, vendo o jogo Brasil 2 X Colômbia 1, passei a observar o Zuñiga e, não sei por que, lembrei-me do Lombroso, ao ver o jogador colombiano com um ar assombroso. Observei-o cantando o hino e me pareceu um homem confiável. Porém, depois, durante a contenda, notei-o desvairado e perverso. Inclusive destacou-se por seu carregado semblante, quando Neymar passou a bola por entre as pernas do antagonista enfurecido, numa canetada dada por quem é talentoso pela própria natureza, e verifiquei quão horripilante era a aparência do atleta do País da Cúmbia; depois, fiquei preocupado quando, qual marginal, o jogador colombiano procurou atingir o joelho do Hulk. Feições demoníacas! nos pés parecia ter uma surreal foice.

Um olhar vidrento! Parecia ter caninos prontos para morder e devorar; não deu para perceber se tem maxilar largo e queixo protuberante, se possui olhar esquivo... Mas esse Zuñiga tinha feições do bárbaro e gestos obscenamente assassinos!

Quando a sua fúria matadora atingiu a nossa estrela maior, o Neymar, um menino de 22 anos, o colombiano parecia um Hitler de chuteiras, totalmente desequilibrado, ensandecido, tresloucado, embriagado pela mais cruel das drogas, que, qual kamikaze ou terrorista fundamentalista, com uma bomba fixada ao corpo, jamais se preocupava nem com a própria vida, desde que outra pudesse eliminar.

E acabei reconhecendo que os caracteres vislumbrados por Lombroso estavam fixados, marcados com fogo, no semblante, no consciente e no inconsciente de Zuñiga, “la persona deslumbrada de la contenda”. E custou-me a reconhecer que Cesare Lombroso, em face das atitudes de Zuñiga, jamais esteve ultrapassado in totum; afinal, um delinqüente de 28 anos jogava uma Copa do Mundo. E acabou temporariamente com o sonho sonhado por Neymar de ser finalista de um certame internacional, o maior do planeta.

A entrevista que concedeu esse colombiano, sócio do capiroto, bem como a sua nota oficial, redigida por algum pseudo intelectual da troupe da confederação de lá, não me convenceram. Nenhum arrependimento foi sinceramente externado. Foi produto do cinismo, o mesmo do árbitro que não puniu exemplarmente as faltas cometidas, de um e do outro lado.

Espero que esse Zuñiga, agora ou antes de encerrar sua tresloucada carreira de sanguinário e de fraticida, jamais passe pelos momentos de terror e de tensões que abraçaram a Neymar;  e que passe a ser exemplo de dignidade, ética e lealdade à sua filhinha, que foi achincalhada nas redes sociais como se tivesse aquela criança culpa pelos desvarios futebolísticos de seu insano genitor.

O certo é que, eu sei, ele desejou produzir o mal que concebeu. Ele valeu-se da violência que o inspira para quebrar Neymar. Precisa receber severa punição, ainda que não seja tão forte quanto aquela com que a FIFA puniu a mordida do uruguaio no italiano.

Afinal, o futebol não precisa ter coices, patadas e mordidas... nem assassinos.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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