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Robson Oliveira

Resenha política 01/07/2014


 

Robson Oliveira

 

Tonto

A vida de um articulista político não é fácil. Além de buscar informações de bastidores e checar todas as fontes privilegiadas para evitar uma baita de uma barrigada (jargão que indica erros grotescos), tem que ficar esperto com cada movimento político e cada jogada dada por nossos representantes nas coxias da política rondoniense. Como esta história não é feita por mocinhos nem para o povinho, cada um joga o jogo de olho em seus próprios interesses. Foi o que ocorreu nas últimas 24 horas. Aliado virou traíra, traíra virou aliado e, finalmente, todos (ou quase) saíram satisfeitos para a foto da campanha, um rindo ao lado do outro. Com a maior desfaçatez. Quem analisou esses movimentos ontem, no mínimo foi induzido à barrigada. Razão pela qual a coluna foi escrita pela manhã, reescrita início da tarde e deletada à noite. Acordei atordoado.

Esculhambação

Os episódios protagonizados pelos dirigentes partidários nesta segunda-feira (30) revelam a forma mais sórdida e vulgar como agem os donatários das agremiações partidárias na luta incessante pelo poder. Não há escrúpulos e os acordos políticos são firmamos em alicerces corroídos pelo que de há mais abjeto na política. Ao eleitor resta a obrigação de avaliar bem as condutas desses dirigentes antes de votar e rechaçar em chancelar a desmoralização do processo eleitoral, para depois não lamentar e lamber as feridas.

Convenção I

Mais de três mil pessoas de todos os municípios estiveram no Talismã 21, na última sexta-feira, para aplaudir a homologação do candidato ao governo de Rondônia pelo PSDB, Expedito Junior. Neodi Carlos (PSDC) foi aclamado a vice-governador. Foi uma convenção animada, rápida e sem incidentes.

Convenção II

Os governistas reuniram na mesma Talismã, domingo, pouca mais de duas mil pessoas, entre assessores, cabos eleitorais e convencionais, quando homologaram a candidatura a reeleição do governador Confúcio Moura (PMDB). Lúcio Mosquini, de última hora, foi escolhido para vice. A escolha de Mosquini ocorreu porque o petista Padre Ton resistiu em aderir aos governistas, conforme determinou a direção nacional do PT. A cúpula nacional dos peemedebistas havia negociado a vaga para os petistas. A candidatura a vice de Mosquini não resistiu um dia de chatagem pedetista.

Convenção III

A convenção do PR, realizada anteontem no auditório da Ulbra, indicou Jaqueline K-Sol para governo, com o deputado federal Carlos Magno (PP) para vice. Já na convenção do PP, Maurão de Carvalho tentou até o último minuto ser indicado, mas prevaleceu a vontade do donatário da legenda (Ivo) e o partido decidiu abrir mão da candidatura própria e aprovou a coligação com o PR. Houve vaias quando K-Sol impôs o nome da irmã, Jack, ao Governo de Rondônia. Maurão, como a coluna repetiu por diversas vezes, vai repetir sua lorota em outra eleição.

Convenção IV

O Partido dos Trabalhadores, pivô de parte da esculhambação provocada ontem, decidiu lançar o padre Ton ao Governo de Rondônia. Tentou até as primeiras horas de hoje (terça) atrair o PDT, PTB e o PSB para uma coligação. O vigário resistiu com bravura que a Direção Nacional impusesse uma coligação em apoio a Confúcio Moura (PMDB), mas entrou e saiu de uma convenção com o partido dividido e isolado. No roteiro havia a possibilidade de lançar como candidato a governador um desconhecido chamado Jerry, com Ton ao Senado.

Ton e Jerry

Os partidários da ex-senadora Fátima Cleide perceberam que era uma manobra engendrada entre o padre e o grupo K-Sol e impediu a patuscada. A chapa Ton e Jerry foi fulminada. Os petistas correm o risco de perder os dois representantes na Câmara Federal pelos erros grotesco do padre em querer rezar em outra freguesia. Não lançaram candidato ao Senado por ordem da direção nacional do PT que prometeu ao PDT apoiar Acir Gurgacz.

Abuso

Embora não haja nenhuma vedação ao partido político alimentar os convencionais que se deslocam dos seus lares para acompanhar o dia inteiro a convenção para homologação dos seus candidatos, não passou despercebida a enorme quantidade de comida servida na convenção peemedebista que homologou a candidatura à reeleição de Confúcio Moura. A fila de glutões era enorme, acima do número dos convencionais. A lei veda a distruibuição de alimentação de forma indiscriminada.

Reviravolta

Foi uma segunda-feira (30) daquelas em que as reuniões partidárias indicavam uma reviravolta sem precedentes na historiografia política de Rondônia. Um dia antes (domingo), o governador e candidato à reeleição foi para a cama certo de que havia pavimentado com segurança a permanência por mais quatro anos no palácio Vargas. Conseguiu reunir em torno de sua pretensão um rol imenso de siglas e caciques, impondo uma chapa majoritária puro-sangue (peemedebista). Acordou sob ameças de abando.

Rebelados

Os caciques do PSB, PDT e PTB revoltados com chapa puro-sangue se rebelaram contra o PMDB, atraíram o PT e passaram o dia conspirando contra os peemedebistas e lançaram o nome do senador Acir Gurgacz (PDT) ao governo. O anúncio causou o maior frisson. Já que não havia nenhuma especulação sobre esta possibilidade. A candidatura do pedetista foi encenação porque o grupo Gurgacz elegeu o ex-diretor geral do DER inimigo e exigia que o PMDB cortasse a cabeça de Mosquini da chapa majoritária. O teatro encenado surtiu efeito e Confúcio Moura terá outro vice.

Predestinado

Com a chantagem engendrada por Acir Gurgacz (PDT) o PMDB agiu rápido e indicou à vaga senatorial o deputado federal Amir Lando. O deputado acreditou na marmota partidária e disparou telefonemas aos veículos de comunicação confirmando a candidatura. Como apressado come cru, no desjejum desta manhã, Lando foi informado que Acir havia retornado com o PDT e é o candidato ao Senado da coligação. Restará a Lando o plano inicial em disputar uma dificílima candidatura à Câmara Federal. Como é um predestinado na política, é melhor não subestimar, pois quando é dado como morto eleitoralmente, eis que retorna das catacumbas para a ribalta.

Fria

Pelos primeiros bombardeios que surgiram após ser anunciado candidato a vice-governador na chapa capitaneada pela irmã de K-Sol, Carlos Magno entrou numa tremenda fria. Ainda convalescendo de um transplante de fígado que exige cuidados especiais para não haver rejeições ou complicações colaterais, ao colocar o nome na chapa levou pau de todo lado com a exposição de fatos pretéritos sendo requentados. Nas redes sociais Carlão está apanhando à toa com fotos que sepultam qualquer político. O pior é que não há transplante para biografias, embora não haja pena perpétua e que seja possível a recuperação. Conhecemos do assunto como poucos.

Negociação

O PSB foi outro partido que ameaçou debandar-se da coligação governista e exigiu a indicação do vice-governador. Mauro Nazif passou o dia ontem conspirando com Acir Gurgacz para que o PMDB abrisse mão da indicação da vaga e, hoje (terça), conseguiu que Confúcio Moura anunciasse o ex-deputado estadual Daniel Pereira como companheiro de chapa, substituindo Lúcio Mosquini. Com parceiros tão ecléticos e tão fiéis o governador terá muito trabalho na campanha, além de enfrentar os adversários. Uma relação com exemplos danosos e não tão distantes. Quem viver verá!

Jóia da coroa

Todos os principais candidatos a governador possuindo domicílio eleitoral no interior os eleitores de Porto Velho podem ser o fiel da balança nestas eleições. Quem conseguir o apoio do eleitorado da capital terá pavimentado um longo caminho rumo à vitória. Por coincidência é o colégio eleitoral com maior número de eleitores "P" da vida como nossas autoridades e o maior número de indecidos. É também o que mais rejeita os mandatários de plantão. O eleitor da capital é a jóia da coroa depois de um longo tempo e o que espera até o minuto final para se decidir.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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