Quarta-feira, 13 de abril de 2016 - 20h01
AMIR LANDO, 24 ANOS DEPOIS,
DISTANTE DO OLHO DO FURACÃO!
Personagem da história recente do Brasil, o ex senador e ex ministro Amir Lando, relator do processo de impeachment de Collor, em 1992, falou com exclusividade sobre o grande tema do momento atual, um filme parecido com o que ele e o Brasil viveram há quase 24 anos atrás, com enredo semelhante, mas atores bem diferentes. Há mudanças básicas entre os dois casos, lembra Amir. No episódio Collor, a investigação começou dentro do Congresso e era abastecida por novas informações envolvendo não só Collor, mas com sua esposa Roseane e outros membros da entourage Presidencial, abastecidos por dinheiro ilegal do famigerado PC Farias. O grupo opositor, na época, começou minoritário e cresceu aos poucos, inclusive com a adesão dos movimentos de rua. Hoje, sublinha Amir, a investigação começou após decisão do Tribunal de Contas, só daí chegando ao Congresso. Além disso, a crise política e uma séria crise econômica, fizeram com que o movimento pró impeachment de Dilma Rousseff tivesse ingredientes muito diferentes de 92. Mas, mesmo que a denúncia contra Dilma tenha começado envolvendo questões técnicas e jurídicas, o impeachment nunca deixa de ser uma decisão política, lembra o experiente Amir Lando.
A história lembra da grande pressão oposicionista, vinda principalmente do PT e movimentos sociais, que foi crescendo via mídia e mobilizações de rua. Mas não esquece também os inúmeros elogios que o relatório produzido por Amir Lando representou, no contexto do processo. Hoje, Amir prefere não comparar seu relatório com o produzido contra Dilma. “São casos completamente diferentes, não há como comparar”, comenta ele, com modéstia. Um representante de Rondônia que permanecerá para sempre na história brasileira, Lando também está em Brasília. Só que agora, 24 anos depois, verá tudo bem longe do olho do furacão.
FRASE ADAPTADA
Ainda sobre o mesmo tema: Amir lembra que o impeachment não é golpe, já que é claramente previsto na Constituição. Se houver algum exagero ou se todos os trâmites legais exigidos não forem cumpridos, O Supremo Tribunal Federal poderá corrigir as distorções. Ele lembrou também o longo calvário vivido perto governo, engolido por uma sucessão de crises e por denúncias sem fim de corrupção. Por isso, Amir foi buscar uma frase de Nelson Rodrigues, adaptando-a ao momento em que vive o país, para sintetizar o que pensa sobre a roubalheira: ”Toda a corrupção será castigada!!”, afirmou...
ÚLTIMOS VOTOS?
Ainda em relação ao impeachment: Rondônia poderá dar os votos decisivos neste domingo. A decisão do presidente da Câmara de começar a votação pelas bancadas do Sul e centro do país, deixará os votantes do norte, como últimos a se posicionarem. Se a disputa for ferrenha, a bancada rondoniense poderá ser uma das que ficarão no fim da fila, com sete dos oito membros das Câmara já posicionados contra a Presidente, a terem suas posições oficialmente anunciadas.
NOVE VOTOS PELO SIM
Até agora, a coluna acertou os prognósticos da votação dos rondonienses no processo de impeachment da Presidente Dilma. Na Câmara Federal, serão sete votos contra ela. Podem ser oito, se no final de semana o deputado Luiz Cláudio, do PR, ouvir suas bases e optar para ouvir o que querem seus eleitores. No Senado, 2x1. Raupp e Cassol vão pela cassação e Acir Gurgacz fica ao lado de Dilma e do PT.O senador pedetista pode ser acusado de tudo, menos de ingrato. Como as chances de Dilma cair são muito grandes, ele ficará marcado como o político de Rondônia que ficou ao lado dela até o fim. Se isso lhe servirá para alguma coisa, no futuro, ninguém sabe.
NA ALE, DE GOLEADA!
Só como um exercício de práticas políticas: se o processo de impeachment da presidente Dilma fosse votado na Assembleia de Rondônia, ela perderia de goleada. Teria contra si, por exemplo, todos os votos da maior bancada, a do PMDB, incluídas aí duas mulheres, com sete parlamentares Maurão de Carvalho, Edson Martins, Jean Oliveira, Lebrão, Só na Benção, Glaucione Nery e Rosângela Donadon. Se seguisse a orientação nacional, a segunda maior bancada (três votos) do PDT, iria contra o impeachment: Airton Gurgacz, Saulo Moreira e Hermínio Coelho. Os dois votos do PMN (Jesuino Boabaid e Dr, Neidson), seriam, contrários à Presidente, assim como os dois do PP: Lúcia Tereza e Aélcio da TV. Aí o placar já ficaria 11x3
NOVE A UM
Outros dez parlamentares representam, uma dezena de siglas. Provavelmente votariam pela cassação: Luizinho Goebel (PV), Ezequiel Junior (PSDC), Ribamar Araúijo (PR), Adelino Follador (DEM), Alex Redano (PRB), Léo Moraes (PTB), Marcelino Tenório (PRP), Laerte Gomes (PSDB) e Cleiton Roque (PSB). Nos partidos representantes no parlamento rondoniense apenas por uma cadeira, o único voto certo a favor da Presidente seria do petista Lazinho da Fetagro. Numa hipotética votação, o placar seria 20 votos pela cassação e quatro contra.
PERGUNTINHA
Você acha que o processo de impeachment da Presidente Dilma é golpe, como dizem seus aliados ou faz parte do sistema democrático, como defendem seus adversários?
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