Terça-feira, 26 de setembro de 2017 - 19h21
VIADUTOS: PODE-SE MUDAR O FUTURO,
MAS NO PASSADO NÃO TEM COMO MEXER
Alguém aí lembra o que aconteceu em Porto Velho no dia 19 de junho de 2009, ou seja, há mais de oito anos atrás? Nessa data, apenas para recordar, a então Presidente Dilma Rousseff veio à Capital, assinar a autorização para as obras dos nossos famosos viadutos. Havia vários meses antes, o então prefeito Roberto Sobrinho tinha anunciado que elas seriam realizadas. Primeiro, seriam três. Depois, passaram para cinco. Um deles ficou pronto e aberto apenas parcialmente para o tráfego no dia 2 de janeiro de 2014, cinco anos depois. Era ainda “meia boca”, porque faltavam várias obras complementares. Toda a estrutura começou mesmo a funcionar em 2015. Já tinham sido gastos 41 milhões de reais, dos mais de 78 milhões que custariam todo o pacote de obras, que incluiria ainda outro viaduto na altura da avenida Três e Meio; outro no Trevo do Roque e mais dois na altura da avenida Campos Sales. Várias interrupções depois, por incontáveis motivos, só no ano passado foi concluída a obra no Trevo do Roque. No final de outubro, estarão findas as do viaduto/elevada da Rua Três e Meio até a Rio de Janeiro, passando sobre a rodovia federal e ajudando em muito a melhorar o trânsito naquela região. Um, entregue sete anos depois. Outro, só depois do oitavo aniversário do anúncio da obra. E os dois, na altura da Campos Sales? Esses, segundo o Dnit, também ficarão prontos, embora a enorme demora. Cobrar pelo fim dessas obras vitais para Porto Velho pode custar para o jornalista a pecha de “apedrejador geral”, como afirma o engenheiro Emanuel Nery, um competente e dedicado servidor do Dnit no Estado. Não é essa a intenção, claro. Cobrar faz parte do trabalho do jornalista e, mesmo que eventualmente se exagere na crítica (será que foi o caso?), o que se quer é ver resultados e as obras que beneficiem a população totalmente concluídas.
Nery, que está dando duro para ver as obras dos viadutos concluídas, pode mudar o futuro (e certamente o fará), para que as obras andem rapidamente. Mas nem ele, nem ninguém, têm como mudar o passado. Se os viadutos da Campos Sales vão ficar prontos conforme o projeto, claro que é justo se dar crédito à retomada das obras e a quem está se esforçando para concluí-las. Mas isso, de forma alguma, apaga a incompetência dos envolvidos na demora, por tanto tempo perdido, para concluir algo que, pelo cronograma normal, deveria estar pronto há anos. Não somos o Japão, para reconstruirmos uma rodovia em seis semanas, mas mesmo assim, oito anos é algo lamentável. Tem o engenheiro Nery, a quem nenhuma culpa cabe pelos erros do passado, todos os créditos pelo trabalho que vai realizar. Mas não tem como mudar o que não foi feito.
NOVELA MEXICANA
Várias outras obras importantes para Rondônia e para Porto Velho, tanto do Dnit como do Estado, também ainda não foram concluídas, depois de tantos anos. Repete-se a história do viaduto em Pimenta Bueno, que levou mais de 23 anos para ser totalmente pronto. O Anel Viário de Ji-Paraná, obra do Estado, estava indo no mesmo caminho, mas será entregue ainda este ano, finalmente, depois de mais de duas décadas de enrolação. A duplicação da BR 364 é história para inglês ver, assim como a promessa da dragagem do rio Madeira, que parece novela mexicana de longa duração. A construção da ponte sobre o Madeira, em Abunã, está indo em frente, mas a insegurança dos investimentos federais, não dá certeza se ela ficará mesmo pronta no final do ano que vem. E tem outra pérola, que não podemos esquecer: a ponte da escuridão, no bairro da Balsa. Uma linda ponte, construída dentro do cronograma, sem qualquer rolo ou desvio, mas...sem iluminação. Claro que são obras de entidades e instituições diferentes, umas federais, outras estaduais. Mas para o usuário, interessa quem vai resolver?
“NÃO É COISA PARA AMADORES!”
Numa recente edição dessa coluna, o cronista escreveu: “mexer em abelheiro, quando envolve médicos, não é coisa para amadores!”. A referência era sobre a tentativa da Prefeitura de retirar 39 médicos do Centro de Medicina Especializada (CEM) e realocá-los para atendimentos em postos de saúde. A decisão foi tomada e anunciada oficialmente pelo secretário da Semusa, Orlando Ramires, numa longa entrevista aos Dinossauros, no programa Papo de Redação, da Parecis FM. Não é fácil tocar em estruturas onde os médicos é que dão o comando. Ainda mais, para tirá-los de uma rotina bem menos tensa do que ir para postos de saúde, sempre superlotados, quase sem condições de trabalho, em bairros distantes. Os profissionais bateram pé e mostraram sua força. Não é mole mexer com eles! Na segunda-feira, numa reunião do Conselho Municipal de Saúde, foi fechado o acordo. Nada muda. Tudo fica como era antes. Mexida zero. O CEM continua igualzinho. E os postos de saúde, para a população mais pobre, também!
SERÃO 57 MORTES EM UM ANO
Foram 1.195 assassinatos em uma semana. Uma morte a cada oito minutos. No final de um mês, serão 4.780 vidas perdidas. Em um ano, a continuar nessa violência crescente, os números serão de apavorar qualquer um: 57.360. A maioria das vítimas é homem, jovem, negro ou pardo. Entre as mulheres, elas são vítimas, no geral, de alguém muito de perto. Namorado, companheiro, marido ou amigo. O total de vítimas faz parte de um levantamento do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pela primeira vez, cada uma das vítimas é mostrada. Sabe-se sobre quem era; vê-se seu rosto, sabe-se dos seus laços familiares, como e porque foram mortos. É o resultado de uma guerra civil que se espalha pelo país. Mata-se por 10 reais; para roubar um tênis; por desconfiar que a vítima está de caso com sua companheira; por brigas em bebedeiras; por envolvimento com as drogas e o tráfico. Todos os dados podem ser acessados no site da Globo, o G1. É impressionante. É triste. É de horrorizar...
MARIANA VAI MUDAR?
A bancada de federal de Rondônia na Câmara vai dividida, de novo, para a votação do processo de autorização ou não para que o Presidente Temer seja processado. A tendência é que se repita os 5x3 do primeiro processo, ou seja, que a maioria permaneça ao lado de Temer e que o trio que foi contra ele (Mariana Carvalho, Marcos Rogério e Expedito Neto), votem de novo contra os interesses do ocupante do Palácio do Planalto. Nilton Capixaba, Marinha Raupp, Lindomar Garçon, Lúcio Mosquini e Luiz Cláudio são os votos com que o Presidente está contando. Há uma pressão do PSDB para que a deputada Mariana Carvalho mude de posição, já que os tucanos anunciaram que não vão apoiar a abertura de processo contra o chefe da Nação, porque considera que esse assunto atrapalharia as tão necessárias reformas, defendidas pelo partido com unhas e dentes. Mariana, contudo, não parece disposta a mudar seu discurso. O assunto vai dominar as discussões da Câmara Federal nas próximas semanas.
ESPECIALIZAÇÃO EM FUGAS
Não é piada! A polícia investiga “se houve facilitação” para a fuga de mais 15 detentos do hotel de alta rotatividade, também conhecido como novo presídio de Ariquemes, ocorrido neste final de semana. A terceira em menos de dois meses. Ora, se não houve facilitação, houve o que? Os presos foram abduzidos? Saíram voando? Tornaram-se invisíveis? Essa foi boa! Agora a sério: o Ministério Público entrou no circuito. Exige que o Governo do Estado mande mais agentes penitenciários para o local e que as fugas sejam esclarecidas. Em Ariquemes, terra da violência e de crimes cada mais assustadores, se tornou também o centro de referência para fugas fáceis das cadeias. Preso que quiser aprender como é mole cair fora dos presídios, basta fazer um rápido curso com seus colegas que deveriam estar cumprindo pena, mas estão livres, leves e soltos pelas ruas, apavorando ainda mais a insegura cidade. Uma vergonha!
É O RAIO QUE O PARTA!
Reportagem do Fantástico, do domingo, deixou o porto velhense de cabelos em pé. Segundo o repórter Ernesto Paglia, Porto Velho é a Capital brasileira onde há maior incidência de mortes de pessoas atingidas por raios. Rondônia é o quinto estado brasileiro com mais raios, mas sua Capital teve 16 vítimas, apenas nos últimos anos. Ao se considerar que a chance de uma pessoa ser atingida por um radio é de 1 em 1 milhão e meio, imagine-se só o volumoso número deles que caem sobre a capital do Estado. Claro que deve-se levar em conta que Porto Velho, em termos de área geográfica, equipara-se ao tamanho de alguns Estados brasileiros, como Sergipe, por exemplo. Mesmo assim, o volume de tempestades que chegam aqui e o de raios (estatísticas chegam a apontar que chegam a cair até 11 raios por quilômetro quadrado, no auge de alguns temporais) é preocupante. Proteger-se quando o céu escurece e o tempo aponta para riscos de raios é vital. Pára raios em residências e prédios também ajudam. A natureza por aqui, quando fica agressiva, é um perigo!
P E R G U N T I N H A
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