OPINIÃO DE PRIMEIRA - 14/10/12

O Brasil é um país desesperado em busca de heróis. Mas heróis de verdade, porque os do tipo Macunaíma não nos fazem falta. Tivemos Pelé, nosso eterno herói. Tivemos JK, o único político que é lembrado como um exemplo de estadista e homem de visão de futuro. Tivemos Tiradentes. Santos não nos faltam, mas poucos chegam perto daqueles predicados que resumem a vida dos heróis. Mais recentemente, de uma hora para outra, ganhamos uma heroína: a ministra Eliana Calmon, que atreveu-se a meter o dedo na ferida da ala podre do Judiciário. Houve outros heróis e heroínas no decorrer dos tempos, mas até pela mediocrização da palavra, em que qualquer pé rapado era transformado em herói em novelas ou reality shows da Globo, a palavra perdeu a força. Agora, desde que começou o julgamento do Mensalão, encontramos nosso novo herói. É um homem de origem humilde, filho de uma lavadeira, que estudou em escola pública e é negro. Um orgulho para sua raça, um orgulho para seu país. Joaquim Barbosa já não pode andar em paz pelas ruas, porque é tratado como celebridade. Nas redes sociais, milhares e milhares de pessoas o indicam como futuro Presidente da República.

Ávidos por novos heróis, estamos sempre à procura deles. De vez em quando cometemos asneiras, como o fizemos com Collor, que nos enganou com sua fúria de combate aos marajás. Mas, no geral, sabemos escolher. Os poucos que o povo brasileiro selecionou para entrar na sua galeria de heróis e heroínas têm merecido esse título. Joaquim Barbosa é um deles e entra para este seleto grupo. É o nosso Pelé do Judiciário. É o nosso Tiradentes, lutando contra traidores da Pátria. É o nosso brasileiro que representa a grande maioria deste país: trabalhador, decente, combativo, corajoso. Ave, Barbosa! Os que ainda vão viver num país decente te saúdam...