QUANDO A IMPUNIDADE É A LEI MAIOR,
É A DEMOCRACIA QUE CORRE RISCOS
Orientadas certamente pelos que querem o confronto, mulheres de PMs fecharam quartéis essa semana, de novo, enquanto se desenrolavam as negociações salariais com o governo. Foi uma afronta, uma demonstração de força, uma forma de contornar a hierarquia. Não que estejam, elas e seus maridos, sem razão em reivindicar melhores salários, porque os vencimentos dos policiais são vergonhosos, não só aqui, mas em todo o país. Mas a forma como o fazem é que preocupa. Afinal, PMs são servidores do Estado, comarmamento do Estado, treinados pelo Estado e preparados, portanto, para ações até violentas, se assim o quiserem. O enfrentamento com autoridades superiores é um grande risco, exatamente por vir de quem jamais deveria dar tais exemplos. Claro que há culpa da essência política baseada na demagogia, onde promessas raramente são cumpridas; há culpa do Congresso, que não vota a PEC 300, que daria um salário ao menos mais justo a todos das forças de segurança. Mas nada disso autoriza nem explica os atos de vandalismo, praticado por mulheres, sem dúvida orientadas e mandadas por seus maridos, de esvaziar pneus de viaturas que deveriam servir à comunidade. Ou de impedir a saída de PMs para policiar a cidade e fazer o seu serviço de proteger a coletividade.
É nisso que dá passar a mão na cabeça dos que não cumprem a lei. Tivessem sido punidas quando fizeram a baderna do início do ano, certamente as mesmas lideranças não estariam agora repetindo o feito. A impunidade que incentiva o crime e a violência é a mesma que dá a policiais o direito de fazer o que bem entendem, quando entendem e àrevelia da sociedade, trazendo medo a todos. É a impunidade a mãe desses males, nesse país da demagogia. É ela a verdadeira lei maior. E, mais que tudo, ela é um grande risco ao processo democrático.
NOVO COMANDO
A Assembleia Legislativa começa a semana com novo presidente. José Hermínio Coelho, primeiro vice, assume o cargo enquanto Valter Araújo estiver à disposição da Polícia Federal e Justiça. Poucos acreditam que Valter tenha condições de voltar, agora ou mais tarde, até pelo peso das acusações. Hermínio não perdeu tempo e já assumiu o controle. Quer que a ALE continue trabalhando normalmente.
NOVA MESA?
O regimento interno da ALE determina a posse do primeiro vice no impedimento do presidente. Mas já se ouve, aqui e ali, que não está descartada uma nova eleição da mesa diretora. Hermínio não quer nem ouvir falar na ideia, mas há deputados que andam conversando nos gabinetes, a portas fechadas, pensando seriamente no assunto. Não se sabe o que vai dar.
NÃO TOPA
Para ocorrer nova eleição, só se pelo menos mais dois membros da mesa diretora perdessem o mandato ou renunciassem à função. Não há indícios, ao menos até agora, de que isso possa ocorrer. José Hermínio já está tratando de fortalecer sua posição, para que não haja qualquer risco de mudança no comando do legislativo. Ele foi eleito democraticamente, junto com Valter Araújo e, garante, não há porque fazer nova eleição para a mesa.
DE TRÊS, DOIS...
Valter Araújo é o segundo presidente da Assembleia, em três legislaturas, a ser preso em ações lideradas pela Polícia Federal. O primeiro foi Carlão de Oliveira, na operação Dominó, ocorrida em 4 de agosto de 2006. Pouco mais de cinco anos depois, nova e enorme ação policial chegou a Valter Araújo. Nos cinco anos, o presidente Neodi Carlos cumpriu todos os seus dois mandatos sem qualquer problema.
SEM ESCÂNDALO
Aliás, ainda durante a Operação Termópilas, que envolveu mais de 300 agentes de várias forças, algumas pessoas comentavam que, durante o período em que Neodi comandou a Assembleia, não houve escândalos envolvendo o legislativo estadual. Embora não fosse unanimidade dentro da ALE, Neodi conduziu seu comando colocando o parlamento rondoniense numa boa posição perante a opinião pública.
FORA DO BARALHO
A estrondosa operação da PF e outras forças, que colocou Rondônia novamente no cenário nacional como foco de corrupção política, pode acabar tirando as chances de alguns políticos, em relação às eleições do ano que vem. Em Porto Velho, dependendo do desdobramento do caso, pelo menos três nomes dos que eram considerados pré candidatos à Prefeitura correm o risco de serem considerados cartas fora do baralho.
TRABALHO NOTURNO
Polícia tinha por todos os lados, desde a madrugada de sexta para sábado. Três centenas deles esperavam amanhecer para começar a fazer prisões na operação desencadeada contra políticos e órgãos públicos. Enquanto isso, sem se preocupar com nada, bandidos passaram horas da madrugada na agência do Banco Santander, no centro da Capital, usando maçarico para destruir um cofre. E roubar todo o dinheiro que tinha nele. Ninguém sabe, ninguém viu...
PERGUNTINHA
Vai haver mais prisões ou a coisa parou por aí?