Terça-feira, 20 de março de 2018 - 19h59
A ESTRADA DO BELMONT: RETRATO DO
DESLEIXO E DO DESRESPEITO À POPULAÇÃO
Há mais de 20 anos, o caminhoneiro Fábio Brissio começava a viver seu tormento: utilizar a Estrada do Belmont, em Porto Velho, transportando grãos e combustível. Na época, ele lembra, a situação era caótica. Tinha que se ter muita coragem para enfrentar uma estrada ridícula, abandonada, por onde já passava muito da riqueza de Rondônia. Passadas duas décadas, tudo evoluiu, menos a Belmont. Brissio e as centenas de caminhoneiros que a utilizam, têm a mais absoluta certeza de que ela é, hoje, em muitos aspectos, até pior ainda do que era no final da década de 90. Em agosto de 2016, em plena seca do rio Madeira (de certa forma, ainda bem, porque se fosse na cheia, poderia ter acontecido uma tragédia, com perdas de muitas vidas), nada menos do que onze carretas simplesmente caíram dentro do rio. O que se imaginava? Que esse acidente teria sido a gota d´água, para acordar as chamadas autoridades competentes e, finalmente, a estrada, que é uma vergonha para Porto Velho e para Rondônia, fosse, enfim, transformada numa via decente de escoamento da nossa produção e de abastecimento de combustível. Imediatamente, o DER anunciou a busca de 8 milhões de reais junto ao BNDES (aquele mesmo que liberou bilhões e bilhões para projetos em países amigos do petismo, nosso governo na época), mas nunca conseguiu o dinheiro. Nossa grana foi para construir portos em Cuba, aquedutos na África, rodovias maravilhosas na América Latina, o metrô de Caracas, na “amigona” Venezuela. Mas o banco não liberou 8 milhões para resolver um problema pequeno, neste canto da Amazônia. O que se estranha é que não houve protestos, nem ranger de dentes, nem xingamentos. O governo de Rondônia não conseguiu o financiamento, que tanto precisava para uma obra vital e deixou por isso mesmo. Resultado: a Estrada do Belmont, enlameada, esburacada, transformada num caminho de rally, mantém-se de mal a pior, sob os olhares complacentes e a inação das nossas autoridades.
Nessa semana, quando a SICTV/Record fez mais uma denúncia contra a péssima qualidade da Estrada do Belmont, novamente houve silêncio sepulcral sobre a obra. De vez em quando os moradores a fecham; de vez em quando deputados e vereadores vão até lá, prometer soluções; uma vez ou outra o Governo diz que vai resolver. Mais de duas décadas depois, a vergonha continua sendo jogada na cara dos governantes e o perigo é atirado ao colo dos motoristas e dos caminhoneiros. A Estrada do Belmont é simbólica, porque demonstra desprezo pela população, de quem deveria, há muito tempo atrás, ter resolvido definitivamente o problema. É descaso, é incompetência, é desleixo. O resto é conversa fiada.
RELAÇÕES DE NOMES
Não há paz no meio político, ainda mais em ano eleitoral. Nos gabinetes dos governos, então, nem se fala! Ter o poder nas mãos pode significar meio caminho andado para se ter sucesso , mais ainda nas urnas, quando chegar a hora. Por isso, a batalha intestina entre quem está e quem quer chegar ao poder, embora não o devesse, é até considerada normal. O que tem acontecido no Palácio Rio Madeira/CPA nada mais é do que outro capítulo da mesma novela: a eterna guerra pelo poder. No caso em que Confúcio Moura teve um desentendimento (o primeiro, o único, mas também o extremamente sério) com seu vice Daniel Pereira, tudo não passou de luta por espaço e por se decidir de quem é o comando. Não dos dois, mas principalmente entre seus mais próximos. Para se entender o caso, se teria que contar detalhes ainda não confirmados, mas um deles é notório: gente, em nome de Daniel, mesmo que não fosse autorizada, andava pelas secretarias e corredores dando carteiraço e exigindo até listas de servidores, para futura substituição, quando Daniel assumisse. Um desses personagens é notório, muito conhecido nos meios da política. Uma figura soturna, aliás. Foi uma sucessão de eventos, nessa direção, que causou a quase ruptura.
TENSAO PALACIANA DIMINUIU
Vários exemplos já foram contados. Um deles, apenas para ilustrar: numa secretaria, o personagem que se dizia autorizado por seu partido e pelo vice governador, pediu uma relação de todos os cargos. Os comissionados, é claro. Pediu atenção especial para um personagem, há anos colaborando com esse e outros governos, por seu conhecimento técnico e experiência, porque o tal servidor teria feito campanha para um adversário, na última campanha municipal. O secretário, titular da pasta, enrolou, se fez de doente para passear de ambulância, negaciou na entrada da área, para falar na linguagem do futebol, e, é claro, não deu lista nenhuma, embora tivesse garantido que, nos próximos dias, a daria. Claro que poucas horas depois, o assunto chegava aos ouvidos do chefe, o governador Confúcio Moura, se somando a vários outro relatos que, em poucos dias, foram se acumulando, até explodir. Claro que não foi só isso, mas esse tipo de ação foi um dos principais motivos para o (quase|) rompimento. Depois do chega pra lá dado pelo Governador e certamente por ordens vindas do próprio Daniel, para que ninguém usasse seu nome para parecer poderoso, o clima amenizou e a tensão palaciana distendeu um pouco, segundo um assessor muito próximo a Confúcio. Toda a historia, um dia, virá a tona. Mas os primeiros indícios do que realmente ocorreu, começam a aparecer.
XINGAMENTOS E CADEIA
Não começou nada bem a semana para o ex presidente Lula. Primeiro, ele sofreu grande revés na cidade gaúcha de Bagé, por onde iria começar mais um périplo político, onde foi ofendido, xingado, chamado de ladrão por grupos de produtores rurais e empresários. Acompanhado da também ex presidente Dilma Rousseff e de lideranças do PT na região, Lula viveu momentos preocupantes, até para sua própria segurança,. Por pouco não aconteceu nada mais sério. Poucas horas depois, outra péssima notícia. A presidente do Supremo, ministra Carmem Lucia, concedeu entrevista à Rede Globo avisando que não vai colocar na pauta a votação, novamente, da decisão que autoriza a prisão após condenação em segunda instância. Ou seja, seu Lula, condenado a 12 anos e meio de prisão, está com um pé na cadeia. Carmem Lúcia detém o poder de colocar o assunto em votação e, se houvesse maioria no pleno, uma eventual mudança na lei atual serviria para livrar o ex Presidente do xilindró. Outros ministros até que querem mexer no assunto, mas dona Carmem Lùcia não topa. Esperemos os próximos capítulos.
MAIS VIOLENTA QUE O RIO
Porto Velho vive dias de Rio de Janeiro, com violência desenfreada. A média de assassinatos no Rio é de 16 casos por dia e, entre segunda e terça, essa média caiu para oito. A Cidade Maravilhosa, em guerra civil há quase 20 anos, tem 6 milhões e meio de habitantes. Porto Velho, que está batendo nos 500 mil, registrou quatro crimes brutais em menos de 24 horas. Na semana passada, em dois dias, outras quatro mortes. Proporcionalmente, portanto, ao menos nesses dias mais difíceis, a capital rondoniense teve muito mais crimes de morte do que o Rio. O tráfico de drogas continua sendo o principal motivo para execuções. A luta por pontos de venda e domínio de áreas inteiras, estão trazendo a tragédia para vários bairros da Capital, onde muitos jovens envolvidos no mundo do crime, pagam com a vida, quando não cumprem as ordens dos chefões. Mas há também mortes causadas por bebedeiras, passionais (a Capital rondoniense é recordista em crimes contra a mulher) e até por rusgas entre vizinhos. A última forma de matar: populares estão reagindo e linchando criminosos. Se a polícia chegar a tempo, salva a vida deles. Senão, os bandidos entram para as estatísticas de vidas perdidas.
AS REDES SOCIAIS E A ELEIÇÃO
Sabendo que terão que enfrentar uma horda de novos nomes, loucos para tomar seus lugares, os atuais deputados estaduais andam correndo para todos os lados, mesmo que a campanha eleitoral ainda não tenha sido oficialmente desencadeada, para marcar posição ante o rondoniense, de olho, é claro, nas urnas de outubro. Além de andanças, a maioria dos parlamentares têm usado as redes sociais, não só para prestar contas de seu trabalho, como para mandar recados à população. Só ainda não estão pedindo voto, porque a legislação eleitoral não permite. O uso do wattsapp também tem se tornado comum entre os parlamentares. Muitos o utilizam como forma de prestação contas, enquanto outros preferem apenas mandar mensagens religiosas ou de conotação pessoal, desejando o melhor, etecetera e tal. Não há ainda um uso profissional das redes sociais, mas já ficou muito claro que elas serão vitais para a campanha que se aproxima. Aliás, os que querem tomar no voto a cadeira dos atuais deputados, também estão recorrendo ao Facebook, Wattsapp e outras mídias sociais, para contatar com o eleitor e enviar seus recados. Mais à frente, se verá o quanto esse tipo de comunicação vai influenciar na eleição deste ano.
SÓ OS OUTROS NÃO PRESTAM!
Foi numa RO, uma estrada estadual, nessa semana, já bem perto da BR 364, em Jaru. Um acidente com um caminhão carregado de peixes mostrou, mais uma vez, que parte da população não é tão honesta quando protesta contra os ladrões na política. Pelo contrário. Muita gente que critica o comportamento alheio, é exatamente igual. Ou pior. A carga de um caminhão cheia de peixes, que ia para Manaus, caiu na Rodovia, depois de um acidente. Tudo se espalhou pela pista. Em poucos minutos, apareceu gente de todos os lados. Para ajudar o motorista? Para chamar a polícia ou até uma ambulância, para cuidar de alguém eventualmente ferido? Claro que não. Dezenas de populares surgiram na escuridão, apenas para furtar a carga. Isso mesmo! Certamente entre os ladrões, havia muitos daqueles que vivem discursando contra a corrupção na política e exigindo um país melhor. Hipocrisia pura! Quando o dono da carga chegou com outro caminhão, só conseguiu recolher alguma sobra. O resto todo foi levado pelo populacho, que saqueou quase tudo. Tudo devidamente filmado por celulares e câmeras, incluindo a cara dos que faziam parte do enorme grupo: homens, mulheres e até crianças. Uma vergonha!
PERGUNTINHA
Você acredita que, com toda a gritaria nacional contra a corrupção e exigências de mais qualidade nos políticos, o eleitor vai votar de forma diferente em outubro ou tudo continuará como antes, na Casa do Abrantes?
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