Terça-feira, 14 de junho de 2011 - 06h10
UM HOMEM DA JUSTIÇA QUE NOS TRAZ
UMA PEQUENA LUZ NO FINAL DO TÚNEL
De vez em quando, ressurge uma pequena esperança de que esse país ainda tem conserto. A entrevista do ministro Joaquim Barbosa na edição desta semana da revista Veja, aponta para uma ainda tênue, mas ao menos realista, luz no final do túnel. Um dos nomes mais respeitados do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa disse, com todas as letras, o que qualquer brasileiro com um pingo de informação já sabe há muitos anos: do jeito que está a Justiça não faz Justiça; que os políticos criaram leis apenas para autoproteção; que no sistema atual, o sistema penal pune principalmente os negros, os pobres e as minorias. Os grandalhões, os envolvidos em grandes falcatruas, os que dilapidam os cofres públicos, esses estão fora do alcance dos braços da lei. Relator do “Mensalão”, em que denunciou dezenas de figurinhas conhecidas da política nacional pela vergonhosa compra de parlamentares, Joaquim Barbosa disse com todas as letras: “o foro privilegiado foi uma esperteza que os políticos conceberam para se proteger. Um escudo para que as acusações formuladas contra eles jamais tenham consequências. Isso tudo foi feita de maneira proposital”. Bingo! Disse o que qualquer um, minimamente informado, já tinha certeza. Mas vindo de um homem público como ele, símbolo do Judiciário, futuro presidente do STF, pelo menos deixa a certeza de quem não compactua com essa sem vergonhice tem aliados.
Depois de criticar o fato da Justiça ter quatro instâncias e considerar esse fato “patético”, Joaquim Barbosa concluiu: “Um sistema de que não dá resposta rápida, provoca descrença na sociedade”. O que se espera é que outros homens de bem, como ele, não só protestem contra toda essa vergonha a que estamos submetidos, mas que ajam para fazer a lei valer para todos.
HOMENAGEM
O governador Confúcio Moura prestou uma homenagem pública ao seu amigo de longos anos, o empresário Chagas Neto. Em seu blog, Confúcio não poupou elogios a Chagas, como homem público e tocador de obras; lembrou dos tempos dos dois como secretário de Estado e deu um conselho aos seus assessores da área: “se não souberem perguntem ao velho Chagas, que ele sabe como trabalhávamos no passado”.
ELE NÃO É FÁCIL!
Aliás, Confúcio Moura não é fácil! Com seu estilo tranquilo, conversa fácil, sorrisode quem parece ingênuo (mas, na realidade, está longe disso), ele vem conseguindo trazer, para o seu lado, lideranças que, aparentemente, poderiam até fazer-lhe forte oposição. E tem somado uma série de sucessos nessa empreitada.
TEORIA E PRÁTICA
O primeiro nome importante da política estadual a quem fez mesuras e acordos foi José Bianco. O ex-governador e um político dos mais respeitados, hoje prefeito duas vezes de ji-Paraná, colocou na administração estadual nomes da sua confiança. Ficou parceiro de Confúcio na teoria e na prática.
NA RAIZ
O próximo passo foi a aproximação com o prefeito da Capital, Roberto Sobrinho, maior nome do PT no Estado. O petismo aliado é uma coisa, adversário é outra. Confúcio cooptou a turma de Sobrinho, que manda no diretório municipal e tem grande influência em nível estadual, dentro do partido. E, na conversa, parceria, convênios e sorrisos, estancou na raiz qualquer risco do PT partir para posições adversárias.
COM VALTER
A última aproximação política de Confúcio foi e ainda é a mais arriscada. Lê-se e ouve-se na mídia que ele está “assim” com o deputado estadual Valter Araújo, presidente da Assembleia Legislativa. No início das atividades da ALE, sob o comando de Valter, havia quem esperasse uma oposição forte, até pela ligação muito próxima de Valter com Ivo Cassol, hoje maior adversário de Confúcio.
PODE SER MAIS
Não é o que se tem visto. Há uma clara abertura de diálogo entre o governador e o presidente da Assembleia. Por enquanto, essa situação pode transparecer apenas dois importantes homens públicos colocando suas posições partidárias e pessoais de lado, para atender os interesses maiores do Estado. E é também. Mas o diálogo e a aproximação de Valter com Confúcio pode significar muito mais. O futuro vai dizer se isso é real ou apenas devaneio.
DENTRO DE CASA
Confúcio ainda tem problemas imensos, tanto na área política como na administração. O maior deles não está fora do Palácio Presidente Vargas, mas dentro dele. Há secretários, assessores e pessoas em postos importantes que não falam a mesma linguagem entre si e não compreenderam ainda o estilo do chefe.
BRAÇADA
A luta pelo poder, da porta para dentro, é ainda muito forte. Se conseguir, com seu jeitinho de caipira, com sua conversa como mineiro e com seu talento para o diálogo resolver essa questão, Confúcio nada de braçada. As mudanças que fez já foi um pequeno avanço. Mas precisa usar mais a caneta para dar uma ajeitada na sua equipe.
ONDE O POVO ESTÁ
Hoje tem mais uma sessão itinerante da Assembleia, dessa vez em Ariquemes, cidade de Confúcio e que ajudou a eleger pelo menos quatro deputados estaduais. Em poucos meses, é a quarta ação semelhante da ALE estado afora. Finalmente, o parlamento rondoniense está indo onde o povo está.