DE VEZ EM QUANDO, OS VEREADORES
CONSEGUEM DIZER PARA QUE SERVEM
De vez em quando, aparece uma luz no fim do túnel, que dá esperança à população de que as Câmaras de Vereadores servem realmente para alguma coisa. No geral, apenas trampolins para políticos que querem fazer carreira, os legislativos municipais perdem-se no emaranhado de gastos supérfluos, gente demais trabalhando de menos, custos elevados geralmente não explicados. Eventualmente, contudo, algum vereador entende com exatidão qual o seu papel e decide (“alvíssaras”, como diria um português das antigas) defender os interesses da comunidade que o elegeu. Um caso desses ocorre nesta terça, na Câmara de Porto Velho. O vereador Cláudio Carvalho, do PT, que já foi secretário de transportes e trânsito, conseguiu convocar uma audiência pública para uma fórmula urgente de acabar com um dos graves problemas da cidade: a invasão de caminhões pesados, alguns pesadíssimos, todos perigosos, que tomam conta de algumas das principais artérias da Capital, infernizando a vida dos moradores. Caminhoneiros que ignoram horários, que andam em velocidade de risco, que circulam por ruas estreitas onde muitas vezes nem dois carros pequenos conseguem passar estão há anos fazendo o que querem com suas cargas que vão e vêm do Porto Graneleiro sem que não se tome providências.
Agora, enfim, o vereador Carvalho decidiu que era hora de dar um basta. Se seus colegas esquecerem por alguns momentos a eleição para a Assembléia e decidirem atender a comunidade que os elegeu, o problema poderá ser sanado. Senão, ficará mais uma vez caracterizado que Câmaras Municipais servem, realmente, para muito pouco. Prá não dizer coisa pior.
ROTA DE COLISÃO
Por falar em Câmara de Vereadores, o presidente da casa, vereador Hermínio Coelho, está em rota de colisão com o seu partido. Ouve-se que tudo começou quando o comando petista decidiu escolher a secretária e vereador Epifânia Barbosa como seu principal nome para a corrida pela Assembléia. Hermínio, preterido, não se acertou mais com sua turma. É o que dizem por ai.
CARTA BRANCA
Epifânia, aliás, está deixando a secretaria de educação da Capital para retomar sua cadeira na Câmara. Já assume como líder do Prefeito e com carta branca para tocar sua pré-candidatura à uma cadeira na ALE. O PT conta como certa sua eleição em outubro próximo.
NA GAVETA
Trocando de tema: e a famosa Transposição, hein? Cantada, decantada, comemorada, até agora ficou só na festa e no discurso. Não andou, na prática, nem um passo a mais do que a sua inclusão como emenda constitucional. Sem apoio do Planalto, a transposição pode passar mais alguns anos engavetada.
NEM QUE A VACA TUSSA
Dezenas de candidatos a todos os cargos já estavam prontos para se apresentar como pais e mães da matéria, contando que a transposição começasse a colocar os servidores do Estado na folha de pagamento da União antes de outubro. Não vai acontecer, nem que a vaca tussa. E lá se foi o discurso de campanha.
FESTÃO
Poucos dias antes de deixar o governo, Ivo Cassol comandou uma grande festa para entrega do novo aeroporto de Cacoal, uma obra que aquela comunidade esperava há anos. Com o futuro governador ao seu lado – João Cahulla, o nome de Cassol à sua sucessão – foi uma pré-despedida em alto estilo.
QUASE PRONTO
Nos próximos dias – e o calendário voa – Cassol corre para inaugurar outras obras em todo o Estado. A que ele mais gostaria de entregar em Porto Velho, o Centro Político-Administrativo, não ficou pronto por causa das chuvas e da falta de mão de obra. Mas está quase no fim
SÓ NO PROJETO
O lançamento de um novo hotel em Porto Velho, o Holliday Inn Expresse deixa claro o interesse do empresariado pela Capital e seu grande desenvolvimento. O que todos torcem é que ninguém venha atrapalhar o empreendimento, como foi feito com o Sleep Inn, o hotel próximo ao Palácio Presidente Vargas que não saiu do projeto. Por causa de meia dúzia de interesses contrariados.
BRIGA FEIA
A corrida pelas duas vagas ao Senado está mobilizando alguns dos principais partidos tanto quanto a disputa pelo governo. Cassol, Neodi, Fátima Cleide e Raupp disputam duas cadeiras. São quatro nomes muito poderosos, todos da base aliada do governo federal. É por isso que há negociações em curso para mudar o quadro e deixar só dois na disputa. O que não se sabe é se elas terão algum resultado positivo.
LIÇÃO DO JÚRI
Do resultado do júri do casal Nardoni, condenado por matar a menina Isabella, ficou uma lição que o Judiciário brasileiro precisa colocar em prática. Para os grandes crimes, os mais violentos, os que mexem com o sentimento da opinião pública, nada como um júri popular para fazer a verdadeira Justiça. Decisões isoladas de magistrados correm o risco de sempre beneficiar o criminoso. Ou não parece?
RECADO
E o Zé Serra, hein? Mesmo temendo anunciar sua pré-candidatura, contra Dilma Roussef, em campanha aberta, a última pesquisa nacional surpreendeu e colocou o tucano nove pontos à frente da petista. O que será que o eleitor está dando, como recado, a essa altura da disputa presidencial? Por enquanto, não se sabe.
Fonte: Sergio Pires
Segunda-feira, 25 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)