BR-319: Manaus/Porto Velho, um exemplo do descaso
e da miopia federal em relação às necessidades da Amazônia
A BR 319: Manaus/Porto Velho é uma mancha indelével não somente no governo do PT, mas, também no de FHC e outros. Uma vergonha, pois, a BR-319 teve sua construção iniciada em 1973 e finalizada 4 anos depois. O objetivo foi de fazer uma rodovia pavimentada trafegável com pontes de madeira, e depois ir substituindo por concreto e aumentando o perfil do pavimento. Isto deu certo em outras rodovias, mas, apesar de muito utilizada a estrada nunca recebeu uma manutenção decente. As pontes provisórias grandes de madeira não chegaram a ser substituídas por concreto, e com os anos ficaram intransitáveis, sendo substituídas por balsas (8 no trecho, incluindo a travessia em Porto Velho e a de Manaus sobre os rios Madeira e Amazonas).
Nas décadas de 1980 e 1990 não houve nenhuma manutenção na estrada e devido ao abandono, a população da região perdeu o direito de ir e vir. De um lado, o discurso da preservação ambiental, do outro, milhares de brasileiros, estimados hoje em cem mil, isolados pela falta de manutenção de uma estrada que existe há mais de 40 anos. Nos últimos anos, a BR 319 ficou trafegável novamente em dois trechos: partindo de Manaus até o Km 200 e de Porto Velho a Humaitá no Amazonas, numa extensão de 230 Km, o que deixa 430 km de estrada em perfeitas condições. O meio da rodovia, no entanto, uma extensão de 405 km, está completamente intrafegável. Em relação ao trecho intrafegável, o meio da rodovia, uma extensão de 405 Km, o Ibama exige estudos de impactos ambientais para liberar a obra. O órgão recusou um estudo feito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e determinou ao Dnit estudos complementares ao custo de aproximadamente R$ 10 milhões. O relatório conclusivo será submetido ao órgão ambiental. Enquanto o Ibama não libera a licença, o DNIT realiza trabalhos de manutenção como retirada de atoleiros, reformas de pontes, substituição de bueiros, entre outros. O órgão já possui dinheiro em caixa para a pavimentação da estrada, mas, não se resolve nada e a conclusão da estrada continua indefinida mantendo há anos, o Amazonas e Rondônia afastados geográfica, social e economicamente. A conclusão da pavimentação da rodovia BR-319 é uma reivindicação não só do empresariado, mas, tem o engajamento de toda a sociedade da região amazônica por se tratar de uma obra importante para toda a comunidade. Basta verificar que a BR-319, rodovia diagonal que liga Manaus (AM) ao sudoeste amazônico, possui 877,40 quilômetros de extensão. O marco zero da referida rodovia fica na zona centro-sul da cidade de Manaus (AM), em frente ao Centro Cultural dos Povos da Amazônia e o Km 877,40 fica no Trevo do Roque, em Porto Velho, capital do estado de Rondônia. Atualmente, a rodovia BR-319 encontra-se plenamente trafegável nos trechos entre Manaus (Km 0) e o km 215 (município de Careiro-Castanho, Amazonas). Na outra extremidade da rodovia, o trecho trafegável vai de Humaitá, no Amazonas, até Porto Velho, em Rondônia (Km 665,77 ao Km 877,40).O chamado "trecho do meio", entre o Km 250 e Km 665,77, está em fase de atendimento das condicionantes ambientais para emissão da licença prévia por meio da elaboração do EIA/RIMA - Estudo e Relatório de Impacto Ambiental.
Além de conectar Manaus com Porto Velho, a BR-319 integrará, a partir de sua revitalização, os municípios de Tapauá, Canutama, Humaitá, Manicoré, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Beruri, Borba e Manaquiri, todos diretamente interceptados pela rodovia. Os municípios de Apuí e Lábrea, no estado do Amazonas, por estarem localizados na BR-230, a Transamazônica, que corta a BR-319 na altura do município de Humaitá, também passarão a ser integrados por via terrestre. Entre os impactos da ligação se prevê que vai aumentar muito o tráfego de caminhões em Porto Velho, principalmente pelo fato que grande parte das cargas provenientes do PIM, Polo Industrial de Manaus, que atualmente vão por Belém, irão descer via estrada por Porto Velho com muito maior rapidez e, mais, grande parte do que é consumido no Amazonas e Roraima passará por Rondônia sem contar os produtos de exportação, vide exemplo da Interoceânica, que hoje já está servindo para exportação de veículos para o Peru e Equador. A Venezuela pode ser um bom consumidor (já consome vidros produzidos em Rondônia, por exemplo). O ideal era também fazer uma ferrovia, mas, é sonhar demais. Afinal estamos no Brasil! Depois quando um amazônida, como Roberto Gueudeville, propõe que se faça da Amazônia um país os puristas gritam, mas, o abandono da região é gritante. A falta de soluções e de visão regional uma lástima.
Fonte: Blog Diz Persivo
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)