Sábado, 10 de novembro de 2012 - 11h35
Silvio Persivo (*)
Tendo como finalidade debater políticas de incentivo ao comércio exterior, a Assembleia Legislativa de Rondônia, realizou na última quinta-feira (8 de novembro), uma audiência pública, de autoria do deputado Hermínio Coelho (PSD), porém, com a participação ativa do Governo de Rondônia, via o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Social do Governo de Rondônia, Edson Vicente e sua equipe técnica, e da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia-FIERO que teve como seu representante (e palestrante) o gerente do escritório Executivo da Federação, Elmir Marques, na oportunidade representando o presidente Denis Baú. Também estiveram fazendo palestras sobre temas importantes para o futuro do Estado Eduardo Figueiredo Caldas, gerente de projetos da APEX Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Fabrizio Sardelli Panzini, analista de políticas e indústria da Confederação Nacional da Indústria; Rafael Guimarães Requião, especialista em políticas públicas e gestão governamental do Departamento de Promoção Internacional do Agronegócio e da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e José Cláudio Pinheiro, diretor presidente da JBE Editora Tecnológica de Exportação, editor da revista Brazil Export.
Como é normal neste tipo de evento, o comparecimento foi menor do que o esperado, porém, este é o tipo da ação que, de fato, só obtém resultados no longo prazo. O importante é começar a pensar no futuro, a agregar esforços e buscar, mesmo que com pequenas ações, criar mecanismos para melhorar nossa participação no mercado exterior. Aqui é preciso lembrar que Rondônia, como o nosso próprio país, tem uma participação muito diminuta no mercado internacional meso que a evolução do comércio exterior de Rondônia teha sido notável, desde 2002, quando as exportações eram US$ 73 milhões e as importações de US$ 89 milhões. Já em 2012, o nossas exportações saltaram para US$ 486 milhões, enquanto na importação constata-se o valor US$ 407 milhões.
Porém, tivemos um incremento muito grande de produção e de qualidade com a construção das usinas do Madeira e, Porto Velho, por sua localização privilegiada em relação à América do Sul, tem uma vocação natural para ser um imenso centro de abastecimento regional. O que se precisa é que haja um trabalho consistente de preparação para que o Estado, e nossa capital, assuma esta posição como uma alternativa pós-usinas. Mas, para acelerar tal desenvolvimento dependemos muito do Governo Federal, de seus investimentos e até mesmo de sua burocracia. Exemplos dos entraves que esbarram na sua falta para acelerar nossa participação no mercado externo é, por exemplo, o fato de que até hoje o Aeroporto Internacional Jorge Teixeira ainda espera por infraestrutura para poder ter vôos internacionais, o que facilitaria os negócios com a ligação com o Pacífico, via Acre. Também as dificuldades de logísticas são notórias e a falta de acordos que viabilizem facilidades para o transporte de mercadorias.
No entanto, não avançaremos se não houver uma organização de nossas forças políticas e lideranças sociais para criar um projeto consistente de exportações para o Estado e, em muitos setores, temos já esta capacidade. A audiência pública, ao mostrar este caminho, descortina visões para o desenvolvimento futuro do Estado e mostra que já existem setores que estão pensando estrategicamente, O importante é organizar e unir essas forças para que as ações tenham consistência e continuidade. Vale ressaltar que uma notícia alvissareira foi o grande destaque da audiência: o secretário da SEDES, Edson Vicente, anunciou que o terreno para a ZPE-Zona de Processo de Exportação prevista para Porto Velho, de 258 hectares já está escriturado em nome do governo, doado pelo Grupo Maggi ao lado do porto graneleiro. Mesmo que sua implantação ainda leve algum tempo, pelos investimentos necessários e burocracia inevitável, o anúncio demonstra que devagar, mas, de modo contínuo, alguns passos necessários para tornar o nosso Estado um estado com maior participação no comércio exterior estão sendo dados. É preciso para se criar o futuro planejar o futuro e só o faremos com iniciativas que abandonem os objetivos de curto prazo em prol de uma visão do futuro.
(*) É doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e professor da Universidade Federal de Rondônia-UNIR.
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