Terça-feira, 15 de abril de 2014 - 16h50
Silvio Persivo (*)
O que é um jornal? As respostas para esta indagação pode ter diversas interpretações, mas, não se poderá fugir do fato de que se trata de um meio de comunicação, um papel de imprensa, ou seja, mais barato, repleto de palavras e fotografias feito por profissionais denominados de jornalistas. Jornais podem trazer de tudo. Alegrias, lágrimas, tragédias, vitórias e derrotas, o belo e o feio, o perto e o distante, as opiniões e os fatos nem sempre bem recebidos. Também é uma exposição para o comércio e a indústria vender seus produtos, um espaço para que políticos apareçam ou desapareçam (hoje, cada vez mais, na página policial ou com a célebre pulseirinha prateada que a Polícia Federal presenteia na hora de prender). Pode ser a dor do boxe ou a sensação provocada por um gol no futebol. Os jornais também tem periodicidade. Em geral são diários, porém, há semanais, quinzenais, mensais e, mesmo os que aparecem de vez em quando. Uns nascem e morrem logo. Outros criam uma longa história e, por isto mesmo, passam a ser independentes de quem o fez, o faz. O jornal cria sua própria personalidade, história e alma. É por tal razão que há jornais e jornais.
No fundo, um jornal é como uma pessoa: se faz na medida em que vive. Um jornal que morre logo é como uma criança que, mal nasceu, se vai. Só os próximos lamentam a perda, o que poderia ter sido. Há outros, como é o caso do nosso Alto Madeira, que caminha, rapidamente, para alcançar os 100 anos e, por tal razão, é o repositório de toda uma história de nossa gente, de nossa terra. Este jornal se confunde tanto com Porto Velho e o Estado de Rondônia que foi fundado por Joaquim Augusto Tanajura, o primeiro superintendente (prefeito) de Porto Velho, em 15 de abril de 1917, portanto, o Alto Madeira, um dos mais antigos jornais em atividade na região, vem registrando a história por exatos 97 anos. Com uma vida tão longa já é necessário, e diga-se de passagem uma tarefa hercúlea, escrever sua história que, como em todas as grandes histórias, tem suas fases de ascensão e de descenso, porém, a maior vitória, sem dúvida, é a de continuar sendo o que sempre tem sido: uma tribuna de liberdade, de opiniões diversas, de espaço para a vida local e suas mudanças, apesar dos erros, inclusive gramaticais, que, em especial, nos novos tempos acontecem. Seu maior êxito se mede por continuar vivo e se renovar mantendo uma linha editorial que sempre privilegia a notícia.
É um jornal que, como se pode constatar indo rever suas edições, jamais deixou de ser uma fonte de ideias e de promoção do desenvolvimento da livre iniciativa, dos negócios, da cultura, além de ter sido a escola dos maiores jornalistas de Rondônia. Como pertenceu a Joaquim Tanajura também participou dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, a primeira grande organização de meios de comunicação do Brasil, e tem sido, desde o final dos anos sessenta, conduzido pelos Tourinhos, em particular com Luiz Tourinho na direção dos negócios, e Euro Tourinho, como o grande orientador da redação, sem favor algum o decano de nossa imprensa. Hoje, todavia, por sua importância, é uma entidade que vai além dos que o guiam, o fazem, pois, como o jornal mais antigo do Estado é um patrimônio de todos nós. Só posso, nesta data, como um partícipe menor de sua história, desejar que o jornal volte aos seus melhores dias. Que, sendo modernizado como está sendo, volte a circular em todo o Estado e proporcione o acesso ao seu conteúdo por uma nova e moderna página eletrônica, de vez que, lá fora, quando se fala em jornal de Rondônia, é ainda o Alto Madeira, que é a referência. Que os 100 anos que, certamente, serão muito comemorados, na medida em que quase não existem jornais brasileiros com tal longevidade, encontre o Alto Madeira como a fênix revivida em ascensão, para, contra a opinião dos que pensam que os jornais vão morrer, possa continuar pelo tempo afora registrando, pelo menos, os próximos 100 anos de nossa terra e nossa gente. Que o Alto Madeira possa continuar a ser a testemunha da história de Rondônia, uma vocação para a qual parece ter sido predestinado.
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável e professor de Economia da UNIR.
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