Sexta-feira, 8 de outubro de 2010 - 16h39
Silvio Persivo
Não é só o PT nem Lula que desejam pautar a imprensa e a opinião pública. O deputado Ciro Gomes também ao dizer que o tema do aborto é “baixo nível” na sua tentativa de pautar a campanha pelas suas conveniências. Não adianta dizer que o tema do aborto “é uma calhordice” na medida em que ele é importante, em especial para grande parte dos segmentos religiosos, bem como quem é candidato a presidente tem que esclarecer para o público suas posições. Ainda mais a candidata Roussef que disse que “lidará com o assunto por uma questão de saúde pública”. Lula também ao dizer que “priorizar o aborto é baixar o nível da campanha” ataca os religiosos que consideram a questão central.
Aliás, diga-se que quem levantou o tema do aborto foi a própria Dilma Roussef na sua Carta ao Povo de Deus ou algo similar. Também numa entrevista ao SBT. Se bem que não seja uma questão central para a figura do presidente dependendo de sua postura há diferenças de poder, ou não, haver mudanças na legislação e, em qualquer campanha, o eleitor quer saber a posição dos candidatos em relação a este e muitos outros assuntos.
O que acontece de fato é que Dilma não passa sinceridade quando fala sobre o assunto. Nem mesmo teve coragem de dizer que mudou de idéia, mas, prefere insistir em dizer que “sempre” foi contra o aborto, apesar de desmentida pelos vídeos em que aparece dizendo o contrário. É a mesma coisa que se repete quando se trata de querer se isolar de Erenice Guerra e dos problemas relativos à quebra dos sigilos e do tráfico de influência na Casa Civil. É preciso lembrar que nos dois episódios primeiro o desmentido foi feito pelo próprio governo e só depois pela candidata e pelo presidente Lula. Num deles, Lula até mesmo culpou a mídia de invencionice em relação à Casa Civil, mas, depois demitiu a ministra Erenice Guerra que deve logo estar depondo na Polícia Federal. Também no caso da Receita Federal a alegação inicial era de que não se tratava de problema político, que era pura exploração eleitoral, mas, a conclusão sobre a investigação da quebra de sigilo do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, foi contundente e incriminou o analista tributário Gilberto Souza Amarante, filiado e militante do PT, de forma que ficou caracterizada a motivação político-eleitoral, pela violação ao cadastro de três empresas da vítima, além, de que o militante mentiu publicamente ao justificar a quebra de sigilo como involuntária por ter confundido Eduardo Jorge com um homônimo. Ficou patente a motivação política e a tentativa de, a partir do governo, tentar encontrar algo para comprometer os adversários.
A realidade é que se nega a realidade. Ou seja, há uma tendência a atropelar os fatos e querer controlar as notícias e a imprensa adaptando-as a versões fantasiosas ou tentando escondê-las. Tanto que o governo que diz não querer controlar a mídia é o mesmo que, no começo do 2º turno, despacha Franklin Martins para a Europa atrás de modelos de “regulação” e, antes de ganhar a eleição, já disputa o botim com declarações de senadores dizendo que o PMDB quer sua parte e com a de Michel Temer afirmando que a Câmara é do partido e ninguém tasca. É uma prova de que o governo será loteado e que as disputas de espaço serão inevitáveis. Mas, a preocupação dos coordenadores da campanha, como Ciro, não é a de lidar com esta realidade e das contradições da candidata e das alianças. É a de que a mídia somente deve escrever e comentar o que interessa ao PT e suas conveniências . Este é um jogo que esqueceram de combinar com os participantes.
Fonte: Sílvio Persivo - silvio.persivo@gmail.com
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