Quarta-feira, 9 de setembro de 2015 - 10h53
Silvio Persivo (*)
São inúmeros os exemplos, mas, não há um mais evidente do que a promessa feita, num encontro com empresários em Campinas, há um ano, em que a presidente Dilma Rousseff (PT), então candidata à reeleição, prometeu que não mexeria nos direitos trabalhistas afirmando, taxativamente, com uma frase de efeito: “Nem que a vaca tussa”. Nem precisou terminar o ano, porém, anunciou um pacote de ajustes nas regras para acesso a abono salarial, seguro-desemprego, seguro-desemprego do pescador artesanal, pensão por morte e auxílio-doença. Esta foi apenas uma, das muitas práticas da presidente, depois da reeleição que destoam do que foi prometido na campanha. Há, porém, muito mais, todo um “pacote de maldades” da presidente, que incluem o veto ao reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda. Se a lei tivesse sido aprovada, pessoas que ganham até R$ 1.903,98 não precisariam prestar contas ao Leão. Atualmente, o teto de isenção é de R$ 1.787,77. Se mais fosse preciso, para mostrar que não entregou o que prometeu, basta lembrar que, num encontro com taxistas em São Paulo, a presidente prometeu que não haveria “tarifaço”. Ninguém de sã consciência tem como defendê-la, quando adotou medidas como a da elevação de R$ 0,22 na gasolina, R$ 0,15 no álcool. O Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), incidente sobre o crédito para a pessoa física, dobrou: passou de 1,5% ao ano para 3%. Importar ficou mais caro. Por meio da elevação de 9,25% para 11,75% do PIS/Cofins sobre os produtos oriundos dos outros países. Por fim, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na cadeia produtiva de cosméticos foi padronizado, equiparando a incidência do imposto no atacadista a na indústria. As bebidas também foram afetadas. E, agora, ainda falam em aumentar o imposto de renda para 35%.
Agora, também a imprensa dá conta que a presidente nem sequer conversou com Michel Temer, o vice, durante o desfile de 7 de setembro. Estiveram juntos fisicamente, mas, tão distantes quanto o sol da lua. Afirmam que teria sido por causa de Temer ter dito que Dilma não se sustenta até o fim do seu mandato com 7% de aprovação. Não é a questão dos números. É, principalmente, que, como o próprio vice-presidente afirmou, é preciso se ter uma forma de criar um entendimento nacional e este, por mais que se negue, precisa do mínimo de credibilidade, de se ser confiável. A maior prova de que Dilma perdeu esta capacidade é o fato de que até mesmo quem lhe apoia, como o empresário Abílio Diniz, recomenda que outros personagens, inclusive hoje, de pijamas, como FHC e Lula se reúnam com Temer para achar uma solução. Solução haverá, por bem ou por mal, mas, enquanto não se tiver confiabilidade será impossível sair do atoleiro econômico em que estamos. E aumentar impostos e juros é só aumenta a agonia. O governo precisa fazer o seu dever de casa e não apenas repassar as contas para a sociedade.
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e professor de Economia Monetária da UNIR.
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