Terça-feira, 5 de setembro de 2023 - 09h32
A história da música
brasileira não pode ser escrita sem seus grandes ídolos. E, quando se volta no
tempo, há alguns, antes de Roberto Carlos, que é o rei desde dos finais dos
anos 60, existiram outros grandes cantores que foram grandes ídolos. Três, pelo
menos, dominaram a cena brasileira; Francisco Alves, Orlando Silva e Cauby
Peixoto. Eles arrastaram multidões. Ninguém, porém como o Chico Viola, o Rei da
Voz. De fato, Francisco de Moraes Alves, que nasceu em 19 de agosto de 1898, na
Rua da Prainha, no Rio de Janeiro, que foi
uma criança inquieta. E sua inquietude o levou a seguir os passos da irmã, Nair
Alves, um atriz do Teatro de Revista, com quem trabalhou e com a atriz Zazá
Soares, que o batizou de “Chico Viola”. Chico gravou três músicas em disco, em
1919, do compositor Sinhô (José Barbosa da Silva) na gravadora “A Popular”, de
João Gonzaga, companheiro Chiquinha
Gonzaga. Ele gravou as músicas de Sinhô: O Pé de Anjo, marcha; Fala, Meu Louro
(Papagaio Louro), samba; e Alivia Esses Olhos, samba, acompanhado pelo Grupo
dos Africanos. O disco foi lançado em 1920. Mesmo com o sucesso da marcha “O Pé
de Anjo” só viria a ser reconhecido por
ser o primeiro a gravar com o sistema de gravação elétrica, quando gravou as
músicas de Duque. Depois começou a gravar regularmente e ser considerado, em
1928, o Príncipe dos Cantores Brasileiros. Foi o locutor César Ladeira que, em
1933, o chamou de o Rei da Voz. Gravou com grandes nomes da época, como Mário
Reis e Carmen Miranda. Era um excelente violonista e compositor, mas também
comprou muitas músicas-uma prática comum da época- e lançou artistas como
Orlando Silva e João Dias. Não bastasse isto foi ovacionado, em Buenos Aires,
cantando Gardel e gravou clássicos,
como “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso; “Na Virada da Montanha”, “Eu sonhei
que tu estavas tão linda”, de Lamartine Babo e Francisco Matoso; Nervos de Aço,
samba de Lupicínio Rodrigues e Marina, de Dorival Caymmi. Quando começou o que
chamou atenção, além de “Pé de Anjo” foi o samba “Fala meu louro”, que Donga
tomou como uma alusão a ele, mas ra contra o ex-senador, ministro e deputado
Ruy Barbosa, que quieto depois de ser derrotado na corrida presidencial de 1919.
A letra “Tu que falavas tanto / Qual a
razão que vives calado?”, perguntava o samba de Sinhô, que rebaixava Ruy (do
heroico “Águia de Haia” ao falante “papagaio louro”) e apontava o fim de seu
poder: “A Bahia não dá mais coco / Para botar na tapioca / Para fazer um bom
mingau / E embrulhar o carioca...”. Ele fez um notável sucesso, no mínimo, por
25 anos ininterruptos. Impossível dizer qual seu maior sucesso. Mas, de
concreto se sabe que foi a música “Adeus 5 letras que choram”, que o acompanhou
no enterro, depois do acidente, 27 de setembro de 1952, na Via Dutra, quando
seu carro colidiu de frente com um caminhão na altura de Una, município de
Pindamonhangaba (SP). Falam que foi acompanhado por 500 mil pessoas, as menores
estimativas, falam em 200 mil. Que importa isto? Importa é que Chico Viola não
morreu. Vive eternamente no imaginário popular. E seus sucessos serão cantados por
muitos pelo tempo afora.
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