Segunda-feira, 11 de outubro de 2010 - 12h46
Claro que sou a favor do voto facultativo. É claro que não é também por desconhecer a importância da política. Sou, até sem desejar ser tanto, um homem político na medida, por exemplo, que estou entre os que no último domingo foram assistir o primeiro debate do segundo turno da Rede Bandeirantes. Reconheço que este não é o comportamento normal das pessoas. As pessoas comuns discutem política como comentam o tempo e só vão mesmo decidir, por obrigação, no dia do voto e estão longe de pensar, como penso, que é o dia em que podemos mudar nosso futu¬¬ro, decidir nosso destino. E realmente o voto tem este poder, todavia, poucos tem esta consciência de que eleger nossos representantes é uma responsabilidade ímpar e que, por isto, deveria ser cumprida com muito cuidado.
Sempre defendi uma maior participação política. Que a política deixasse de ser apenas a formal. Aque¬¬la feita em gabinetes e parlamentos, restrita aos detentores de mandatos e seus assessores, ou seja, que se dê mais consistência aos partidos; que se agregue a participação popular. Quem já leu um pouco a respeito de Ciência Política sabe que nos países onde a luta para as conquistas dos direitos civis e sociais são mais fortes, os partidos são mais comprometidos com ideais e o personalismo costuma ser menor, assim como o clientelismo. Onde não há participação popular, a representatividade mínima de todos os interesses – incluindo os das chamadas minorias –, não há uma democracia forte e, em geral, como no Brasil atual, se procura impedir a alternância do poder e a discussão pública por imposição de um falso consenso em torno de um líder o que, por melhor que seja, é sempre um atraso. Nenhuma sociedade avança sem lutas, sem mudanças no governo, sem oxigenação do setor público por novas ideias e governantes. O continuísmo é ruim para a democracia e para o desenvolvimento seja de quem for.
É evidentemente difícil para o cidadão comum, que não acompanha a vida pública, separar o joio do trigo. E o engessamento pela legislação eleitoral tende a favorecer quem está no poder inclusive por usar a máquina pública a seu favor. No entanto, mesmo não sendo uma tarefa fácil, de vez que com tantas obrigações que o cidadão tem na sua vida privada, sobra muito pouco tempo para se preocupar com a vida política, algumas coisas são visíveis no atual panorama político para fazer escolhas responsáveis. Basta seguir à risca o diga-me com quem andas e te direi quem és. Para verificar quem é o atraso é só olhar para quem está no palanque dos candidatos. E o pior é que, se confrontadas as opiniões antigas e atuais dos que dividem o mesmo palanque, até uma freira ficaria com vergonha de votar em qualquer um deles.
Fonte: Sílvio Persivo - silvio.persivo@gmail.com
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