Finalmente, por 450 votos favoráveis, 10 contrários e 9 abstenções, a Câmara Federal fez o que tinha de fazer: cassou o mandato do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-presidente da Câmara enrolado no esquema de corrupção da Petrobras, réu em dois processos e investigado em outros sete. No total, 42 deputados não apareceram para votar, mas, para a perda do mandato eram necessários apenas 257 votos. O processo de cassação mais demorado do Conselho de Ética demorou cerca de dez meses. Iniciado em novembro do ano passado, provocado por uma representação do Psol e da Rede, partidos que se colocaram contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, sua tramitação foi um exemplo da fragilidade institucional do país na medida em que se permitiu todo tipo de manobra possível e impossível. Cunha é acusado de manter contas bancárias secretas no exterior e de mentir sobre a existência delas na CPI da Petrobras, no ano passado (2015). E, apesar de negar ser o dono das contas, foi o beneficiário de recursos geridos por trustes (empresas que administram fundos e bens), o que pode ter gerado polêmica, mas, não o exime da culpa. Seu único mérito foi gerir bem a admissão do impeachment de Dilma, porém, tão culpado quanto ela do que é acusado, já vai tarde, muito tarde. Mentiu CPI, acusado na Lava Jato, manipulador e, sem dúvida, beneficiário de recursos públicos não deixa saudades para quem pensa no bem do país. Ele foi útil para tirar Dilma? Foi. Mas, a lei é clara: pisou fora da reta tem que pagar o preço. Ninguém está acima da lei por ser parlamentar por mais poder que tenha.
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)