Quarta-feira, 25 de maio de 2011 - 08h06
Silvio Persivo
A atração por mulheres é, a meu ver, uma coisa normal no homem. Até mesmo bíblica, digamos, pois, segundo o livro sagrado, Deus fez o homem e a mulher para se completarem e se reproduzirem conservando a vida. A questão é que o sexo se tornou, como toda coisa boa, um pecado e, para muitos, um vício. Que sexo é bom não há a menor dúvida que é. O problema é quando o sexo se torna uma obsessão ou é transgressivo. Para mim, o problema real é o sexo sem amor, sem se ter pelo outro o desejo e a reciprocidade. Não acredito em pessoas que dizem que jamais tiveram o desejo de “mexer” com outra pessoa. Muitas vezes, é verdade, a atração pode ser maior do que o bom senso e não é incomum, e sim demasiado humano, que os homens cometam tais pecados. Se bem que há mulheres que também o fazem, ou seja, o pecado não tem sexo. É preciso, todavia, preservar certos limites e, o limite sempre é dado pelo que o outro permite. Em palavras claras: tentar é possível. O impossível de aceitar é que diante da recusa do outro se queira impor o seu desejo como senhor do outro.
O comentário não pode deixar de ser sobre os recentes casos do ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que quis submeter à força uma camareira e do ex-governador da Califórnia e ator Arnold Schwarzenegger que admitiu ter tido um filho fora do casamento há mais de dez anos. Mildred era empregada na casa do ator e de sua ex-mulher, Maria Shriver, e se aposentou em janeiro deste ano. De acordo com o site "TMZ", Mildred confidenciou a amigos que fez sexo com Arnold na própria casa do ator enquanto era funcionária da família. São dois casos escandalosos, de fato, por ambos terem uma vida pública, porém, o primeiro é, digamos, muito “fora do normal”, pelo fato de que envolve o crime de estupro. Já o do Exterminador do Futuro, inclusive o próprio, é censurável, porém, muito mais comum do que se imagina. Na verdade o fato de que a mulher é muito mais bonita do que a empregada (feia para os padrões comuns) revela o que, muitas vezes, a sociedade esconde que é que a beleza nem sempre é mais importante na relação entre as pessoas. Muitas vezes, ao contrário do que se pensa, são mulheres feias que são grandes mulheres, que dão ao homem o carinho e a atenção que não encontram no cônjuge. Se bem que cada caso é um caso.
É impressionante, porém, que um homem com a formação de Strauss-Kahn tente forçar alguém a fazer sexo. Afinal é uma pessoa fina, sob todos os padrões, e de educação refinada e com dinheiro. Como explicar um comportamento assim? Deve ter razões psicológicas profundas. Similar é o caso do músico norte-americano Joseph Brooks, recentemente encontrado morto no último domingo em sua casa em Nova York, que aguardava julgamento por acusações de estupro.
Brooks, de 73 anos, compôs “You Light up My Life”, para o filme Luz da Minha Vida (1977) que também escreveu e dirigiu. Pela canção, ganhou o Oscar e o Grammy. Em 2009, o compositor se declarou inocente de uma série de acusações, entre elas a de estupro, depois de ter sido acusado pela polícia de levar para seu apartamento 13 candidatas a atriz para “entrevistas” individuais, como desculpa para agredi-las sexualmente. Parece que se suicidou, ou seja, talvez não tenha resistido a seus fantasmas. Casos assim demonstram que o homem, apesar de toda sua capa de civilização, ainda conserva instintos primitivos que o governam, entre eles, sem dúvida, um é o sexo. Humano, demasiadamente humano.
Fonte: Sílvio Persivo
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