Terça-feira, 22 de junho de 2010 - 11h40
Que se pode dizer de um jogo onde uma equipe massacra a outra por 7x0? Talvez se possa dizer mais do fato de um time que poderia ter feito o mesmo e acaba por impor um magro 2x0, como fez a Espanha com Honduras. O certo é que o técnico da Coréia do Norte afirmou que os jogadores entraram “em pânico”. Também quase entro em pânico com a quantidade de gols perdidos pela Espanha, inclusive um pênalti que, não me canso de dizer, é imperdoável ainda mais numa Copa do Mundo. Pênalti perdido, embora possam dizer que é uma loteria, é, quase sempre, sinônimo de derrota. Perder um pênalti, para ser franco, abate até mesmo o presidente do time. De qualquer forma, Portugal, com indiscutíveis méritos, pois, aplicou a maior goleada das copas e se classificou, e a Espanha, com dois gols mixurucas, fizeram seu dever de casa e encerraram a segunda rodada da Copa que foi muito mais emocionante. A média de gols por partida, depois de 32 jogos, aumentou para 2,09, ultrapassando, portanto, a casa dos dois gols por partida. Se formos nos ater aos números os favoritos, hoje, seriam, por ordem alfabética, Argentina, Brasil, Chile e Holanda, os únicos a pontuar 100%. Mas, futebol costuma desprezar os números quando a bola rola.
De qualquer forma com o início, hoje, da terceira rodada chegou a hora da onça beber água. Vamos ver quem pára e quem continua. A Copa, no entanto, já deixa algumas cenas antológicas, como o primeiro gol da Copa do Marfim, o frango desmoralizante do Green, o gol contra de Simon Poulsen, que bateu nas costas de seu companheiro e entrou, o gol sem ângulo de Maicon, o chutaço de Forlán que bateu nas costas de um sul-africano e matou o goleiro, um gol de Birsa, da Eslovênia, chutando de longa distância com extrema categoria, o gol surgido de um erro da defesa que Donovan, dos Estados Unidos, matou com a frieza de um goleador e, por fim, o golaço de braço de Luiz Fabiano me parecem ser os grandes destaques em campo. Fora de campo as figuras que estão fazendo história são todos ex-jogadores. Maradona tem sido o principal personagem com suas declarações e atitudes que tem sempre um ar de cinematografia e, muitas vezes, histriônicas.
Adora a imprensa e sabe usá-la dando declarações polêmicas que fazem à delícia dos fofoqueiros de plantão. De paletó e barba no campo tem sido um deleite para as câmaras de televisão que até o colocaram com fundo musical de Pavarotti. É um figuraço. O outro que tem aparecido é mesmo Dunga. E não por motivos muito meritórios. Parece que perdeu a Branca de Neve. Tem sido agressivo quando é de sua função pública ser compreensivo e até gentil. Claro que nem sempre é possível aceitar as opiniões alheias, mas, publicamente xingar jornalistas é muito pouco producente. E, por fim, a outra figura que tem ocupado espaço é Zinedine Zidane. O ex-jogador francês que, entrou em cena por causa da crise do time da França, foi o grande responsável pela derrota do Brasil na final da Copa do Mundo de 98, na França, e nas quartas de final do Mundial de 2006, na Alemanha, disse que“-Entendo a raiva dos brasileiros. Jogar com o Brasil é uma oportunidade impressionante. Às vezes vamos estar melhor, mas Brasil é sempre Brasil” - disse o craque francês. Não. No Brasil não acredito que haja raiva contra ele. Há o desencanto de sabermos que o Brasil poderia ter feito mais. E, claro, nós sempre torcemos, hoje, contra a França. Afinal ninguém gosta mesmo de perder. Ainda mais quando se tinha a certeza de que se ia ganhar.
Fonte: Sílvio Persivo
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