Domingo, 13 de julho de 2014 - 13h10
Silvio Persivo (*)
Bruno Garschen defende com uma argumentação bem feita, no seu artigo “Os anticapitalistas estão contra nós”, divulgado pelo jornal Gazeta do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=1422138&tit=Os-anticapitalistas-estao-contra-nos), a tese correta de que “Defender o capitalismo é uma tarefa inglória” porque, na sua quase totalidade o anticapitalista não é um interlocutor intelectualmente honesto. E não o é porque, previamente, já hostiliza quem pensa diferente com acusações pessoais de odiar os pobres e os beagles, além de elencar sobre o capitalismo pecados que não tem, de vez que, na definição de capitalismo, vaga e aberta a qualquer significado, pode-se atribuir, como Marx fez com vigor e crença, tanto que existe uma força sobrenatural que governa acima da razão de todos (um espírito imaterial, todo-poderoso e onipresente), bem como que o empresário, o dono do capital, age sempre para explorar a mão de obra do coitadinho do trabalhador.
E aqui, nada melhor que usar as palavras do próprio Garschen “Não é uma coincidência o fato de muitos anticapitalistas serem intelectuais e/ou indivíduos que constroem suas vidas fugindo da realidade. Essa fuga, justamente o vínculo entre ambos, é alicerçada numa teoria utópica (geralmente socialista ou comunista) que a estrutura, legitima e que pavimenta a construção idealizada de uma realidade abstrata na qual o mundo concreto e as pessoas reais não são o que eles veem, mas, o que gostariam de ver, como bem apontou o economista americano Thomas Sowell em seu excelente Os Intelectuais e a Sociedade (p. 182-184)”. O que fazem com tal discurso estes ideólogos militantes, muitas vezes, disfarçados de professores é atribuir todos os males sociais, políticos e econômicos do mundo a um sistema que, ao contrário do que dizem, é o único que tem sido capaz de melhorar as condições dos pobres do mundo e dar liberdade política. Fazem isto para restringir o debate a uma zona de conforto e pobreza mental, de vez que não procuram rebater argumentos e sim caracterizar o adversário político como de “direita”, “tucano”, “coxinha” e outros adjetivos que são uma fuga da realidade. Eles criam uma representação ficcional que ignora que os sistemas têm defeitos e virtudes. O pior é que, crentes neste tipo de ópio político, se acreditam de vanguarda quando são, efetivamente, o pensamento mais retrogrado e conservador do presente.
O mais grave, todavia, é que esquerdistas são, por natureza, revestidos por si mesmos de um sentido sem precedentes de superioridade moral e política. Acreditam, piamente, que transportam as grandes bandeiras da humanidade, como liberdade, igualdade e solidariedade, e que representam a vanguarda da luta contra o poder opressor mesmo quando, como agora, são os que governam e respondem pelos péssimos serviços públicos. Ocorre que, por ser a minoria do progresso humano, estão isentos de qualquer tipo de crítica, daí, que a imprensa é “imperialista”, “associada aos grandes interesses financeiros”, “`PIG” e “conspiradora”. Afinal, mesmo não sabendo o que fazer, eles estão convencidos de sua relação intrínseca com a verdade, o futuro da humanidade, o “homem novo” que pretendem fazer não se sabe quando. Por isto só apontam os culpados: imperialistas, capitalistas, fascistas, traidores, burgueses. Á repetição como farsa de velhas fórmulas de Lenin e Stalin.
O que não conseguem responder é como isto será feito, de vez que a queda do Muro de Berlim, no século passado, enterrou de vez a utopia de uma sociedade planificada na medida em que as supostas excelências dos regimes socialistas (a igualdade social, a segurança do trabalho e a moradia, o futuro brilhante do ‘socialismo real’- jamais foi visto). A triste realidade legada por este tipo de regime, e de sistema de engenharia social, é uma só, basicamente uniforme na sua materialização em que existiu (ou onde ainda sobrevive, nos casos cubano e norte-coreano): ditadura política, polícias secretas, delação dos vizinhos, controle estrito das populações, miséria econômica, quando não Gulag ou extermínio dos ‘inimigos do povo’. Defender a estatização é defender a cegueira dos que ignoraram por 70 anos, os crimeshediondos cometidos por seus líderes: Lenin, Stalin,Trotsky, Mao, Fidel. Nem querer ver os crimes deYanukovych e de Maduro. Assim como somente criticar o que Israel faz, mas, não ver os crimes da OLP, do Hamas, do Hizbollah. Esquecer o que o Sendero Luminoso, as FARC, os Montoneros, a ERP fizeram. Não ver a morte dos que tentam atravessar o mar que separa Havana da Flórida na tentativa de fugir de um regime opressivo e violento. Por isto é que Bruno Garschen tem razão quando diz que “Sempre que um anticapitalista exibir o arsenal de equívocos contra o capitalismo, tenha a certeza de que o prejudicado com a alternativa política e econômica que defende não será ele nem os seus companheiros de ideologia e/ou de partido”. Seremos todos nós brasileiros que desejamos uma vida melhor e não a participação crescente do estado em nossa realidade e nossas vidas. Não precisamos de mais estado. Precisamos é que o estado nos deixe mais livres para cuidar de nossas vidas. Pode ser que venha a existir uma alternativa real melhor do que a do mercado. Mas, nos tempos atuais e no horizonte visível, não há. E não se pode perder a liberdade em nome de uma utopia que, repetidamente, tem se mostrado frustrante, castradora e mortal. Errar é humano, mas, devemos aprender com os erros.
(*) Silvio Rodrigues Persivo Cunha, é doutor em desenvolvimento sustentável pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA da Universidade Federal do Pará e professor de Economia Internacional da UNIR – Fundação Universidade Federal de Rondônia.
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