Segunda-feira, 18 de maio de 2015 - 20h54
Silvio Persivo(*)
As manchetes já festejaram e o governo brasileiro vê quase como uma tábua de salvação a vinda do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, com mais de 200 empresários e um pacote de investimentos destinados ao Brasil estimados em 53 bilhões de dólares, que tornaria realidade alguns grandes projetos brasileiros necessitados de capital, como é o caso da Ferrovia Transoceânica, um megaprojeto de ligação ferroviária entre o Rio de Janeiro e os portos do Peru, investimentos em energia, como a linha de transmissão da usina de Belo Monte e projetos industriais, com ênfase no setor automobilístico e de máquinas e equipamentos. Bem, a própria denominação “negócios da China” já traz em si, a ideia de lucros extraordinários. A questão, quando se trata com os chineses, é de perguntar: extraordinários para quem?
Uma das características intrínsecas ao modo de atuar dos chineses, na atualidade, é a de que eles têm sido extremamente competentes na estratégia de oferecer grandes projetos de infraestrutura para outros países que, efetivamente, criam grandes oportunidades para seus investimentos, criam mercados para sua mão-de-obra e exportações, abrem maiores concessões em relação aos seus interesses e passam a exercer maior influência sobre os países que aceitam suas propostas. Não se precisa ir longe para buscar exemplos, pois, aqui do lado, temos o caso argentino que, em troca de financiamento, permitiu que a indústria chinesa inundasse o mercado argentino com centenas de trens de passageiros, vagões de carga e locomotivas, além de outros tipos de materiais, enterrando o pouco que restava da indústria local e, como dano colateral, atingindo também a indústria brasileira que seria um potencial fornecedor de componentes e equipamentos para o setor ferroviário argentino.
Assim, por mais que seja evidente a nossa necessidade de atração de investimentos e de melhoria da logística, a pergunta que não pode deixar de ser feita é: a qual custo? Se, como tudo indica e os chineses são hábeis em pedir, for com a flexibilização das regras de conteúdo nacional para a aquisição de equipamentos, será que vale a pena? Se ampliado o espaço para a participação de investidores estrangeiros nas novas concessões para projetos de infraestrutura, como os brasileiros terão condições de competir contra um investidor chinês em posição privilegiada, sendo, como é, competitivo na tecnologia, nos equipamentos e com a prerrogativa de contar com o financiamento? É preciso lembrar que, por lá, eles exigem participação dos chineses em qualquer tipo de investimento. Será que, por aqui, haverá, para os brasileiros, alguma contrapartida positiva a estes investimentos chineses? Ou, vamos perder a oportunidade de ter competitividade logística na esteira da construção de uma infraestrutura melhor? Ou, em nome do imediatismo, jogar a pá de cal na já maltratada indústria brasileira? A resposta será dada pelo governo se aceitar, ou não, a “flexibilização das regras de conteúdo nacional” e uma maior “abertura de mercado para exportações chinesas”. É preciso acentuar, parodiando o passado, que nem tudo que é bom para a China é bom para o Brasil.
(*) É doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª.
Os prováveis efeitos negativos de uma jornada menor de trabalho
Na imprensa, e entre os adeptos de soluções fáceis para os problemas sociais complexos, ganhou imenso espaço, e a adesão espantosa e, possivelmente,
Uma noite mágica do coral do IFRO
Fui assistir, neste dia 06 de novembro, o espetáculo “Entre Vozes e Versos”, que está sendo apresentado no Teatro Guaporé, os dias 5, 6 e 13, às 20h
Neste agosto, por uma série de razões, inclusive uma palestra que tive de ministrar sobre a questão da estabilidade e do desenvolvimento no Brasil,
A grande atração de agosto é o 8º aniversário do Buraco do Candiru
Agosto, mês do desgosto? Que nada! Consta que, em todas as épocas e meses, enquanto uns choram outros vendem lenços. Bem vindo agosto! Só depende de