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Silvio Persivo

O rescaldo anunciado de mais uma Copa perdida


O rescaldo anunciado de mais uma Copa perdida - Gente de Opinião

Vivemos numa época na qual os valores se inverteram e isto se demonstra, em especial, no (mau) jornalismo que se pratica e, mais do que nunca, se viu antes e depois da Copa do Mundo do Catar. É claro que, quando um time perde, se procure ver os erros. E, deve-se fazer isto, mas como forma de aprendizado e não para buscar os culpados, execrar jogadores que, algumas vezes, deram o melhor de si para ganhar. Ganhar um campeonato, uma competição passa por um punhado de coisas, porém sempre se inicia pela administração mais alta, por quem dirige e escolhe os que vão comandar os jogadores e as estratégias para fazer uma equipe vencedora. E também não se pode esquecer que se precisa de um time com bons jogadores, que joguem em conjunto, e contem com fatores tão imprevistos como uma coisa chamada sorte. Há grandes equipes, como, por exemplo, a da Holanda de Joan Cruijff ou a própria seleção brasileira de 1982, que não ganharam a copa. Jogadores excepcionais, então nem se fala. A questão central é que, hoje, não se faz mais uma análise do futebol em si. Como o próprio futebol foi fortemente mercantilizado, mundializado, não apenas nivelaram sua prática, mais pelo lado da força física do que pelo talento e a habilidade. Basta ver, e  comparar, por exemplo, com o basquetebol. A seleção norte-americana de basquetebol, o mais alto nível de basquete no mundo, é uma seleção quase imbatível, que perdeu, ao longo do tempo, muitas poucas vezes. Já a seleção brasileira de futebol, que, relativamente, deveria ter a mesma posição no esporte bretão, ao longo do tempo, perdeu tantas vezes que se perdeu a conta. Qual a grande diferença? No basquete não se perde de vista os fundamentos. No futebol não se observa isto. Há uma obsessão pelos números sim, pela posse de bola, pelo número de passes, pelos chutes a gol, todavia quantas vezes não assistimos jogadores tidos como estrelas executarem lances bisonhos por não saberem chutar ou cabecear. Nesta Copa do Catar os passes errados e os gols perdidos demonstram isto. Alguns chutes de profissionais regiamente pagos foram vergonhosos. Como vergonhosa foi a cobertura da Copa pela imprensa brasileira (e mundial também). Quantas vezes os fatos não são distorcidos e se apresentam versões estapafúrdias do que acontece? Basta ver que, insanamente, quando o Brasil ganhava era tido como imbatível. Perdeu os jogadores viraram moleques, indignos de vestir a camisa amarela. Fora as fofocas que criam, como a sobre o jantar dos jogadores num restaurante chique ou porque Neymar cumprimenta Messi isto se trata de um deboche com Mbappé. Pelo amor de Deus! Deve-se julgar o que se faz em campo. O grande erro vem do passado. Perdemos esta Copa muito antes. Tite, depois de ter perdido a última Copa e de ter perdido a Copa América havia demonstrado, sobejamente, suas limitações. Não há culpa. Há erros que não são apenas de um ou de outro.  É do conjunto da obra. Descascar Neymar é um absurdo. Ele jogou machucado. No sacrifício por desejar ganhar a Copa. Na França, os franceses reconhecem a grandeza de Mbappé e de seus companheiros. Sabem que a vitória e a derrota são do jogo. O Brasil, macunaímente, digere e cospe quem, com ou sem razão, se destaca. Aqui a mediocridade não aceita superação. Corta a cabeça de quem ousa se levantar e ter notoriedade ou opinião. Nosso futuro é caminhar sempre em busca do passado.  

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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