Quinta-feira, 21 de abril de 2011 - 18h21
A Folha de São Paulo revela que, no último ano de seu governo, Lula da Silva gastou com publicidade, na comparação em termos reais, com o último ano de Fernando Henrique nada mais, nada menos de que 60% a mais com propaganda. A percentagem, embora alta, esconde muito mais do que revela. É claro que gastar mais parece ser menos desejável, porém, sob o ponto de vista da comunicação a questão não foi apenas a de que o governo gastou mais com propaganda é também que o gasto foi muito maior eficiência e centrado na promoção pessoal de Lula e, depois de Dilma. O governo do Partido dos Trabalhadores-PT uma coisa da qual pode se gabar, sem receio de ser contestado, entre outros, não sei se méritos, é o de que foi (é) muito mais eficiente na sua propaganda. É, para parodiar, um novo tipo de galinha que cacareja antes mesmo de botar o ovo. Quem, por exemplo, é capaz de afirmar que programas prioritários do governo, como o Fome Zero, o Primeiro Emprego, o Minha Casa, Minha Vida ou até mesmo o Programa de Aceleração do Crescimento-PAC, foram um sucesso, ou, pelo menos, cumpriram 40% do prometido? Ninguém, porém, tudo por meio da propaganda é sucesso. Ou seja, é um governo que não fez o que prometeu e, no entanto, parece ter competência e, podem anotar, ela vem da propaganda intensa e maciça do governo.
A grande verdade é que o governo petista apresentou um dos traços característicos dos regimes fechados que é o de esconder e/ou manipular as informações. Muitas vezes, de modo deliberado e científico como ao pegar como referência 2002, o auge dos problemas do governo FHC, que provieram não de problemas seus e sim de que seu sucessor havia prometido que iria não só auditar a dívida pública, como também decretar sua moratória. Por isto o dólar disparou a níveis nunca vistos e os recursos externos caíram fora do país trazendo preocupação e desassossego para as autoridades monetárias. Para sorte do país quem segurava a direção do Banco Central era Armínio Fraga que, experiente, revelou-se um exímio apagador de chamas e turbulências. Depois, como no melhor estilo Stalin, se apagou todos os méritos do passado com uma propaganda compacta, eficiente e com muito maior capilaridade. Além de reforçar, por outros meios, suas relações com a TV Globo, Record e SBT o setor de comunicação do governo, por grupos não oficiais, perseguiu, implacavelmente, as vozes discordantes enquanto comprava quem se dispunha a ser comprado, de forma que, hoje, temos quase o ideal petista: uma imprensa bem comportada, sem análise de nada, quase nenhuma voz contrária e, as poucas que tem, cheias de problemas e processos ou, como Diogo Mainardi, preferiram sair do país para poder viver sossegado. Agora, com a tentativa de desmoralização do bissexto senador oposicionista Aécio Neves, Dilma já demonstra que só vai aceitar cordeirinhos. E, convenhamos, este Congresso atual é o máximo em dizer sim ao governo. O problema é que ser bom em propaganda, mandar no Congresso e manipular pesquisas não resolve os grandes problemas do país como competitividade, reforma tributária, trabalhista e política. São os cordeirinhos levados pelo pastor cego ao abismo. Ó país!
Fonte: Sílvio Persivo - silvio.persivo@gmail.com
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