Sábado, 29 de março de 2014 - 13h11
Silvio Persivo(*)
Ao contrário do que se veicula o problema maior da reeleição de Dilma não é a queda na pesquisa CNI/Ibope que, em geral, tem maior efeito apenas nas classes mais politizadas. Embora a queda da popularidade acentue os problemas e, de fato, tenha acontecido no pior momento para o governo até agora, uma boa leitura mostra que é apenas mais um sinal no ponto de inflexão de um governo que não fez o seu dever de casa. Por mais que o controle da imprensa, por meios econômicos, a propaganda intensa e a tentativa permanente de sufocar a oposição seja um traço do poder opressivo que busca se tornar único do PT, os furos no dique se acumulam e todos eles derivam da incapacidade administrativa do governo seja em relação à política econômica, ao atendimento de suas bases ou na construção da infraestrutura e oferta de serviços básicos à população.
Há uma questão insolúvel na estratégia do Partido dos Trabalhadores que é o de desejar se apresentar como um governo de “todos” quando, ostensivamente, faz sua política se baseando nas camadas economicamente mais frágeis da sociedade, ou seja, o que antes criticava, o coronelismo das antigas elites, é, hoje, a sua força. Basta verificar que foram os grotões que elegeram Dilma e não as camadas da população de maior escolaridade e renda. E, no momento, são os grotões que escapam de seu controle. Antes, porém, a situação era completamente diferente. Os grupos de menor renda não estavam, como estão agora, descontentes com o governo. Havia uma aprovação enorme de Lula, a inflação sobre controle, o crescimento da economia vendendo esperança de dias melhores e Dilma era uma desconhecida avalizada pelo otimismo que o governo trescalava.
Hoje, o panorama é outro. Além da insatisfação geral demonstrada nos movimentos de junho do ano passado, os descalabros visíveis, como os dos gastos da Copa e da Petrobras, a intervenção governamental que desestimulou os investimentos no País e a fuga até mesmo de capitais nacionais e o agravamento dos problemas das contas externas se misturam com a falta de capacidade do governo de negociar quando encontra resistência. O normal é desejar satanizar quem se antepõe aos seus desejos o que, muitas vezes, dá certo, porém, é um recurso que está se esgotando na medida em que os aliados sentem que só o são na hora de apoiar. E, para piorar, vivem sob a ameaça constante de operações policiais que acusam de serem dirigidas contra quem não se comporta conforme o figurino. Agora mesmo o senador Clésio Andrade se queixa de que, por ter assinado a CPI da Petrobras o ameaçam com retaliação via o erroneamente denominado “Mensalão de Minas”.
O problema é que o que antes funcionava não funciona mais. O governo perde ostensivamente a batalha das ideias. Seja no Facebook, nos blogs, nos jornais, nas filas, que parecem ter se multiplicado em todos os cantos, xingar o governo está se tornando o esporte favorito. É bem verdade que quase todos dirigentes e políticos, mas, Dilma está passando a ocupar um significativo lugar de destaque. E o que é mortal para as eleições, e a obtenção das assinaturas para a CPI da Petrobras sacramentou, é que, para os políticos, como para grande parte da população, ela não representa mais esperança, o que eleitoralmente é mortal. As defecções não se acumulam por acaso: os políticos sentem que os sinais indicam os caminhos da mudança.
(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª.
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