Terça-feira, 15 de outubro de 2013 - 18h05
Silvio Persivo(*)
Sou professor. Tenho, nem o sabia até o dia em que comecei por circunstâncias a ser, uma vocação inata para a profissão que sempre me orgulhou e me deu, ao longo da vida, uma imensa satisfação. Mas, reconheço que ser professor, hoje, é ser, acima de tudo, um sobrevivente, um ser que não é respeitado senão por poucos, muito poucos, não importa a contribuição que tenha dado, o que tenha feito e, pelo menos no horizonte visível, sem perspectivas. Longe de mim vim aqui destilar queixas, contar as agruras próprias, desnudar a insatisfação e, algumas vezes, o desespero de verificar que, embora os discursos enalteçam a figura, a triste realidade é a da completa desvalorização da profissão.
Neste sentido não são apenas os salários. É a completa falta de respeito que se demonstra em relação ao ensino e suas peculiaridades. No Brasil se importa, sem a menor consideração pelas condições existentes, as instituições e os padrões de primeiro mundo e pretendem avaliar os cursos por padrões ideais com uma escola em condições sórdidas, com uma sala de aula que nada avançou em duzentos anos. O professor brasileiro, mesmo o de escolas de qualidade como a USP de São Paulo, ainda exerce sua profissão como se estivesse no passado, como se não houvesse celulares, vídeos, cinema, internet e outras novidades tecnológicas que o obrigariam a criar um ambiente de ensino muito mais interessante. Muitos se queixam da ausência de interesse dos alunos, mas, como jovens imersos em padrões de tecnologia irão agüentar um mestre somente dispondo de lábia e giz por horas? Muitos de nós até conseguem o milagre de se tornar suportáveis, porém, é insuportável a quantidade de atividades que é obrigado a fazer, dentro de uma lógica produtivista de fabricação em massa que não considera a qualidade do que se realiza, mas, apenas a quantidade. Que empurra para as salas de aulas os alunos sem condições, muitas vezes, de entender o vocabulário que se utiliza. Acrescente-se que, numa sociedade onde o valor dos indivíduos se mede mais pelo consumo do que pelas qualidades das pessoas, por seus valores, ser professor é ser um profissional mal pago. Numa época em que a escolha da profissão é feita pela possibilidade de sucesso, de rendimentos altos, a profissão de professor está no estrato mais baixo das escolhas. Ser professor é quase se condenar a ser pobre, a ser um ser quase monástico. Não é à-toa que os pais, hoje, não desejam de forma alguma que seus filhos sejam professores. Professor é sinônimo de pobreza. E, muitos alunos, na sala de aula mesmo, tratam o professor como se fosse um sonhador ou um acomodado, na medida em que não compreendem como alguém sabe tanto e ganha tão pouco. De fato, é inexplicável até mesmo sob o ponto de vista econômico, de vez que quanto mais aumenta a demanda por professores mais a média dos salários, no País, baixam. O professor, hoje, efetivamente, só tem um dia de reconhecimento que este dia 15 de outubro. Neste dia, podem atestar, todos os políticos falam que é a base de desenvolvimento de qualquer país, profissão fundamental para a nação, enfim, a maravilha das maravilhas. Nos outros dias, sem a grandiloqüência dos discursos, a triste realidade é a das más condições de trabalho, dos salários baixos, do dia à dia cansativo e desgastante, do desânimo com os resultados, das queixas em reuniões que não dão em nada e, outras vezes, pior ainda as perseguições e até mesmo o espancamento por polícias militares. E assim se faz o Brasil. Ou melhor, assim, massacrando o professor, o Brasil se desfaz.
(*) É doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Núcleo de Altos Estudos Amazônicos-NAEA/UFPª e professor de Economia da Fundação Universidade Federal de Rondônia-UNIR
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