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Silvio Persivo

UM PROTAGONISTA DA HISTÓRIA DE RONDÔNIA - Por Silvio Persivo


UM PROTAGONISTA DA HISTÓRIA DE RONDÔNIA - Por Silvio Persivo  - Gente de Opinião

Silvio Persivo

Tomo conhecimento, com muito pesar, da morte de Luiz Malheiros Tourinho, o notável empresário Luiz Tourinho, não somente o responsável pela manutenção por mais de meio século do jornal Alto Madeira, mas, sem dúvida, durante, pelo menos, trinta anos um dos mais importantes empresários do Território e, depois, Estado de Rondônia. Certamente, Luiz Tourinho nunca teve, em vida, um reconhecimento à altura do enorme papel que exerceu em nossa sociedade. Ao contrário dos irmãos, que enveredaram por caminhos mais suaves, Luiz foi, ao seu modo, um gênio do mundo dos negócios e um articulador político excelente de bastidores. Como um homem que disputa poder teve seus admiradores e seus adversários e os tratou de acordo com seus interesses e grau de ferocidade que as lutas pela sobrevivência exige. Não foi um santo, claro, porém, não se pode negar sua grandeza como figura de relevo no panorama estadual. E sempre foi amigo dos seus amigos. E sempre foi um homem de princípios. Leal até mesmo com os adversários avisava do que não gostava e não negava as atitudes que tomava na defesa dos seus interesses.

UM PROTAGONISTA DA HISTÓRIA DE RONDÔNIA - Por Silvio Persivo  - Gente de Opinião

Logo cedo surgiu como uma liderança estudantil e, depois, empresarial. Teve uma passagem vitoriosa pelo Banco do Brasil que, para ele, foi uma escola e ganhou dinheiro com seguros, depois enveredando por outros negócios, de fato, criou um pequeno império que geriu com tino e sagacidade. Foi proprietário da primeira revendedora de automóveis Fiat e de uma corretora de seguros, bem como também foi proprietário do jornal O Rio Branco e da Rádio Rio Branco, no Acre, onde se formou como advogado. Um homem de larga visão, que, depois de ter sido dirigente da Associação Comercial de Porto Velho, teve o mérito de, com os empresários José Ribeiro Filho e Frederico Simon Camelo, ser um dos responsáveis direto pela criação das federações do Comércio e da Indústria de nosso Estado. Depois, por longo tempo, seria presidente da Fecomércio, como também presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, que  ajudou a fundar em nosso Estado. Incansável participou também da criação da Federação da Agricultura e Pecuária (Faperon). Entre outras coisas construiu o prédio Rio Madeira, o primeiro grande edifício privado de nossa capital e que também foi pioneiro em ter elevador. Na transformação do Território para Estado, quando o Alto Madeira, atingiu o auge como jornal estadual mais importante, exerceu um papel muito grande junto ao governador Jorge Teixeira tendo, inclusive, sido responsável pela indicação de postos importantes do governo. Também exerceu a função, no governo Raupp, de secretário de Indústria e Comércio. Foi, com o governador do Acre, Nabor Junior, iniciar com uma comitiva que foi ao Peru, convidado pelo ex-presidente Belaunde Terry, em 1983, o sonho da Saída para o Pacífico, que, depois seria uma bandeira que gerou a atual estrada Bioceânica que, liga via Assis Brasil, com o Peru e os portos do Pacífico. Recentemente lançou um livro em que defendeu a necessidade da integração latino-americana, em especial, da integração de nossa região com os países vizinhos.

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Com sua morte, certamente, nossa paisagem intelectual fica muito mais pobre e perdemos a oportunidade de ter um retrato muito preciso da história política estadual, de vez que havia prometido fazer um livro de suas memórias que, com certeza, seria muito esclarecedor de uma época política (e rica) da história mais recente do Estado. Com a morte de Luiz Tourinho fecha-se um ciclo, pois, deve ser um dos últimos remanescentes dos grandes empresários que participaram ativamente da vida pública no final do século passado. Ele foi o nosso grande empresário que se fez por si mesmo, de certa forma, embora mais diversificado, foi o nosso Assis Chateaubriand, um Chatô eclético, que formou um império e ergueu bem alto o nome da família Tourinho na região. A morte, como se sabe, é inevitável, mas, nem por isto não se pode deixar de lamentar quando morre um homem que participou e escreveu parte de nossa história. No mínimo, para ser justo, se deve dizer que morreu um grande empreendedor. E que será impossível escrever a história empresarial de nosso Estado sem considerar sua imprescindível colaboração.

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