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Gente de Opinião

Silvio Persivo

Uma opção pela esperança



Silvio Persivo (*)

Fim de ano é sempre tempo de balanços, de memórias, de planos, de retrospectivas e de previsões. O ano de 2013 não foi um ano fácil. Foi um ano surpreendente, em especial, por causa das grandes manifestações públicas de junho pelo Brasil afora, porém, mais ainda inquietador por ter deixado a descoberto os grandes problemas nacionais, como o da crescente violência, da baixa qualidade da educação, dos hospitais e universidades sucateadas, pela desindustrialização crescente do país com o aumento explosivo das exportações e, para encerrar as coisas negativas, o fato de que as ações do governo tem sido burocráticas, meras panaceias, que não atacam as raízes dos problemas nacionais.

È, por um lado, muito desalentador, principalmente, porque este parece ser um padrão mundial. Sem dúvida parece existir uma estagnação dos pensamentos, de propostas e de renovação de lideranças que torna os debates sem atração, torna todos, como se diz no Nordeste “farinha do mesmo saco”, num momento em que se pede soluções novas, inovações na forma de agir e de pensar. São muitos os que apontam o fato de que nossa sociedade não é sustentável; que, ou mudamos o sistema econômico vigente, ou caminhamos para uma catástrofe que hoje nem se consegue imaginar. Porém, a triste realidade é que não surge nada novo. Só temos mais do mesmo.

Neste fim de ano me anima, porém, um dado novo e interessante que foi mostrado por John Parker, jornalista e editor da revista britânica “The Economist”, num artigo em que ressalta que, nos últimos 50 anos, aconteceu um declínio no tamanho das famílias.  Segundo ele, no próximo ano teremos um marco desta mudança quando na Ásia, a taxa de fecundidade total cairá para 2,1.  Em 1960, a fertilidade média da Ásia era de 5,8. Isto graças a que se prevê que, na China, em 2014, será o ano em que as mulheres passarão a ter, em média, dois ou mesmo um filho apenas. É claro que isto é uma decorrência dos problemas econômicos. Não é nada fácil criar filhos, daí a queda de fecundidade ser um fenômeno mundial, mas, é mais significativa na Ásia por concentrar metade da população mundial.

Cito este tipo de dado novo como um sinal, porém, existem muitos outros, como, por exemplo, o avanço de novas técnicas de ensino à distância e a quebra de paradigmas de que a sala de aula tende a se confundir com o mundo. Estes tipos de sinais me dão a esperança de estejam acontecendo mudanças imperceptíveis,  que a hipótese da própria natureza ser mais sábia que o homem e criar sua própria homeostase, seu equilíbrio interno, me parece cada vez mais encantadora. Talvez seja só mesmo uma forma de criar esperança, de ser otimista. Mas, talvez, seja o cansaço de tantas previsões de que, em 2014, teremos mais do mesmo. E, convenhamos, no fim do ano é preciso renovar, pelo menos, a esperança.   

(*) É Doutor em Desenvolvimento Sustentável pelo NAEA/UFPª e professor de Economia da UNIR.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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