Segunda-feira, 21 de maio de 2012 - 19h45
A educação em greve
Por que há tanta greve na educação? É fácil perceber que isto ocorre porque não se valoriza a educação no Brasil de forma digna.
Pode o Brasil esperar tornar-se a quinta economia do mundo? Sem que se promova uma revolução educacional, jamais.
O que se fez da educação nas últimas décadas indica melhoras? Talvez, melhoras. Mas, longe de ser suficiente. Hoje nem se fala de uma educação libertadora, como há algum tempo. Seria suficiente que se ensinasse com qualidade o espírito científico, a razão crítica, o mínimo gosto pela leitura e reflexão.
Como não avançamos em nenhum desses sentidos, além das performances tecnológicas – há educação à distância para tudo – a educação continua à distância, sem direcionamento para a juventude.
Os chamados analfabetos funcionais estão no ensino superior, logo serão colocados no mercado de trabalho como especialistas de alguma coisa que não compreendem. Esta é uma das razões que impedirão o nosso desenvolvimento.
A economia deverá crescer até um certo ponto, com os famosos desníveis sociais e culturais. Mas, não nos levará para onde de direito. As elites continuarão se fartando mais algum tempo, ao passo que o povo será mais uma vez enganado pela educação à distância.
O que foi feito do ensino público superior, nos dois últimos governos, além da abertura de novas instituições e da explosão de vagas, não modificou as condições de trabalho docente. Sem mudanças básicas, a produção intelectual não se fortalece, a massa crítica se esvai na pequenez dos salários.
A universidade pública federal, com honrosas exceções (e me vejo assim) não passa de bico. Professores pedem o rebaixamento da dedicação exclusiva para, em outros empregos, angariarem a dignidade material. Então, como ter ciência, produção de qualidade, publicações relevantes, se o tempo de trabalho é sobrecarregado com outras tarefas mais lucrativas?
Simplesmente, não se faz ciência se é obrigado a manter dois, três empregos. Quando há tempo disponível, depois dos subempregos, o professor não tem energia, nem vontade para ler, pesquisar, escrever, pensar além do óbvio.
Cansei de ver isto em minha casa, pois minha mãe-professora, chegava em casa esgotada, estressada. Depois, vi isto se repetir comigo por algum tempo, até que consegui me filiar a uma instituição particular que, àquela época, investia em professores-pesquisadores. Só não imaginei que, prestado o concurso na Universidade Federal, fosse ameaçado novamente pelo crime contra a educação.
Quando vim para Rondônia, em concurso na UNIR, pensei que fosse me sentir mais seguro e à vontade para produzir ciência. Hoje, vejo que a quebra da dedicação exclusiva pode se tornar uma realidade para mim.
Se você pensa que tem de pagar contas e já começa a sentir a velha indignação que acompanha o comichão no pescoço, é porque a ciência já escapou de sua mente. Não sei se este governo tecnocrata sabe que não se faz ciência, sem paciência (e muito menos consciência), mas você amigo(a) leitor(a) já percebeu esta obviedade.
Os índices de aprovação do governo federal certamente são baixos, baixíssimos, entre os que sabem que a educação não pode estar à distância.
É por isso que estou em greve, desde o dia 17/05. Greve nacional!
Que os demais professores que não dependem materialmente da universidade, por favor, pensem como vivem os docentes que se dedicam exclusivamente à educação. Aliás, este é o outro lado da questão.
Enquanto os docentes do ensino público não se dedicarem exclusivamente à educação, não sairemos do lugar. O Brasil não vai a lugar algum fazendo bicos. Não há gambiarra na ciência.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto do Departamento de Ciências Jurídicas
Universidade Federal de Rondônia - UFRO
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