Quinta-feira, 24 de maio de 2012 - 19h06
Inspirados no desejo de cidadania é que escrevemos o artigo, para partilhar das preocupações que nos assomam nesta adolescência do século XXI. Não é novidade para ninguém que o planeta atravessa mais um período de transformação como tantos outros, a exemplo do fim da era dos dinossauros.
Essa transformação não deixará impune o sistema sócio-político-econômico. E dentre as tantas inquietações nos vemos envolvidos com um tema cada vez mais em ascensão: o meio ambiente! É sabido que em junho, o Brasil sediará a Rio+20, a cúpula mundial do meio ambiente e que desde já divide opiniões sobre sua eficácia. Teremos mudanças incisivas ou apenas mais alguns engodos mercantilistas?
O pesquisador Michael Löwy, entrevistado pela revista Caros Amigos, afirma que nada espera da Rio+20, tanto do ponto de vista das discussões quanto da eficácia de possíveis decisões tomadas. Estamos com o pé colado no acelerador e nos precipitamos ao abismo, diz Löwy. E é bem verdade, dado que são inúmeras as constatações de que estamos no limite e o planeta não agüenta mais. O que fazer?
Mudanças estruturais profundas no modo de produção do sistema capitalista – o que implica dizer (parafraseando Löwy) que o sistema capitalista é o grande responsável pela crise ambiental mundial. Sem transformações macro-econômicas, que envolvam o aparato da produção, não será possível frear esta corrida rumo ao abismo.
É preciso que haja uma conscientização geral de que, sem alterações profundas nas estruturas de organização estrutural, continuaremos com medidas paliativas como as que proíbem o uso da sacolinha plástica em prol de sacolas biodegradáveis, compradas pelo consumidor. Enquanto isso as empresas se utilizam do fato de minimizarem os impactos ambientais como ferramenta de puro marketing.
À população em geral cabe o exercício da cidadania, por meio de uma conscientização de que existe um problema e que todos somos responsáveis por ele. Às empresas, cabe a responsabilidade por intervir positivamente no local onde estão inseridas e partilhar dos resultados positivos do desenvolvimento do seu negócio. O empreendedor deve conscientizar todos que de algum modo participam das suas atividades, direta ou indiretamente, desde o seu menor colaborador, aos acionistas e ao público ao qual se dirige. Comprometimento necessário a fim de se repensar o modo de produzir e prestar serviços.
Cabe à organização empresarial o cumprimento de sua função social, de responsabilidade socioambiental. As medidas inerentes ao reformismo verde aceitam as regras da economia de mercado, isto é, do próprio capitalismo. Busca-se soluções que sejam aceitáveis, ou compatíveis, com os interesses de rentabilidade, lucro rápido, competitividade no mercado e crescimento ilimitado das oligarquias capitalistas.
Aliás, ainda pensando em Michael Löwy, essa é uma luta pelo ecossocialismo que começa aqui e agora, em todas as lutas sócio-ecológicas concretas que se encontram, de uma forma ou de outra, dentro do sistema capitalista.
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
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