Sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013 - 06h09
O que é conhecimento empírico?
Muito simplesmente, é aquele conhecimento em que você percebe algumas características, componentes, elementos e sujeitos presentes, atuantes e, obviamente, importantes da substância ou do acontecimento analisado. Depois, como simples mortais, até conseguimos alguma catalogação, por exemplo, isto me serve ou, ao contrário, não se aplica a mim. Quando adicionada a reflexão, o empirismo ainda é capaz de gerar um conhecimento mais articulado, compartilhado com outros. Em um exemplo infantil, após colocar o dedo na tomada e ter o choque recebido, aprendemos a não repetir o feito impensado.
Em outro exemplo, por que não passamos por ruas desertas, ermas, em horas não apropriadas? Porque, muito provavelmente, nossas mães e pais, em nossas infâncias, alertavam para o perigo do “homem do saco”. Já crescidos, a TV nos informaria nos telejornais que fulana ou beltrano foram agredidos em rua erma e escura. Enfim, aprendemos com a experiência dos outros. Aprendemos com o empirismo aplicado à vida dos outros. Nesse caso, uma experiência amarga, às vezes de efeitos irreversíveis.
Num exemplo particular, muitas vezes percebi que, na praia, após o primeiro contato com a água, cobrindo a cabeça, as narinas ficavam leves imediatamente, podia respirar com imensa facilidade e ainda com a sensação de que ingeria uma quantidade de ar muito superior ao de costume.
As últimas experiências foram em Aracati, Ceará, terra de gente muito boa, como todos na família de Dona Maria ou Mariquinha, no dizer do seu Loro José.
Enfim, por várias vezes, sentia vontade de mergulhar para prolongar o efeito.
Depois, comparativamente, não notava o mesmo na piscina. Aliás, na água doce, com o choque térmico, tinha o efeito inverso. Muitas vezes, as narinas se fechavam e até sentia certa falta de ar.
Por que isso se dava desse modo?
Não era, então, a água que provocava um e outro efeito?
Seria a maresia?
Anos depois, quase nem indo mais à praia, com o nariz tapado, como se diz, minha esposa me indicou usar soros que dilatavam e faziam milagres.
Utilizei e ainda utilizo, quando não posso ir à praia, e o efeito é milagroso mesmo.
Pois então, depois de algum tempo pensando, fiz o que não se faz regularmente, fui ler a bula do medicamento.
O que encontrei em comum ao soro, que deve custar uns cinco reais, e o mar, é uma informação óbvia, como deveria ser: há presença do sal.
A solução salina do soro tem concentração de cloreto de sódio semelhante à agua do mar.
Logo, o efeito provocado pelo soro e pela água do mar deve ser muito próximo.
E é. Faça a contraprova para ver.
O sal sempre foi muito importante na história humana, em Roma era uma forma de pagamento. Etimologicamente, o sal do rosto justifica o salário recebido. Para receber salário, tem de trabalhar e suar. O suor de cada dia, o suor do rosto é o que justifica a recompensa, a gratificação social. Sem trabalho não há suor, logo, não há salário. O salário é uma recompensa porque há o reconhecimento da sociedade pelo trabalho, pela atividade social – trabalho social – transformadora e prestada em nome de todos, para o benefício de todos.
No entanto, se você quer dar prosseguimento ao que escrevi, pode/deve procurar empirismo no dicionário comum. Neste caso, fique atento à etimologia da palavra. Etimologia é a origem, a raiz e conta parte da história da palavra. Poderá ver a trajetória do termo, como conceito, e os outros sentidos que a expressão já ganhou ao longo da história, ou seja, a etimologia indicará os usos sociais atribuídos por outros povos ao mesmo conhecimento empírico inicial. Em seguida, procure por algum dicionário especializado, como os de filosofia, cultura ou sociologia.
É muito legal conhecer, aprimorar nosso conhecimento com coisas simples, de livre acesso e que trazem facilidade aos nossos dias comuns.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto II da Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
Doutor pela Universidade de São Paulo
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