Sábado, 9 de junho de 2012 - 09h11
A empresa que no exercício de suas atividades tem o hábito de enganar, de não cumprir com sua palavra nos negócios que efetua; que trata seus clientes com desprezo; que, do mesmo modo, trata seus funcionários de maneira injusta – descumprindo, por exemplo, a legislação trabalhista – dificilmente terá um corpo funcional que seja ético.
A consciência dessas situações, consideradas imorais, e dos efeitos negativos que elas causam no mercado, tem feito com que parcela do empresariado, cada vez mais, preocupe-se com as questões éticas nas organizações empresariais. A falta de ética ocasiona perda de confiança, de créditos, de clientes, de parceiros e de lucros.
Este artigo é parte de um texto extraído de uma aula de ética empresarial e do cidadão já ministrada. Mesmo naquela ocasião, a maior dificuldade em lidar com o tema é exatamente o que a prática empresarial tem demonstrado no dia a dia de suas atividades. Há um descrédito imenso por parte dos alunos e da população em geral quando falamos sobre um comportamento moral positivo, tanto pessoal, quanto das organizações empresariais.
Exatamente porque – já se sabe, e isso é notório – a prática no mundo dos negócios é bem outra: falar de ética quando lidamos com gestão empresarial e os negócios que dela derivam é como se estivéssemos falando da combinação de água e óleo. Estamos ainda muito longe de atingirmos um patamar adequado à prática empresarial ética. Mas, estamos no caminho. Há, sim, uma luz no fim do túnel! Vejamos, por exemplo, a repercussão de uma das tantas reportagens feitas pela TV acerca de propinas pagas em hospital público.
Todos nós sabemos e, se não temos certeza, desconfiamos que essa prática de pagar propina é usual, apesar de ficarmos chocados com o que vimos. Segundo uma das negociadoras, representante de uma das empresas, pagar propina nas relações de negócios quanto a licitações é a “ética do mercado”.
Isso mesmo, a “ética do mercado” que liberais como o inglês John Locke e o francês Montesquieu se esforçaram por esclarecer, enquanto ativismo individual, econômico – “façam por si mesmos o que a vida não lhes deu de nascença!” – foi corrompida em seu significado. Portanto, isto acabaria por revelar que, quando o mercado age de forma antiética, o faz por força da anomia e da disfunção econômica ou se desvirtuando pela antinomia, enquanto subtração das próprias regras morais e jurídicas.
Corrompendo-se o sentido, pensamos que ela está correta: a ética do mercado ainda é a ética do Mal, do engodo, do levar vantagem em tudo, do desrespeito à coisa pública, da falta de pudor, de que fazemos qualquer negócio por dinheiro, a ética do lucro fácil, a ética da não-cidadania. Pensadores críticos como Karl Marx alertaram exatamente para este efeito da “ética do mercado”.
De qualquer modo, no mercado e fora dele, a ética que desejamos é aquela que revela valores morais positivos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito integral aos nossos semelhantes. Valores como a honestidade, tão em falta no Brasil.
A ética empresarial é o comportamento da empresa, pessoa jurídica, por meio dos seus representantes, pessoa física, quando ela age de acordo com princípios e valores morais positivos e as regras do bom proceder aceitas pela coletividade.
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM/Marília
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
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