Domingo, 22 de julho de 2012 - 05h33
Os grandes massacres de inocentes desarmados, como este no cinema nos EUA, é óbvio que chamam a atenção e atiçam a curiosidade. Por que um jovem abriria fogo contra outros jovens, sem nenhuma razão aparente? Há muitas explicações, algumas psicológicas. Outro dia traremos as influências da chamada razão imagética.
Hoje, vale destacar que as armas e as munições foram adquiridas legalmente, pela Internet, e com este verdadeiro arsenal – bombas de fumaça, pistolas, fuzis e escopetas – o jovem foi assistir ao lançamento do novo filme do Batman. Seria ele o Curinga? De todo modo, acirra-se o debate sobre desarmamento e este comércio bilionário da indústria armamentista.
As campanhas de desarmamento nos EUA têm duas grandes linhas de investimentos contrários: 1) a pressão da indústria de armas, com mais de 400 bilhões de dólares, sem contar o financiamento das guerras do Iraque e do Afeganistão; 2) uma vertente jurídica ultraconservadora, apoiada na Suprema Corte, que entende a defesa do cidadão contra o Estado um direito fundamental, ou seja, desde a Revolução Americana (1776) o indivíduo pode se armar para a autodefesa contra os arbítrios do Estado.
Esta vertente jurídica, no fundo, é apenas uma tentativa de legitimação das indústrias bélicas, pois, uma ação individual não faria qualquer resistência política e/ou militar significativa ao Império. Sem contar que não encontraria legitimidade e adesão política. Porém, nesta linha política de interpretação dos grandes massacres nos EUA, há um verdadeiro ícone: Timothy McVeigh. De inspiração neonazista, ex-combatente na Guerra do Golfo, detonando explosivos na frente de um prédio federal nos EUA, em 1995, matou 168 pessoas.
Outro caso típico da cultura neonazista de resistência política nos EUA ficou conhecido como Unabomber. Theodore Kaczynski é um americano com sólidos conhecimentos em reatores nucleares e que por dezessete anos mandou pacotes-bomba a universidades, centros de pesquisa, cientistas e pesquisadores. O terrorista pregava um estado de caos social, valendo-se de seus conhecimentos científicos.
Na mesma linha, cresceu muito nos EUA um movimento conhecido como “neoluditas”. O movimento está embasado nas revoltas de trabalhadores a partir de 1811, no século 19, que destruíam máquinas (mas não promoviam atentados pessoais) como sinal de protesto. Seu líder, Ned Ludd, batizaria o movimento.
Em meados do século XX, ainda que não fossem mentores de atentados políticos, autores como o argentino J.Posadas e o francês Jean Baudrillardpropunham resistir ao desenvolvimento. Acreditavam que os males humanos da modernidade eram produzidos e estimulados pelo livre curso da ciência e da tecnologia.
Este é um breve histórico da violência política no século XX, entrando agora pelo século XXI, e que tem em comum um relevo cultural em que se disfarça o domínio econômico de forças políticas reacionárias. Há um tripé político predominante: o poder econômico da indústria bélica, associado ao individualismo triunfante, tem reflexos em ações políticas de ordem neonazista.
Parecia coisa do passado, mas sem alterar este tripé que sustenta a violência política e sua estrutura econômica que se expande com a venda livre de armamentos, pode-se esperar por outros grandes massacres como este do cinema.
Na Modernidade Tardia, até a morte é complexa.
Vinício Carrilho Martinez - Professor Adjunto II (Dr.)
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
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