Quinta-feira, 28 de junho de 2012 - 15h05
Assistindo novamente o filme “400 contra um”, na telinha, outra questão chamou a atenção. Sempre que se assiste a um filme ou se lê um livro, outra vez, novas articulações vêm à mente. Além da repressão da ditadura e da virulência do Estado em criar e alimentar o banditismo no Rio de Janeiro – aliás, fato que se repetiu historicamente em São Paulo, com o PCC –, chamou a atenção o que se poderia chamar de “consciência de classe da criminalidade”.
O filme retrata aspectos da formação do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, na década de 1970. Identifica os grupos criminosos mais fortes da época e reunidos no presídio da Ilha Grande. Ali também se encontravam alguns dos presos políticos torturados pelo Estado brasileiro, após o golpe de Estado de 1964.
Coincidência ou não, estamos assistindo novos golpes na América do Sul – a bola da vez é o Paraguai. No filme, entretanto, o grupo de presos comuns e que iria, justamente, formar as bases do CV, chamavam os presos políticos de pequenos burgueses e a si próprios de “proletas”, numa irreal alusão ao proletariado.
A relação ideológica também se pode ver em cenas mais específicas, por exemplo, quando “estão na pista” (nas ruas) roubando bancos. Em outras duas ou três cenas, ainda leem ou manuseiam o livro do lendário Carlos Marighela, Manual do Guerrilheiro Urbano, morto pela ditadura em 1969.
Nos roubos a bancos, já incorporando palavras de ordem apreendidas junto aos guerrilheiros urbanos presos, dizem aos bancários que farão “expropriações”. Em seguida, alertam que não querem o dinheiro dos trabalhadores.
Esta é a questão que passou a chamar a atenção, pois em paralelo, atualmente, os criminosos não distinguem mais nada. Como nós, da sociedade civil institucionalizada e absorvida pelo sistema, não têm consciência alguma.
Este ano, sob nova onda de terrorismo, o PCC já executou dezenas de policiais militares e queimou mais de sete ônibus urbanos em São Paulo. Ameaçam repetir os feitos de 2006, quando literalmente pararam o Estado todo.
Um especialista em segurança pública contou-nos veladamente que, o comando da Polícia Militar não admite abertamente, mas, muitos desses assassinatos foram queima de arquivo. E que talvez não se repita o episódio passado porque a facção criminosa perderia muito dinheiro – o combate ao/do Estado interrompe as atividades criminosas regulares.
Em comum, há o fato de que o CV e o PCC foram criados por ação direta do Estado. Essa história, contaremos outro dia. Em todo caso, dá para assegurar que a consciência de classe sucumbiu diante do roubo armado contra o trabalhador comum, ameaçando sua vida (e a de todos) por causa de um celular.
Note-se, por fim, que esses roubos não ocorreriam se não houvesse comprador e que, via de regra, este comprador é um trabalhador (como nós) com dinheiro suficiente para comprar. O que temos em comum é uma consciência de rapina, à espera do butim coletivo, incapaz de visualizar uma história por inteiro.
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM
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