Terça-feira, 14 de agosto de 2012 - 10h03
Vinício Carrilho Martinez - Professor Adjunto II (Dr.)
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM/Marília-SP
Há muitas situações em que a crítica faz mal, nem vou me estender no gênero. Porém, há uma em especial que deve ter nossa atenção. Em ano eleitoral, quando imaginamos que a crítica política seja essencial, quando supomos que estampar todos os podres dos políticos profissionais seja o mais adequado, talvez aí se esconda o maior dos males. Este seria um caso relatado pelo ditado popular: “o inferno está cheio de boas intenções”. Neste sentido, as boas intenções são as dos críticos, pois nossas críticas deveriam alertar o eleitor para os tipos corruptos, desleais, os verdadeiros dejetos que se ocupam da política. Supomos que a crítica fará bem ao eleitor, em geral até faz, mas nos esquecemos de que a dose do remédio se tornou veneno. Com tantas críticas e de forma tão severa, o eleitor torna-se absolutamente descrente da política, a exemplo de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades [...] o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. De tanto ver apenas a crítica dirigida aos maus ou péssimos exemplos dados pelos políticos profissionais, o eleitor gradativamente deixa de acreditar nas soluções políticas, negociadas para os problemas locais e nacionais. Desse modo, desacreditando no “trabalho” dos políticos, o eleitor acaba descrente da própria política – a arte da negociação, da indução de nossa vontade no outro – e, por fim, desacredita totalmente na democracia. E, é óbvio que, descrente da democracia, buscará a solução para os seus problemas em outras relações institucionais. O que restará? Restará a procura pelo caminho da mesma corrupção que elevou a descrença na política e na democracia. Restará a fuga de quem procura a saída em ideologias e regimes não democráticos; restará a procura pelas práticas golpistas, fascistas, ditatoriais. Como vimos, a crítica em dose exagerada ou ministrada fora de contexto (ou dirigida sempre ao mesmo alvo) pode levar ao efeito degenerado do que se propunha defender inicialmente. A crítica, por força da lógica, só pode ser celebrada na democracia, pois somente neste regime vigora o princípio do contraditório, em que contradizemos determinados discursos e ações. A democracia, em essência, deve absorver as críticas dirigidas ao próprio regime político, a fim de se revigorarem os instrumentos políticos democráticos. Desse modo, a democracia substancial - e mesmo a democracia formal, aquela baseada quase que unicamente em fórmulas abstratas - deve ter força suficiente para aguentar o empuxo. Todavia, se a única crítica que conseguimos fazer é justamente a que se dirige contra a democracia ou se criticamos sempre marcando o passo, na mesma direção, contra essa ou aquela forma de representação, sem que se vislumbre algo de decente, honesto, participativo, verdadeiro, então, acabamos por dar um tiro no pé. Ao criticar demasiadamente a democracia, sem ofertar nenhuma melhoria, alternativa ou mesmo incluir nossa participação, a única instituição atingida será a democracia. Agindo desse modo, colocamos em grave risco o único regime que permite nossa crítica, participação e que julgamos proteger. Também aprendemos que, efetivamente, em política não há anjos e, portanto, na falta desses, saibamos conviver com os demônios que estão em todos nós.
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