Domingo, 7 de outubro de 2012 - 20h14
Há alguns momentos em que ainda me surpreendo com as pessoas, infelizmente na menor parte das vezes isto se dá de modo positivo. Nesta eleição ocorreu um fato corriqueiro, cotidiano, à primeira vista sem nenhuma valia para uma reflexão do leitor. Mas que, parando um segundo para analisar, indica-nos um pouco o alcance das mudanças ocorridas nos últimos tempos.
Fui resolver minha obrigação política de taxi e no caminho comentávamos a melhoria significativa do asfaltamento e o porquê de não se ter tomado essa atitude no ano passado. A vida das pessoas teria sido melhor, com mais conforto (em alguns casos, trata-se mesmo da dignidade negada) e a política seria mais sábia.
Concluímos que se trata de um problema antigo da política brasileira, aplicar os recursos no ano eleitoral, mas que isso não embala mais ninguém. As crianças já aprendem na escola que não deve ser assim. É óbvio que o taxista é alfabetizado, disse-me que lê e faz reflexões religiosas diariamente, mas não tem nível superior e não pratica a leitura de textos políticos.
O que realmente me surpreendeu foi a conversa que veio a seguir: ele me lembrou que houve uma série de ataques nesta eleição porque um dos candidatos falou mal da cidade (favela) e que o adversário de Obama, nos EUA, cometeu o mesmo erro: comparou o eleitor de Obama aos dependurados no seguro desemprego, como gente pobre, infeliz. Mas infeliz foi mesmo o Romney (não se lembrou do nome do adversário de Obama), pois iria sentir nas urnas o erro de suas palavras.
Achei perfeitas as duas colocações do Seu Evandro: 1) pode abstrair a realidade local e comparar com o fenômeno do globalismo político representado por Obama (expressão que revelaria a abrangência da política norte-americana); 2) a vitória e a derrota seriam definidas pela palavra. Em seu caso, por motivação religiosa, é claro que associa o uso da palavra para o convencimento do homem. Tanto a religião quanto a política seriam definidas pela palavra: a oratória, a vocação, a liderança que surge e se afirma ou que definha. De todo modo, na vida social, com ou sem marketing, “as palavras podem ferir mais do que armas”.
Se voltarmos às nossas origens como civilização ocidental, judaico-cristã, veremos nos gregos a clarividência de definir o homem por sua capacidade de ação (igualdade política: isonomia) e de expressar suas convicções (direito de falar: isegoria).
A expressão bíblica, cheia de simbolismo e condição humana, assegura-nos que “o verbo se fez carne”. Isto é, a pessoa que fala, que é dono de sua fala, capaz de dizer sim ou não, que articula seus pensamentos e pode se guiar por eles (do abstrato ao concreto) é um homem-mulher que está vivo – não apenas como sobrevivente, mas vivo como alguém que é atuante, como pessoa viva que interfere na sua vida e na vida dos demais.
Em casa, fiquei pensando em toda aquela associação política e pensei, por fim, que no Brasil a política é feita com competência, seriedade; só no brasil minúsculo é que se apela à simpatia e ao populismo.
A palavra, livre do cinismo, fará o brasil, Brasil.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto II da Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
Doutor pela Universidade de São Paulo
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