Sábado, 23 de junho de 2012 - 06h07
A Rio + 20, o impeachment no Paraguai, a crise econômica global e o golpe do Judiciário no Egito têm algo em comum. É a sensação de descrença nas instituições seculares que fizeram parte de nossas vidas. Diz-se que fizeram parte porque hoje são a sombra do que já foram. A insegurança global tem origens diversas, mas reflexos comuns – há uma insegurança no espírito de todos.
Esta segurança espiritual pode ser entendida de várias formas. Da metafísica-religiosa de uma procura incessante por um Deus capaz de punir os inimigos-infiéis e absolver os pecados e as culpas, à espiritualidade como regra da paz e confiança na humanidade.
A primeira versão cabe a cada um; a segunda diz respeito a todos, implica na tentativa de se harmonizar com a humanidade. O simples bom dia, em sinal de urbanidade, em que não se finge de morto e nem se tem o Outro por invisível.
É neste segundo sentido, de quem ainda acredita que a humanidade pode fazer escolhas que lhe sejam favoráveis, que vamos manter o espírito do artigo.
Necessitamos do consumo consciente, da produção que incorpore pessoas e não só tecnologia; do mesmo modo, o crescimento econômico que respeita o mundo do trabalho, não degenera a natureza e a dignidade dos trabalhadores; além da atuação profissional e não-clientelista; de uma ação política verdadeiramente pública, não-corrupta.
Portanto, ao contrário do que se pensa, os fatos que alimentam a crise de civilização têm a religião como desculpa – não são religiosos. São problemas materiais que têm a moral por justificativa.
O que ameaça a humanidade é o fato de que o homem não tem valor. Com sete bilhões de habitantes, há um exército inimaginável de almas à procura de trabalho, moradia, educação, saúde.
Como se trata de sete bilhões de seres famintos para consumir – com bem mais da metade sem ter segurança alguma –, não se vê como necessidade a defesa e a proteção do ser humano.
Vive-se o paradoxo de que a minoria degrada os níveis da humanidade para assegurar, única e exclusivamente, sua prosperidade material; enquanto a maioria procura em Deus o amparo que não tem na Terra.
O individualismo resultante leva a que cada um pense na própria segurança, seja de que forma for e se entenda por isso o que cada um quiser. A única sustentabilidade não ameaçada é a do capital e que opõe os que têm dignidade, aos que se relegam ao desespero ou fé cega em algum Deus.
Nos dois casos, o que há em comum é a necessidade de segurança e, sem a qual, desabam as certezas e as convicções na continuidade da vida: material e espiritual. O que também retoma a teologia política como um eixo da crise de civilização.
A perda de sentidos desfaz qualquer certeza e garantia, no sentimento de estranhamento, de desvinculação e desconhecimento. Mas, lembremos, a perda de sentidos material se expressa no espírito comum – fato que leva a alguns recorrerem a refúgios metafísicos. Esses efeitos combinados formam alguns dos elementos da teologia política atual.
Portanto, não é difícil ver que o sentido religioso da segurança material é muito intenso e que a crise material desregula a noção de certo e errado, do público e do privado. É deste nível de teologia política que a crise de civilização se alimenta.
Profª. Ms. Fátima Ferreira P. dos Santos
Centro Universitário/UNIVEM
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
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