Sexta-feira, 22 de março de 2013 - 10h07
Como filho de professora, sofredora, desde criança aprendi o significado da educação. Não apenas a educação que recebemos na escola – esta é importante, fundamental, porque sem conteúdo não há educação. Não adianta dizer o contrário. O formalismo não é suficiente, mas é essencial, porque sem educação formal também não há conteúdo para ser questionado. Esta relação entre conteúdo e forma (ou método) é meio óbvia, contudo, a maioria das próprias universidades está bastante atônita. Porém, refiro-me à educação como sinal do que pensamos, do que se passa em nosso íntimo interesse. O que realmente queremos, somos ou fazemos decorre dessa educação preliminar que recebemos e cultuamos ao longo da vida. Então, como filho de professora, desde criança aprendi a valorizar aqueles que mais nos valorizam. E quem são os nossos verdadeiros guias, quem são as pessoas que realmente olham por nós? Além dos próprios pais, são os professores que nos ensinam a maior parte das referências que nos acompanharão ao longo da vida. Em minha visita à Polícia Militar de Brasília, em vista pelo MEC, pude ver muitas de suas instalações e recursos técnicos. O principal, todavia, e que me fez lembrar de minha mãe e de minha própria educação, foi o contato com pessoas que não só valorizam a educação de si mesmas, buscando seu aprimoramento; mas, sobremaneira, pessoas diferenciadas porque valorizam a educação dos outros. Seria quase-natural falar isso em um ambiente acadêmico, em que as pessoas devem cursar os níveis de pós-graduação. Mas, não é todo dia em que você conhece mestres e doutores na gestão da polícia. Aliás, nem mesmo na universidade pública nós vemos um cuidado real para com a meritocracia, ou seja, de acordo com seu mérito é sua recompensa. Na Polícia Militar do Distrito Federal conheci doutores titulados na Europa e outros em vias de embarcar – em parte com recursos da própria PMDF. O Comando não ficava à espera da liberação de bolsas tipo CAPES ou CNPq para liberar seus oficiais. Na PMDF não apenas os oficiais são estimulados a estudar e progredir em sua formação geral e na perícia do dia a dia da função. Conheci cabos com doutorado e professores-militares da academia que cursavam filosofia. Isso mesmo, ao invés de temer o conhecimento como faz a maioria das nossas instituições, incluindo-se aí o Judiciário que faz calar os juízes que ousam pensar, a PMDF procura selecionar os melhores. Tanto é assim que praticamente 100 por cento da tropa tem nível superior e há cursos permanentes de pós-graduação para os policiais. Em alguns casos, a PMDF custeia esses cursos de pós-graduação. O mais interessante, ao contrário do que ouvi em São Paulo e Rondônia, ter policiais graduados, inteligentes, com formação superior, não estimula a rebeldia e a quebra da hierarquia. O que aprendi na escola pública, depois de anos também fazendo doutorado, o que quebra a hierarquia é a falsa autoridade, a ineficácia ou ilegalidade do próprio comando. A prova disso está na polícia de Brasília: a autoridade é construída com base na educação, no preparo, na meritocracia. O Comandante-Geral tem livros publicados. Em outra história real, o cabo-doutor sabe que, na ordem de comando, ele é apenas um cabo; mas sabe igualmente que, na escola de formação onde é professor, lá ele é doutor e seu comandante é apenas mestre. A educação nos ensina a razão das coisas, a ordem natural ou construída da vida pública e por isso não é preciso forçar a barra de jeito nenhum. Muitos eu conheci pessoalmente, outros ainda não. Em todo caso, penso que todos têm a mesma perspectiva de ingresso, apostar na construção da verdade ao redor de si, acreditando que sua educação é uma responsabilidade pública e que, quanto mais bem formados, melhor servirão ao interesse público. É o que penso para mim mesmo e para meus próprios alunos; tal qual vejo na memória o mesmo sonho compartilhado por todos que conheci na PMDF. Para mim, desde criança, quem investe na educação é uma pessoa de verdade, sem medo, é uma pessoa de bem porque não se esconde atrás da própria ignorância. Com esse espírito é que espero rever os amigos e amigas da educação, da verdade construída coletivamente na PMDF.
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto III da Universidade Federal de Rondônia - UFRO
Departamento de Ciências Jurídicas/DCJ
Pós-Doutor pela UNESP/SP
Doutor pela Universidade de São Paulo
O que o terrorista faz, primordialmente?Provoca terror - que se manifesta nos sentimentos primordiais, os mais antigos e soterrados da humanidade q
Os direitos fundamentais têm esse título porque são a base de outros direitos e das garantias necessárias (também fundamentais) à sua ocorrência, fr
Ensaio ideológico da burocracia
Vinício Carrilho Martinez (Dr.) Cientista Social e professor da UFSCar Márlon Pessanha Doutor em Ensino de CiênciasDocente da Universidade Federal de
O Fascismo despolitiza - o Fascismo não politiza as massas
A Política somente se efetiva na “Festa da Democracia”, na Ágora, na Polis, na praça pública ocupada e lotada pelo povo – especialmente o povo pobre