Sábado, 8 de junho de 2013 - 21h03
Quantas obras estão paradas, com a verba torrada em grande parte para financiar a corrupção e não os meios de conclusão da própria obra?
O Engenhão, no Rio de Janeiro, estádio criado no PAN-2007, só voltará a abrigar jogos em 2015. A imensa maioria dos estádios construídos ou reformados para a Copa de 2014 já consumiu uma vez e meia a mais do que o previsto em seus custos iniciais.
Rondônia não ficaria de fora do saldo desastroso que complica totalmente a vida comum do homem médio e danifica a governabilidade de quem quer que seja.
Em Porto Velho, segundo nota de Sérgio Pires no gentedeopinião, a Ponte do Rio Madeira só será entregue em 2014/2015.
Como em muitas outras obras pelo país afora, em que algum dinheiro público foi ao menos aplicado em parte, temos obras prontas-mas-não-prontas; é que falta tão pouco para acabar que praticamente acabou.
Mas, como diferem de algum interesse escuso, não ficaram prontas e não ficarão até sanar a gula de mais dinheiro público corrompido. É o caso de todos os viadutos que vão, mas não vão, no entorno de Porto Velho.
Temos muitas coisas no Brasilque devemos lamentar, além das obras prontas-mas-não-prontas, a começar da cultura da falta de vergonha.
Aliás, é uma vergonha, sem dúvida, que obras quase prontas não fiquem prontas ou que, prontas, mostrem-se inacabadas, porque houve falhas na estrutura, no projeto ou no acabamento.
Em todo caso, o pilar mesmo da vergonha nacional é estenovo conceito de estilo metafísicoem que odever-serestá sempre quase pronto; mas, claro, nem sempre pronto.
Temos agora uma vergonha nacional da falta de lógica, do bom senso que também foi roubado. Por isso, o conceito da vergonha nacional é este pronto-mas-não-pronto.
As únicas coisas prontas, realmente, são a sanha em cobrar mais impostos e a corrupção contumaz. No Brasil, pela espécie metafísica, contumaz quer dizer quanto-mais-melhor.
A aritmética é mais ou menos assim: quanto mais dinheiro público e menos uso correto, melhor. No Brasil pós-moderno, a República foi surrupiada; por isso, os recursos públicos acabam privados.
Será que todos entendem isso? – ainda que essa lógica da corrupção do Estado pelas elites seja secular e nem tão-pós-moderna-assim.
De certo modo, tudo que é meio novo pelo mundo afora, a começar das traquinagens contra o Estado e a favor do enriquecimento ilícito, évelho conhecido da cultura nacional.
Será que consegui explicar a falta de lógica da cretinice nacional? É que sofremos da lógica-não-tão-lógica-assimde que o público tem de ser privatizado – e de forma contumaz!
Vinício Carrilho Martinez
Professor Adjunto III da Universidade Federal de Rondônia - UFRO
Departamento de Ciências Jurídicas/DCJ
Pós-Doutor pela UNESP/SP
Doutor pela Universidade de São Paulo
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