Quinta-feira, 12 de julho de 2012 - 14h18
Essa história é comum a muitas outras, de gente que enfrenta o sol e as dificuldades, e sobrevive aos filhotes de coronéis. Mas também é diferente, porque é uma história que termina bem. Aliás, uma história honesta que termina bem, infelizmente, é uma exceção no Brasil – nem chega a ser uma iguaria.
A história de Dona Maria ou Mariquinha, para os infinitos amigos e conhecidos, começou há algumas décadas em Aracati - CE. Nasceu no tempo do lampião de querosene, das casas de palha de coqueiro, sapê e da alegria da criança brincando nas ruas habitadas somente por outras crianças. Nesse tempo não havia problema ambiental como hoje e os peixes de rio e do mar bem próximos não deixavam ninguém ter dor de fome. Nesse tempo, dizia-se que a fartura impedia que a vida maltratasse demais.
Também era o tempo de fazer labirinto, uma engenhosa construção manual sobre tecidos, em que se tece sobre o linho desenhado, recortado, desfiado a cada quatro pontos, depois preenchido, quando se torcem os fios, seguindo-se do “paleitão”, enchendo-se com outro tipo de fios. Ainda se faz o caseado, lava-se, estica-se o tecido e prepara-se o fim.
É uma rotina que escraviza pelos detalhes e dores físicas. Para quem vê fazer, o labirinto lembra mesmo uma arte barroca fruto do coronelismo, em que para se agradar às sinhazinhas, sacrificava-se aos escravos e pobres.
Dona Mariquinha vive em um sobrado que, se estivesse na Rua Grande, seria um dos conhecidos Casarões. No tempo antigo, todo Casarão conheceu um senhor de poder e posses. A cidade foi construída à base da escravidão. Alguns dos mocambos do passado são sobrados atualmente.
A família vive às suas proximidades, mas também conheceu os efeitos da migração para o Sudeste. A distância e o medo de avião não permitem que viaje a São Paulo, para conhecer onde mora uma das filhas.
Dona Mariquinha não terminou os estudos escolares, mas os cabelos brancos – que não pinta porque não quer – escondem a sabedoria da vida. Aquela conhecida esperteza em ver a simplicidade que provêm das coisas complexas. Na tentativa de explicar o indizível, muitas vezes a sabedoria popular reduz o complexo a seus componentes, fracionando o problema para mexer em suas partes.
As histórias contadas por Dona Mariquinha não têm fim, porque foi testemunha da história social dessa região. Tem a felicidade de narrar o drama vivido por muitos de forma leve, compreensível a qualquer um e com uma pitada de ironia.
O Estado do Ceará é conhecido por seus comediantes, mas a história social de muitos, como a de Dona Mariquinha, não é de rir, não é uma farsa, mas também não é infeliz, sem destino. Esta, como algumas poucas, é uma história feliz, porque é honesta, verdadeira, sábia na simplicidade. Pela naturalidade, é uma história que dá vontade de acompanhar, contar várias vezes.
Prof. Dr. Vinício Carrilho Martinez
Universidade Federal de Rondônia
Departamento de Ciências Jurídicas
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